terça-feira, 30 de maio de 2017

Cada Dia (Poema)







Por que visita
meu sonho
se a realidade
me deixa
em abandono?
Me acalenta
na madrugada,
sorri
de minhas piadas
e desaparece
na minha prece
que procura por ti.
É difícil admitir
que sinto tua falta
e que me esqueci
de te esquecer.
Tento disfarçar
em meus atos,
modificar
meus passos
mas não apago
teus traços
na minha retina.
É duro compreender
que pra sobreviver
tem que se aprender
com cada dia.
E como não quero
mais perder,
me protejo 
em meu castelo
pra não mais sofrer.
Então eu deixo
que o tempo
me ensine a amar
e aceitar
o que nunca mais
irá voltar.

by Cristian Ribas

A Paisagem (Poema)










Ainda posso ver
o renascer
em seu olhar.
Na paisagem
que se torna
miragem
enquanto as águas
refletem
teu sol.
Te encontro
na calçada vazia,
na escadaria
que trazia
a nostalgia
à tua memória.
Te sinto
em cada história,
em cada glória
que esquecemos
de contar.
Então,
me dê a mão
e fique comigo
aqui no trapiche,
pois enquanto
o dia se vai
quero que fique
em meu coração.

Cristian Ribas

Rito Profano (Poema)






Como posso
te olhar
sem desejar,
te ver
sem te querer
e não sorrir
ao te refletir
em meus olhos?
Devo admitir
que preciso 
me sentir
dentro de ti
como um maremoto
em teus sonhos,
que cobre 
teus poros
e te acolhe
em abandono.
Um rito profano
que mergulha
no teu oceano
e te rouba o ar.
Que me faz 
saborear
teu respirar
em meu peito,
teu adormecer 
em meu leito
e agradecer
em silêncio
por te ter aqui
neste momento.

Cristian Ribas

domingo, 28 de maio de 2017

Relevância (Poema)







Te sigo
em meu peito
como um jeito
de não te esquecer.
Te vejo 
nas entrelinhas,
como quem caminha 
às cegas,
saindo das trevas
e procurando
tua luz.
Não tenho 
mais certeza
sobre o que 
me conduz.
Os traços de beleza,
a força da natureza
ou tua leveza
a me inspirar
coisas boas.
Ainda há nobreza
empoeirada
pelos cantos,
como cânticos
que se tornaram 
sussurros
ecoando nos muros
de nossa ignorância.
E quando a bondade
tiver relevância,
estarei aqui,
deixando as palavras
voando soltas
por aí.

by Cristian Ribas

O Atraso (Poema)








Muito prazer,
sou quem você 
esperava,
Sei que me 
imaginava diferente,
outro sorriso, 
voz e dentes,
mas enquanto
estava ausente,
você era o presente
que eu mais sonhava.
Sei que estou atrasado.
É que nossos 
atos falhos
embaçaram os olhos
e distanciaram atalhos.
Nossa teimosia
transformou os dias
em tempestades
e nossa vaidade
chamou de amores
as dores
que nos cegavam.
Agora,
deixa essa mágoa
ir embora
e me abrace.
sem demora.
E sinta
que o que aflora
é minha alma
que acorda
em teu peito.

by Cristian Ribas

As Peças (Poema)











Não tenho pressa
pra juntar as peças
que remontam
meu coração.
Prefiro a ilusão
fazendo alusão
a realidade
quando a verdade
não tem a menor
importância.
Deixo a arrogância de lado
e componho um fado
que ninguém escuta
desejando seu abraço.
Mas disfarço,
entre um gole de vinho
e um novo caminho
que passa perante 
meus sonhos.
E neste abandono,
meus olhos
ainda brilham
desconfiados.
Como um passado
que não passa
e um futuro
que nunca irá existir
e jamais sairá de mim.

by Cristian Ribas

sábado, 20 de maio de 2017

Hipnose (Poema)







Adoro esse lugar
de onde eu possa admirar
tua beleza.
No teu corpo
está minha volúpia
e na tua alma
está minha certeza.
Você reflete
minha natureza,
meu instinto faminto
e a calma corriqueira.
Você é minha pátria
sem bandeiras, 
as fronteiras
que eu invadi
e de onde
não desejo fugir.
Você é o mistério
que me cativa,
as surpresas da palavra
e a hipnose do teu sorriso.
E quando eu estiver 
amortecido, 
rasgue os tecidos
e se deixe liberta
sob a coberta
onde eu possa
te ver
mais bela.

by Cristian Ribas

terça-feira, 16 de maio de 2017

A Fuga (Poema)







Me perdoe
se enchi a cara, 
baguncei a sala
e fugi de casa.
O mundo gira
na minha cabeça
como sentença
de quem não sabe amar.
Parece fácil falar
mas congelo
quando teu olhar
me segue.
Não sei
como começar
ou como vai
terminar.
Misturo o medo
com os anseios
e deixo os erros
darem as cartas.
Pois, ao me entregar
minha vida estará
em suas mãos.
E meu coração,
ao se apaixonar,
voará no teu céu
e não saberá
aterrissar.

by Cristian Ribas

domingo, 14 de maio de 2017

Linhas Tortas (Poema)










Não suponha
que meu coração
é um refrão
de uma canção
que você não gosta.
A vida é escrita
em linhas tortas,
esperanças mortas
que renascem
sem resposta
na nossa 
ignorância.
Em cada lição,
o destino desenha
em sua mão
um novo caminho,
com um pouco
do que deseja
e com tudo
que você precisa.
E por este prisma
estou em você
muito mais 
do que imagina.
Nas noites perdidas,
nas vontades escondidas
e nas ilusões
que te entreguei
em poesia.

by Cristian Ribas

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Eu Vou Morrer






   Esses dias, via whatsapp, compartilhei um vídeo antigo do Sílvio Santos caindo dentro de um tanque d'água. A forma como ele riu, brincou, transbordou de alegria, sagacidade e carisma, naquele instante, fez com que as gargalhadas fossem inúmeras comigo e com quem recebeu. E entre tantos debates de admiração a Senor Abravanel, surgiu a seguinte indagação: como será a comoção do país quando Silvio Santos morrer? Realmente, inimaginável. E, de alguma forma, uma sutil amargura aterrizou em meus sentidos, com aquele sentimento de que, algumas pessoas, em sua genialidade, deveriam se perpetuar. O fim do Programa do Jô, Eric Clapton abandonando as turnês, Kobe Bryant sem arremessar a bola alaranjada vestindo dourado e púrpura, Han Solo sendo assassinado por um projeto de vilão ou saber que não haverá nenhuma nova história sendo delirantemente contada por Ariano Suassuna e Gabriel Garcia Marquez. E, repentinamente, uma verdade absoluta e inexpugnável lançou-se em meus olhos, de forma tão tranquila e suave, que apenas me entreguei à resignação: eu vou morrer.
     De algum modo, com a pseudo sabedoria da idade e o olhar nostálgico que, volta e meia, nos visita sem ser convidada, compreendemos subliminarmente que morremos pouco a pouco a cada dia. A cada nova tecnologia que substitui o antigo. A cada vez que nos mudamos de residência ou cidade. A cada situação que nos obriga seguir adiante: o fim da escola, da faculdade, de um relacionamento. Em cada término, algo único, inigualável, irrepetível, se extinguirá, encerrando em nosso íntimo um ciclo, uma fase, apagando uma luz que iluminava a nossa alma. 
    Confesso que já tive muitas mortes. Tantos prazeres e amores, melodias e sabores, palavras e odores, que a memória se perde em sua própria história. E, no meio disso tudo, o tempo nos ensina que a vida é a arte de saber lidar com as perdas. E no meio de cada tormento, involuntariamente, nos tornamos renascimento. O destino nos impõe sua soberana sabedoria em detrimento de nossa ridícula vaidade, nos puxa pelo braço de nossas próprias sombras e nos ilumina novamente. Com novos sorrisos, palavras, abraços e canções.
   Tenho minhas paixões. Os gatos pela sala. O violão com suas cordas enferrujadas. Os livros na estante empoeirada. As camisas de futebol espalhadas. E na imensidão do meu universo, entre mortes e renascimentos, resisto no instinto da minha essência. Enquanto minhas pernas aguentarem, chutarei uma bola. Enquanto meus pensamentos fluírem, serei poesia. Enquanto meus braços se ritmarem, tocarei minhas músicas. Enquanto eu puder amar uma mulher, em todas as suas formas, será tão íntimo, forte e intenso, como se fosse a última. Mesmo compondo o que ninguém ouve. Mesmo escrevendo o que ninguém lê. Mesmo filosofando o que ninguém entende, ainda serei paixão.
   Então, eu sei que vou morrer. Mas, até isso acontecer, sei que haverá muita vida pela frente e muita gente pra eu tocar o coração. 

      
     Cristian Ribas

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Tácito (Poema)







Me desculpe
se cheguei atrasado
pra deixar meu legado
marcado
em tua história.
Melhor apagar
esse lapso
do desejo tácito 
e recomeçar
enquanto seu olhar
ainda brilha.
Te quero agora,
sem demora,
pois essa hora
se tornará 
eternidade.
Te desnudar
com meu olhar
e devagar
te beijar
por necessidade.
Explorar 
tua vontade,
me entregar
à tua vaidade
e arrepiar
tua pele.
Me embriagar
no teu gosto,
provocar
o teu gozo
e ver em teu rosto
que te levei
ao paraíso.
E quando 
o tempo passar
saberá
o meu lugar
em tua alma.

by Cristian Ribas

Fascínio (Poema)







Vem cá
pra eu te abraçar
antes do corpo dormir
e tua alma acordar.
Estarei transparente
com meu jeito indecente
sendo inocente
por nossos pecados.
Não me condene
por querer
estar ao seu lado.
Fico calado
enquanto o mundo explode
e a rotina foge
do teu domínio.
Sou vítima 
do teu fascínio,
um cúmplice lascivo
querendo dizer
no teu ouvido
todos os prazeres
que tua pele
me provoca.
Quero agora
escrever a história
no teu íntimo.
E quando acordar
vai me guardar
eternamente
em tua memória.

by Cristian Ribas

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Flutuar (Poema)





Te espero.
Com a casa arrumada,
roupas espalhadas,
gatos pela sala,
frases misturadas
pra bagunçar
teu paladar.
Te espero
com o vinho à mesa,
a luz acesa
pra admirar 
tua beleza
quando tudo
se apagar.
Te espero
pra te desejar
toda arrumada
e te despentear
enquanto meu beijo
te rouba o ar.
Te espero
em chamas,
com tua pele molhada
sobre a cama
escrevendo poesia
na ironia
do teu corpo
absorto
a cada toque.
E ao chegar,
saberá
que esse é meu jeito
de amar
e te fazer flutuar
enquanto a noite
não tiver hora
pra nos abandonar.


Cristian Ribas

segunda-feira, 1 de maio de 2017

A Invasão (poema)




Me mostre as regras
do teu jogo
pra que eu possa
transgredi-las.
Vou cercar
teu território,
atravessar 
tua fronteira,
ignorar a diplomacia
e, ao desbravar
tua geografia,
vou invadi-la
de forma abrupta 
e lasciva,
espalhando ousadia
pelos teus poros.
Vou colonizar
teu corpo
até transbordar
tua alma
usando as armas
do meu arsenal.
Te deixarei surpresa,
indefesa,
derrubando a certeza
de seus enganos.
E quando você
se render
ao prazer
da invasão,
vou te entregar
meu coração 
em paz
no amanhecer
de meus braços.

by Cristian Ribas