quarta-feira, 15 de julho de 2015

O Jogo do Amor




   É bom entrar em campo. Em passos lentos, sentir a relva em seus pés e a atmosfera que toma conta de seu peito. Cânticos, gritos, expectativas. A apreensão de estar ali e de querer superar as adversidades. 
   Gosto de ter a bola nos pés. Deixar que as pernas flutuem e que seu coração corra incessante. Acertar os lançamentos longos, as tabelas rápidas, os dribles desconcertantes, conseguir atravessar a linha divisória e estar próximo da grande área. Muitas vezes, por afobação ou destempero, perder a bola e procurar seu espaço no território. 
    É difícil dar-se conta que não basta talento. Tem que se encharcar de suor, não temer divididas, contribuir na marcação, espichar a perna num carrinho salvador, e mesmo quando levar um gol, jamais baixar a cabeça. Ignorar o relógio, confiar na nossa alma e em quem está ao nosso lado. Não ser derrotado pelos próprios medos antes do apito final. Dedicar-se em dobro, compreender a tática e assumir o jogo. Mesmo que as vaias nos dominem e que a descrença ecoe no silêncio e em lamúrias. É encontrar o espaço, onde os outros vêem um muro. É correr quando o pulmão falha, mas o coração ainda bate. É achar o equilíbrio entre força e jeito para estufar as redes, deixando a emoção transbordar e receber o abraço como prêmio.
   E o amor é esse jogo. Nos faz rir, chorar, cair, levantar, temer, acreditar. E, independente do resultado, o melhor de tudo, é a emoção de estar no campo. Mesmo errando alguns passes, pecando na marcação. Mas deixando sempre nosso melhor e fazendo cada instante, valer a pena.

  By Cristian Ribas    

quinta-feira, 19 de março de 2015

Um Velho na Janela (poema)





Me desculpe a demora.
Sei que se passaram horas,
dias, anos,
levantaram-se ondas,
perderam-se planos,
adormeceram-se sonhos
e, ao despertar,
ainda estava lá
todas as lembranças,
num altar de crenças
tatuadas em minha alma.
Por isso,
não esqueço das datas,
da lua e suas formas,
da música e suas notas,
e da porta
que fechei
ao te deixar partir.
E pra renascer,
fingi estar cego,
apalpando em cacos
que nunca quebrei.
Me entreguei
à sabedoria do tempo
que transforma o pensamento
em algo absoluto,
simples, puro,
como uma pintura
que só a gente conhece
e nos aquece,
nos toca,
percebe
o que ainda vive
e deixa seguir seu rumo.
Esse é o amor maduro,
por mais que nos sintamos
adolescentes.
enquanto as rugas incoerentes
contam nossa história.
Agora, sigo em frente
te deixando de presente
minha memória.
E o futuro?
Será um velho na janela,
admirando a primavera
de um quarto escuro
com todas as cores
que o mundo
refletiu,
com amor,
em seus olhos.

By Cristian Ribas

terça-feira, 17 de março de 2015

As Ruas (poema)



Me deixe
ganhar as ruas,
em busca da cura
de meu desencanto.
Me deixe
soltar o grito
que anda comprimido
em meu peito
ao testemunhar
tantos desmandos.
Deixe ecoar
o meu canto
sem poesia,
pra que um dia,
tudo seja diferente.
Me deixe
ser coerente,
mesmo tão descrente
em quem toma
as decisões.
Permita reconhecer na história
todas as nossas glórias
e as lições do fracasso.
Vamos renascer
no desabafo,
na humildade
pra reconhecer o erro
e na coragem
pra encarar os fatos.
Aceite que não tenho partido,
pois sou apenas um menino
que desafia gigantes
sem carregar ódio.
Pois nos meus olhos,
ainda brilha a paz
e desejo dignidade
pra deixar
aos meus filhos.
Minha ideologia
é a bondade.
E pouco importa
se é esquerda ou direita.
Todos somos brasileiros.
O que precisamos
é de união,
conciliação
e compreensão.
Pois se não houver entendimento,
não haverá tempo
pra reencontrar o caminho.

By Cristian Ribas


quinta-feira, 5 de março de 2015

A Chave (poema)



Quantas vezes
você teve que partir
sem se despedir?
Ter que seguir
com a voz presa,
a lágrima seca
e o coração partido?
Quantas vezes
ficou dividido
entre querer
e compreender
a vontade de alguém?
Quantas vezes
abriu a mão do seu sonho
para o outro
ser mais feliz?
Quantas vezes
teve que seguir sozinho
por um caminho
completamente
desconhecido?
Quantas vezes
você se perdeu no infinito
procurando um abrigo
na solidão?
Quantas vezes
o perdão
não te acompanhou
e isso te corroeu
por dentro?
Quantas vezes
se abraçou no sofrimento
em detrimento
da humildade,
deixando a vaidade
falar mais alto
e a felicidade
se despedaçar?
Quantas vezes
seu amor foi obsessão,
transformando em prisão
um sentimento
e roubando o brilho
de seu desejo?
Quantas vezes
você se viu no espelho,
caiu de joelhos
e não se reconheceu?
E quantas vezes
o tempo
apagou teus lamentos,
te tirou
o que mais ambicionava
e mostrou
ser a maior benção
que você precisava?
Tudo é questão
de compreensão.
Ontem,
hoje,
futuro,
a fé será sempre
tua luz no escuro
e a humildade
a chave
para todas as respostas.

By Cristian Ribas

A Sina (poema)



Estou sem palavras.
Vontades vagas
em noites claras
que me perco.
Mesmo assim,
escrevo.
Antes que o fim
se torne começo
e o retrocesso
esteja avançado.
É necessário
não ficar ilhado
num continente perdido.
Sou meu próprio inimigo
e teu abrigo.
Mesmo não querendo
ser mais um amigo.
Fico contigo
pois estou
em teu vestido,
no teu decote
e utensílios.
Estou impregnado
em teus fardos,
apontando atalhos
e cortando desvios.
Pareço arredio,
revolto,
sombrio,
mas sou somente
um garoto carente
querendo atenção
como castigo.
Um soneto inacabado
que deixa de lado
o padrão
e abre o coração
pra ser teu.
E na máscara caída,
uma melodia repetida
se torna seu hino.
De desejos mundanos
e virtude divina.
E se você
não compreende
esse meu jeito indecente,
sou inocente
da minha sina.
Pois o amor não termina,
apenas sinaliza
que a vida é simples.
A gente é que complica.

By Cristian Ribas




terça-feira, 3 de março de 2015

A Trilha (poema)





Deixo os segredos
escaparem
entre os dedos
e o zelo
abrir o peito
num jogo
de mistério.
Não que eu
seja sério,
enigmático
ou profético.
Quero ser seu
remédio.
Um prêmio
para o sentido
do teu caminho.
Serei um louco
te descobrindo
aos poucos
e te devolvendo
a paz
que você me traz.
Na frase certa,
na porta aberta,
na trilha
que me leva
aos teus sonhos.
Na verdade,
já estive aí
e deixei rastros
pra você me seguir.
E tirar teu receio,
te encontrar pelo meio
e te acompanhar
até o final.
Bem ou mal,
tudo o que passou,
nos moldou,
nos fortaleceu,
nos lapidou
e nos tornou
esse milagre.
Pode parecer tarde,
mas o tempo
é uma fraude
que o coração
eterniza.
Então,
sinta a brisa
e pegue a minha mão.
Não sei o que acontecerá.
Só sei que será
verdadeiro.

By Cristian Ribas

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A Aquarela (poema)




Ainda sou capaz
de manter a paz
em tempos de tempestade.
Não que a vaidade
tenha sumido,
ou que a saudade
esteja dormindo,
mas a necessidade
de acreditar
é maior
que qualquer
lamento.
Mesmo que o momento
seja de dúvida
e a chuva
insista
na janela.
Mesmo que perdure,
a aquarela
em sua forma pura
e singela,
pintará o horizonte
com as cores
de nosso ser.
E eu, hei de aprender.
Mantendo a coerência,
apagando a inocência,
expandindo a demência
e sorrindo.
Pois a fé
ainda me mantém
de pé.
E enquanto
a tempestade não passa,
ficarei fazendo graça,
pois nunca se sabe
quem pode
se apaixonar
pelo meu sorriso.

By Cristian Ribas

Amores Imperfeitos (poema)



Sigo o desejo
de amores imperfeitos
que completam
minha sina.
Passo o café
e você não quer.
Preparo seu pão
e você prefere mamão.
Te escolho uma canção
e você troca de estação.
Procuro sua mão
e você diz "não".
Conto uma piada
e você não vê graça.
Te dou algo de valor
e você diz que errei a cor.
Faço carinho em seu cabelo
e você diz que despenteio.
Demonstro meu cansaço
e você nega o abraço.
E na hora de dormir,
tenho que partir
mesmo querendo ficar.
Por mais que eu fique
com o coração partido
ainda acredito
que tudo dará certo.
Mesmo eu sendo intenso
e você mantendo o zelo.
Mesmo eu te contando histórias
e você perdendo a memória.
O amor é uma viagem,
onde a paisagem
é tão bela
quanto o destino.
Mas é preciso coragem
pra percorrer seu caminho.
E reconhecer
que errei
quando não decifrei
teus medos.

By Cristian Ribas

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Os Cacos (poema)





Me permita
juntar os cacos
ocasionados
pelo impacto
do seu olhar.
Recomeçar
a rota,
redescobrir
a órbita,
e voar.
Mesmo que não queira
me acompanhar.
Me deixar
desnorteado,
sem saber
aonde estou.
Mas ainda sei
aonde quero
chegar.
Mesmo que amar
seja imperfeito
e meu jeito
atordoado
ainda tenha
um sorriso
pra te dar.
E por maior
que seja o cansaço,
ainda teimo
em acreditar.
Nos abraços,
nos laços
que nos envolvem
e nos prazos
que nunca vencem.
Pois sentir
é pra sempre
e um pouco além
dos nossos sentidos.

By Cristian Ribas



domingo, 22 de fevereiro de 2015

A Febre (poema)



Sinto a febre
como uma prece
de heroísmo.
Uma tese
de antagonismos,
contornos
e suspiros
que se perdem
no abismo
e encontram
a vaidade.
Na interpretação rasa
da palavra profunda,
a velha coragem
que se usa
pra se confrontar
com a cura.
Mesmo que a ignorância
seja um legado,
ainda posso
reconhecer
meus passos.
Ser .
Estar.
Permanecer.
Continuar.
Não importa
a ligação
que nos liberta
da escuridão.
Necessitamos acreditar.
Mesmo
quando a luz
se apagar,
nossa alma
eternamente
brilhará.

By Cristian Ribas



quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A Razão (poema)





Feche os olhos
e sinta meu corpo.
No apagar das luzes,
acendo os sentidos
e fico absorto,
cego em teu brilho.
Tateio os caminhos
da tua intimidade
por instinto.
Cheiro,
gosto,
contato.
Saboreio
o simples fato
de buscar o paraíso
e encontrar
teus lábios.
Perder a sensatez
ao mergulhar
na umidez
e navegar
na tua pele.
Ser conscientemente
inconsequente
e desafiar
tuas vontades.
Beber na tua fonte,
escalar teus montes
e aquecer tuas entranhas
até não saber
onde começo eu
e termina você.
Veja nos meus olhos
e entenderá a razão.
Por mais
que o tempo passe,
não há nada
que apague
a paixão.

By Cristian Ribas

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

No Teu Colo (poema)





Chego na madrugada.
Tropeçando
nos sapatos,
descarregando
os fardos,
que eu trouxe
lá de fora.
Não vou
te presentear
com as tristezas
que me deixaram,
com as mágoas
que não apagaram
e os rancores
que esqueceram
de curar.
Quero que seja
só você e eu.
Sentir teu abraço,
fechar meus olhos
e mergulhar
no teu sonho.
Ouvir
a respiração ofegante,
ficar inebriado,
delirante,
com todos os meus sentidos
ligados aos teus.
Não sei as horas,
se é noite ou dia
ou quanto tenho no banco.
Só sinto a paz,
a alegria,
essa intensa energia
que flui
em nossos corpos.
Preciso sempre
do teu abraço,
do teu amor,
do nosso laço,
que nos prende
na saudade
e que nos dá liberdade
pra sermos sempre
nós mesmos.
É por ti
que eu cresço
e me sinto criança,
sempre que estou
no teu colo.

By Cristian Ribas

Obs.: Parte integrante do meu segundo livro, "O Amante da Lua", de 2009.

O Meu Lugar (poema)




Não pode negar.
Eu conheço
o meu lugar.
É na tua camisola transparente,
na lingerie indecente,
no teu beijo ardente,
na tua pele quente,
nos nossos atos
inconsequentes,
que se encontram
no desejo.
Meu lugar
é nas tuas entranhas.
Na marca de tuas unhas,
nas nossas façanhas,
no desarrumar da cama
que fica pequena
pra um amor
infinito.
Meu lugar
é em teu ouvido.
Te dizendo bobagens,
te provocando gemidos,
te mostrando a linguagem
que só nossos corações
entendem.
Meu lugar
é na tua loucura.
Na cama,
na sala,
na chuva.
Sem vergonha
do que somos,
adiando
nossos sonos,
pois encontramos
nossos sonhos
em plena realidade.
Abandone a frieza.
Assuma com nobreza
qual é meu lugar.
Basta ver seu olhar
que me devora.
Tua pele
que aquece,
o arrepio
que te provoca
minha simples
presença.
Aceito
tuas falsas desculpas,
teus motivos sem nexo,
dizendo ser só sexo
o que transcende
a alma.
Por isso,
mantenho a calma.
E não adianta
procurar
outros deuses,
buscar
entre ausentes
o que só eu
posso te dar.
Pode fugir,
mas terá
de voltar.
Por mais
que você tente,
nada será diferente,
pois em teu coração
é o meu lugar.

By Cristian Ribas

Obs: Parte integrante do meu primeiro livro, "O Sentido dos Ventos", de 2007.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Em Você (poema)





Sei que ainda
estou em você.
Visitando
teus pensamentos,
flutuando
em teus devaneios
e me refletindo
em tudo o que vê.
Sei que tem saudades
do jeito descontraído,
do olhar
de menino,
do elogio
ao pé do ouvido
que te arrancava
gemidos
e te deixava
vontades.
Sei que passeio
em tuas fantasias,
do início da noite
até adormecer o dia,
quando a nostalgia
recria
aquele pequeno universo,
de desejos mútuos,
corpos conexos,
sonhos lúdicos
e ar rarefeito.
E quando deitar
em teu leito,
mesmo com
o destino confuso,
sentirá em teu peito
o amor
e seus efeitos.
De quem escolheu partir
mas deixou em ti
o que havia
de melhor.

By Cristian Ribas


domingo, 15 de fevereiro de 2015

Além do Tempo (poema)




Nem sempre
serei perfeito.
Adivinhando
pensamentos,
ignorando
defeitos,
tropeçando
nos gestos
e realizando
desejos.
Nem sempre
terei
a palavra certa,
deixarei
a porta aberta,
arrumarei
as cobertas
ou cobrirei
as frestas.
Nem sempre
chegarei
com flores,
curarei
tuas dores
ou descobrirei
teus temores.
Eu só sei
que estarei aqui.
Antes de chegar
ou depois de partir.
Brincando de amor
pra te ver sorrir.
Querendo aprender
nos enganos,
levantando
a poeira dos anos
e te admirando
além do tempo.
Pois amar é eterno,
desde o agora
até se perder
a memória.
E o que restará
é ser você,
uma linda parte
da minha história.

By Cristian Ribas

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Seu Abraço (poema)





Me deixe
sentir o amor
no calor
do seu abraço.
Preencher o espaço,
amarrar o laço
enquanto a noite voa
e tudo se torna
completo.
Quero ficar
à toa,
repleto,
caminhando nas nuvens
contigo perto.
Não importa
se é certo ou errado,
seco ou molhado,
santo ou pecado.
Quero guardar
meu segredo
por inteiro
em teu corpo.
Até morrer,
adormecer
e renascer.
E enquanto
a gente brinca,
tua alegria
me cativa.
No teu toque,
cheiro,
gosto,
me prendo
à tua liberdade.
E teu prazer
se torna um ponto
entre a ilusão
e a saudade.
No que sente
a pele
e transcende
a alma.

By Cristian Ribas


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Banho de Chuva (poema)




Não reclame da chuva
e da forma pura
que ela percorre
seu corpo.
Ela abençoa teus cabelos.
Toca teu pescoço,
arrepia teu colo,
brinca em teus seios,
gela tua barriga
e aquece tua alma.
Ela fantasia
na magia
do meu olhar.
Provoca
minha inveja
no modo que passeia
em tua pele.
E me fere,
por eu querer
estar
no seu lugar.
Admiro o caminho
de tuas curvas,
as formas planas,
côncavas,
uma lua
que gira
no meu céu.
E mesmo sendo réu
desse doce pecado,
quero estar
ao seu lado,
quando a chuva parar
pra poder te secar
e admirar
por inteira.

By Cristian Ribas

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

O Jogo do Amor (poema)




Coloque
meu coração
em sua coleção.
Antes que
termine o verão
e chegue
uma nova estação.
Sei que sou
um prêmio raro,
pra ficar guardado
num bom lugar
da prateleira
do recordar.
Até porque
em seu modo de amar
pode haver
várias maneiras
de se jogar.
Entre brilhos e olhares,
fugas e lugares,
encontros e vontades.
Não tenha medo
de dar as cartas
e sentar à mesa.
A coragem
é a primeira centelha
pra se conquistar
o que se quer.
Independente
do que vier,
o amor
é um número par.
E não há
nada de azar,
nos dados
que rolam o destino.
O amor é divino
em seu jogo de sorte.
Pois mesmo que termine
antes do esperado,
mais importante
que o resultado
é como se joga
e o que permanece
em nossa alma.
Afinal,
não há perdedor,
só o sabor
do amor
em nossa história.


By Cristian Ribas

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O Deserto (poema)



Estranho
lembrar de você
e não sentir
nada.
Como uma madrugada
sem estrela
ou a areia
sem mar.
Como caminhar
sem horizonte
ou cruzar uma ponte
sem rio.
Entrar na água
sem se molhar
ou não se arrepiar
com o frio.
É estranho
mergulhar no vazio.
Seguir num caminho
sem paisagem
ou uma miragem
sem delírio.
Olhar no espelho
e não se conhecer
e partir
sem se despedir.
Pois,
se o amor
virou deserto,
não será por perto
que a semente
voltará a brotar.

By Cristian Ribas

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Vias Tortas (poema)




Deixe-me parar
por um momento.
Alinhar meu pensamento
aonde você está.
Nas ruas sem nome,
nas frases sem verbo,
na solidão imensa
ou num pequeno universo.
Onde um toque é eterno
e o resto
é desnecessário.
Vou me perder
em teu fuso horário.
Chegar atrasado
e sorrir,
porque antes de partir,
te esperei
por toda a vida.
Ignorar as subidas
e descidas,
e se você estiver
distraída,
meu coração
chamará tua atenção
em cada batida.
Pois,
mais importante
que o tempo,
é a intensidade.
Do que se tem,
do que liberta
e do que não volta.
E pelas vias tortas,
sempre chegará
o inesperado.
Que tanto se deseja,
que nunca se espera
e traz seu legado.

By Cristian Ribas




quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Uma Sombra do Tempo (poema)




Não tente se enganar.
Não sorria
quando quer chorar
ou reclame
quando diz amar.
É fácil de identificar,
no falar,
no olhar,
o que não é
verdadeiro.
O amor
é se estar por inteiro,
completo,
repleto,
sendo o côncavo
e o convexo.
E não,
um complexo
jogo de palavras
pra afastar
quem realmente
te quer bem.
Nesse disfarce
de amaldiçoar
o enlace,
você perde
a felicidade,
e quem se vai
tem a liberdade
de amar.
E você se tornará
só uma sombra do tempo
que o pensamento
em breve
apagará.

By Cristian Ribas



quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

As Arestas (poema)




Sigo no páreo.
Com meu jeito ordinário,
cara de otário,
chegando no horário
enquanto o mundo
tem pressa.
Observo do fundo
como se aparam
as arestas,
o vazio entre as frestas
e as festas
que não preenchem
o espaço.
Não carrego grifes,
marcas ou ostentação.
Sou um simples coração
querendo aprender
a ser melhor,
a ignorar a dor
e não ver o pior
em cada olhar.
Não importa
o que aparento.
Vou além da porta,
do que tenho
e estou além
do seu desejo.
Não por querer
e partir.
Mas por ficar
e construir.
Minha imagem
é temporal.
Minha obra
é eterna.
E quando a solidão chegar,
o amor ainda estará lá.
Não nos cacos da embalagem.
Mas nos alicerces
da doação.

By Cristian Ribas

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Sobre o Tempo (poema)




Ainda divago
sobre o tempo.
Vagando no esquecimento,
recriando momentos,
encontrando sonhos
e perdendo o senso.
Modifico o passado
num lapso de memória.
Palavras evasivas,
pessoas perdidas
num canto da história.
E pra não passar
despercebido,
tropeço no amor
que se acumula
pelos cantos,
nos santos
que abandonam
seus milagres
e nas frases
que vendiam
a nostalgia.
E se parece sombria
erradicar a saudade,
é porque a felicidade
está logo à frente.
Entre a gente
que conversa,
dança, sorri,
na esperança
de que nada
será em vão.
Então,
se ainda há solidão,
é porque o tempo
encontrou defeitos
que só ele
pode curar.

By Cristian Ribas

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O Que Te Espera (poema)




Sei que sou limitado.
Tropeçando em erros,
sonhando acordado,
guardando segredos
querendo estar
ao seu lado.
Ainda cometo enganos.
Escorregando nas palavras,
esquecendo dos planos,
me perdendo nas datas
mas te encontrando
insano.
Nem sei se te conheço.
O formato do rosto,
o tom da pele,
a cor do cabelo
ou como são seus olhos
que brilharão
ao me ver refletido.
Sou apenas sentido.
Entre escombros e reconstruções,
amores e decepções,
frieza e emoções,
eu sou o que te espera.
Numa tarde cinza
ou numa aquarela
que a primavera desenha
e o tempo semeia
nesta terra.
Pois não existe o acaso.
Se você está lendo
pode ser o amor.
Quebrando o silêncio,
reacendendo teu peito
e te mostrando
que nada é
em vão.

By Cristian Ribas



quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Absorto (poema)




Ainda te sinto
em meu corpo.
Como um sentido
absorto
que ainda cobre
meus desejos.
Pensamentos longevos,
instantes simétricos,
reações de frente e verso
que recria o inverso
de tudo o que sinto.
Sigo sendo ação,
reação
e explosão.
Sob o olhar da paciência,
brinco com a incoerência,
pois, nesse labirinto
de amores tortos
e anseios distintos,
não há lugar
para arrependimentos.
Quero ter impresso,
na ida ou regresso,
cada momento
ao teu lado.
Mesmo que haja
algum ato falho,
nosso brilho
jamais será raro.
Ao contrário,
será denso,
intenso,
como um mar
que encontra
o rochedo
e mesmo que afunde,
precisamos navegar.
Pois a vida,
não é o que ficará,
mas tudo aquilo
que o amor
permitir
levar.

By Cristian Ribas

Além do Adormecer (poema)






Não se assuste
se pareço realista,
se o que me resta
são somente
meus sonhos.
Sou teimoso,
por acreditar
que as palavras
têm vida
e os objetos
são meros projetos
de fuga.
Não há preço,
para o olhar
que me derrete,
a pele
que arrepia
e aquece,
ou a mão
que toca
o coração
e me guia
na escuridão.
Não há como mensurar
o que nos tira o ar,
nos joga nas nuvens
e nos faz flutuar.
O concreto
se torna deserto
se o peito
não estiver
repleto.
E quando o tempo
se for
e só restar
o espelho,
espero
que se sinta
por inteira.
Pois tudo ficará
e só o amor
nos levará
além do adormecer.

By Cristian Ribas

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A Fissura (poema)




Não ouça a fissura
que ainda perdura
em seu coração.
Deixe o passado
em algum canto isolado
enquanto o perdão
faz o seu trabalho.
Não lamente as feridas
pois a vida
é muito mais sábia
que nossos desejos.
Abandone o medo
e deixe o sol
clarear teus olhos
e permita que os sonhos
te alcancem.
O amanhã
sempre será melhor
desde que aprendamos
que o ontem
foi necessário.
Não há elevador
quando o assunto
é o amor.
É uma dura lição
de degrau em degrau
que elimina o mal
e nos oferece o bem.
Então, não importa
quem te magoou,
se atrás da porta
está o que o destino
te reservou.
Muito mais belo
do que tudo aquilo
que você
idealizou.

By Cristian Ribas

O Eterno Pedido (poema)



Sinto a paz 
que descansa 
em teu corpo 
e absorve no copo, 
meus desejos. 
Como um doce lamento, 
que supera o tormento, 
de perder o fôlego 
e ficar trôpego 
em felicidade. 
Um vagar pela cidade 
e me encontrar em ti, 
no teu jeito de sorrir, 
e não admitir, 
que sem ele, 
estou perdido. 
Um eterno pedido, 
é ser seu, 
pois só assim, 
posso ser, 
tão eu.

By Cristian Ribas

Teus Lábios (poema)




Me deixe refletir
o melhor em você.
Entre um gole de café
e a troca de olhar,
antes de adormecer
e depois de sonhar,
quero apenas tentar
mergulhar em teu corpo
e me encontrar
em tua alma.
Arriscar
no desenho dos traços,
nos desembaraços
dos nós
que cansamos de dar.
Ser o vento
em teu cabelo,
a admiração
do teu espelho
que espera
você passar.
Ser o pecado
temperado
com o gosto
de tua pele.
Ser a lebre
que se transforma
em lobo
e transborda
o gozo
por gratidão.
Pois em seu coração,
não haverá mais medo.
Apenas um segredo
escrito em teus lábios.

By Cristian Ribas

sábado, 24 de janeiro de 2015

O Jogo da Vida (agradecimento)


Como é meu aniversário, nada melhor do que um comercial que fala sobre a vida e o futebol. Essa obra-prima da Coca-Cola para a Copa de 2014 faz uma analogia fantástica que nos faz mergulhar em nossa memória, destino, sonhos e legado. Nos faz pensar em todas as transformações físicas e emocionais que o tempo nos proporciona. Todas as pessoas que chegam, que vão e que ficam em nossa história.
Não há como não se emocionar!
Por isso, eu dedico esse vídeo à todos os amores que vivi e que viverei. À todos os amigos que me estenderam a mão. À todas as injustiças que cometi e que sofri, que me fizeram uma pessoa melhor. E à todas as lições que aprendi, que vivenciarei e que deixarei.
Como diz essa propaganda:
"A vida é como um jogo da Argentina. Não importa se a gente ganha ou perde. Mas que a gente deixe tudo em campo."
Beijo no coração de todos!


O Encontro (poema)



Hoje me encontro com o tempo.
Um antigo mestre
sempre em movimento.
Ouvindo lamúrias,
carregando tormentos,
guardando segredos
e espalhando lembranças.
Me acompanha
na fragilidade das crenças,
na angústia dos medos,
no arrepio dos desejos
e na alegria dos acertos.
Sempre tem a palavra certa
quando a primavera
demora a chegar.
Ou me mostra
que a paciência
é um caminho a trilhar.
E por mais
que a loucura dos dias
fuja do controle
e meu olhar negro
não compreenda o destino,
ele me consola
ao embalar meus sonhos,
mesmo que o abandono
pareça rotina.
Então, sentaremos à mesa
e deixaremos as certezas
de lado.
Vamos brindar à vida,
aos amores que ficaram,
às memórias que levaremos
e as surpresas
que encontraremos
nesta estrada.

By Cristian Ribas




sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Seu Quadro (poema)





Me perdoe
se não me vejo
em você.
Nas roupas que veste,
na hora que passa
ou nos sonhos que dorme.
Não me sinto
em tua pele.
Na boca que beija,
no ar que respira
ou na rotina
que domina
teu dia.
Teu olhar
não me reflete
num horizonte cinza
de desejo raso.
Tudo se tornou vago
ao ver que seu quadro
não tem minhas cores.
E por todas as dores
que já nos acompanharam
é melhor parar.
Se não for intenso,
nenhum momento
valerá a pena
e a vida
será mero consolo
de quem perdeu o sono
por não saber
despertar.

By Cristian Ribas

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A Casa (poema)





Vago pela casa vazia
transformando a nostalgia
em esperança.
Apago as lembranças
como um dia
que se arrasta
por teimosia.
E no silêncio,
componho
minha sinfonia.
Roupas esquecidas,
fotos sobrepostas,
a poeira que se acumula
em palavras mortas.
Enquanto
a janela se fecha,
eu abro a porta,
pela lição
do que se foi
e a intenção
do que virá.
E nessa doce melodia,
já não há
o que lamentar.
Somente agradecer.
Quem eu sou,
quem se foi
e a beleza
da certeza
do que ainda
será.

By Cristian Ribas

O Sono dos Anjos (poema)





Já me esqueci
de quantas vezes
eu morri
e insisti
em renascer.
Talvez,
por misturar
teimosia
com ironia,
quando a noite
tenta apagar o dia
e o continente
se transforma
em ilha.
Por me ajoelhar
por quem está de pé
e orar
por quem perdeu a fé.
Por olhar
além da tempestade,
das nuvens densas,
encontrando estrelas
onde julgam
ter maldade.
Por enfrentar meus demônios
enquanto os anjos
adormecem
em seus sonhos.
Por plantar no deserto
sementes duras
mas com alma pura
sem ter alguém
por perto.
Por seguir meu destino,
com mente de adulto
e coração de menino
enquanto os tolos
ficam pelo caminho,
a lua se perde
e o sol se renova.
Sigo por amor.
Pelo karma
e pela glória,
que molda
minha existência
e registra as experiências
como história.
Afinal,
tudo faz sentido.
Basta ver o infinito
refletindo
em seus olhos
o nosso brilho.

By Cristian Ribas

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Do Amor e Outros Demônios (Música)



Do Amor e Outros Demônios (Cristian Ribas)

Me mostre onde guarda os teus medos
dentro desse velho casarão
Sei que você tem seus pesadelos
ainda pode segurar a minha mão
Sei que desconfia dos teus sonhos
espera algum milagre pra viver
Foge do amor e outros demônios
e todo tempo que se perde em você
Se reflita no espelho
nunca fique de joelhos
jogue fora o desespero
pois eu sei que quer amar
Numa noite de pecados
estarei sempre ao seu lado
adormeça em meu corpo
pois eu sei que pode...
Navegar
aonde tiver mar
aonde a brisa pode te tocar
E me abraçar
quando a lua se apagar
quando tudo for
paz...


Obs: Para ouvir a música, clique no link abaixo.

domingo, 18 de janeiro de 2015

O Amor às Avessas (poema)



Não diga
que é maldição
o que teu coração
guarda
com rancor.
O ódio é o amor
às avessas.
É a pressa,
no lugar
da compreensão.
O egoísmo
no lugar
da doação.
É a obsessão
que corrompe
a paixão
e a liberdade
que se torna
a própria prisão.
O que era puro,
se envenena
e o que era seguro
sangra a alma.
O amor não chora.
Ele sorri
até mesmo
quando o desejo
vai embora.
Pois o amor
é o agora
que se eterniza
como brisa
numa tarde de verão.

By Cristian Ribas

Esses Dias (poema)



Tenho meu jeito de olhar.
Aquilo que passa pela janela,
que vaga pelas ruas,
dobra suas esquinas
e pinta sua aquarela.
Aquilo que vai até ela,
de modo cativante,
insinuante,
carregando no semblante
a alegria de encontrá-la.
Tenho meu modo de descobrir
o que te faz sorrir
numa tarde cinzenta.
De forma lenta,
ser o que você espera,
após tantos verões
e primaveras,
após tantas colisões
e quedas,
ser capaz de se reinventar,
sentir,
sonhar,
e ainda assim,
amar.
Então, me permita
te acompanhar
por esses dias
em que a noite
se torna clara
e a hora
não tem motivo
pra ir embora.


By Cristian Ribas 

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

O Lugar do Amor (poema)





Me desculpe se te acordei
com o café pronto.
O amor se escreve em atos,
supera a alergia dos gatos,
na doação do tempo,
na abrangência do zelo,
no cuidado sincero
que posso te dar.
Amar vai além das palavras.
Está nas mãos dadas
de quem caminha
na calçada.
De quem brinca na chuva,
se aquece sem blusa
ou dança na madrugada.
O amor é conto de fadas
que se constrói com esmero.
É estar atento aos detalhes,
reconhecer as dificuldades
mas não desistir.
Quando tudo parece ir,
o amor é ficar.
Estar com quem se gosta,
Mas, quando amar é liberdade,
querer também é partir.
Multiplicar,
e não, dividir.
Pois, não somos daqui.
Seguiremos adiante
e depois que o sol se levante
o amor ainda estará
aqui.

by Cristian Ribas

domingo, 11 de janeiro de 2015

A Invenção (poema)




Isso não me surpreende.
É difícil quebrar a rotina
de procurar atrás
o que está na frente.
Demoro pra entender
que tenho medo
daquilo que digo amar.
Que tenho pesadelos
com o que devia sonhar.
E, enquanto você me encanta,
com as curvas no vestido,
os olhos que me miram,
os lábios que me beijam
e o corpo que me aquece,
perco o controle,
o fôlego some
e vejo meu coração
em tuas mãos.
Eu não canto
mais a canção,
pois o refrão,
em tua voz,
se torna mais bela.
Então, me entrego.
Já não importa como será,
quando o mundo acabará
ou quantas histórias vamos contar.
Sou teu,
e te levarei sempre comigo.
Do chão ao infinito.
Pois o agora é pra sempre.
E o amanhã é uma invenção
de quem ainda não encontrou
o amor.

By Cristian Ribas


Obs: Parte integrante do livro "O Amante da Lua", de 2009.



sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Sem Pensar na Primavera (poema)





Não sei por onde começar.
Se falo das nuvens,
das pessoas,
do lugar.
Seja o balanço do vento,
o contorno das horas,
o perdido momento.
Me sinto dentro
da felicidade
que sempre desejei.
Não que eu seja conformado
com o apartamento pequeno,
o imposto atrasado,
o sofá rasgado
e o chuveiro queimado.
Me sinto feliz
por compreender o tempo,
por abandonar a esperança
e me consolidar no mérito.
Por plantar a bondade sem pressa,
por curtir o inverno
sem pensar na primavera.
Não lamento o passado.
Não questiono o futuro.
Apenas pinto o hoje
com as cores que tenho.
E em meus traços firmes,
faço meu auto-retrato.
Sem vangloriar o belo
ou condenar o feio.
Sou eu inteiro.
Vivendo os dias
na companhia
de minha fé.

By Cristian Ribas


Obs: Poema integrante do livro "O Amante da Lua", de 2009.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

A Herança (poema)





Enquanto me multiplico,
me encontre no infinito.
No meu rito de passagem,
sigo viagem
sem me importar
com o destino,
pois em seu sorriso
tudo fica mais bonito.
Levando lembranças,
deixando saudades,
aprendendo com os erros
e apreciando a paisagem.
Cada momento é raro.
No escuro profundo
ou no dia claro.
Não há tempo
para arrastar rancor
ou mergulhar em sofrimento.
Vida é o pensamento,
a extensão dos atos,
a evolução da bondade
em detrimento
do mal que ainda mora
por dentro.
E nessa eterna balança,
deixemos o egoísmo
e espalhemos esperança.
O amor é a herança
que devemos deixar
quando tudo ficar
para trás.

By Cristian Ribas