sábado, 30 de setembro de 2017

Uma Dança (Poema)








Você quer dançar,
enquanto o dia vai
e a noite cai
em nosso horizonte?
Dançar
enquanto a luz
se esconde
e você brilha
em meu olhar?
Vamos dançar,
sem tempo,
hora ou lugar,
enquanto o amor
for capaz
de nos tocar.
Vamos dançar
mesmo quando
a música acabar,
quando a terra parar
e só você
girar.
Vamos dançar
enquanto sentirmos
a melodia dos corpos,
a sintonia dos passos
e você estiver
em meus braços.
E quando 
tudo se for,
você saberá
que o amor
veio pra ficar
além do raiar 
do sol.

Cristian Ribas

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Inconsciência (Poema)








Tenho a mania
de despertar
sem te encontrar
ao meu lado.
Fico no vazio
do abraço,
contemplando 
o espaço
que pede
tua presença.
Na inconsciência,
encontro a resposta
nas curvas
de tuas formas,
na voz rouca
que provoca
e sufoca
os sentidos.
Te desejo
como abrigo
enquanto fingimos
o que os instintos
exalam.
E enquanto
os sonhos vagam,
me declaro
em silêncio,
no segredo
de teus lábios.

Cristian Ribas

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Santos e Profanos (Poema)








O que esconde 
nesse olhar, 
que tem 
esse dom 
de cativar 
meus sentidos? 
O que guarda 
em teu peito 
e que não há jeito 
de descobrir? 
O que se passa 
na tua cabeça, 
a cada sentença 
de minha devoção? 
O que prende 
teu coração, 
que não abre 
espaço 
pra minha 
admiração? 
Quais mistérios 
passeiam 
em suas curvas, 
prazeres 
que você esconde 
sob a blusa 
e que brisa 
arrepia teu corpo? 
Te admiro absorto, 
calado, 
entre sonhos 
e pecados, 
desejando teus lábios 
santos e profanos. 

Cristian Ribas 

domingo, 24 de setembro de 2017

Me Toque (Poema)







Me toque
além do tempo,
no sopro do vento
como instrumento
de teu desejo.
Me toque
sutilmente,
de forma lenta
e surpreendente,
no ritmo das vontades
que tua intimidade
transborda.
Me toque
com sensualidade,
gana e intensidade,
onde a melodia
te invade
na simetria lasciva
da pele
que se encaixa.
Me toque
sem pudor,
receio ou temor,
do jeito que for,
pois só o amor
pode sentir
o quanto estou
dentro de ti.

Cristian Ribas

Manhã Cinza (Poema)








Há algo
em seu olhar
que me faz
imaginar
o quanto a vida
gosta
de me encantar.
Nessa manhã cinza,
de ruas vazias
e passos apressados,
te admiro
cada vez mais linda
ao meu lado.
Sei que é só
um breve momento,
de ponteiros atrasados
e lapsos do tempo,
mas brinco 
em seu cabelo
e roubo teu cheiro
pra perfumar
minha alma.
Desconheço
a melhor forma
de ser grato
pelo amor
e seus pecados,
mas percorro
o caminho do teu corpo
e adormeço
em seus atalhos.
E num ato falho,
renasço
ao te ver partir,
sabendo 
que ficará aqui
pra sempre.

Cristian Ribas

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Desobediente (Poema)







Gosto do vinho
como caminho
até teus lábios,
como atalho
de um coração
desencontrado
guiado
por teus encantos.
Adoro o beijo
devagar
na intimidade
do teu olhar,
explorar 
teu jeito
de me jogar
em teus seios
e me empurrar
até teu ventre.
Perceber 
teu tremor
ao brincar de amor
entre tuas pernas
e você implorar
para que eu entre.
E na teimosia,
fico na ironia
de te enlouquecer
desobediente.
Com meu sorriso indecente
e o desejo latente
no prazer
da minha ousadia.

Cristian Ribas

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Atemporal (Poema)









Não posso 
ser ateu
ao te ver
tão bela
novamente
pela primeira vez.
Morri
ao renascer
sem perceber
que tuas pernas
sonharam
em abrir
a primavera
que te plantei.
Foi no mês que vem
que acordarei
dormindo
em tua alma
na falta
que teu fogo
apagaria.
Eu brinquei
com a ironia
de que um dia
sou teu.
Você não percebeu
que eu já estava
na hora marcada
que nunca chegava,
naquela estrada
que teu corpo pereceu
enquanto gozava.
Não estava confusa
quando sua blusa
deixará nua
o que sempre 
foi meu.
Não importa o tempo,
seu futuro
de pretérito imperfeito
que me levou
onde em você
eu já estava.
Sou atemporal,
no amor animal
que teu Deus
nos deu
por redenção.

Cristian Ribas

P.S.: Poema escrito ao som de "Foi no Mês Que Vem", de Vitor Ramil

domingo, 17 de setembro de 2017

Doce Antídoto (Poema)







Não tenho nada
pra te dar,
além do meu olhar,
meu lugar
e minha alma.
Nesses tempos
de tempestade,
ainda sou calma
na calamidade,
sou asas
sobre a cidade
que se perde
em vaidade.
As contas
não estão pagas,
meus objetos
não valem nada,
mas entre sombras
sou uma luz clara
que teima
em não apagar.
Se tudo parece
sem sentido,
vem me abraçar
que te sirvo
de abrigo.
Sou amante,
um amigo,
um doce antídoto
que cura
de forma pura
teus medos.

Cristian Ribas

sábado, 16 de setembro de 2017

Livre (Poema)








Não posso mudar
como teu olhar
me provoca
e nem apagar
a palavra
que sai 
da tua boca
e me machuca.
Melhor calar
com um beijo 
inconsequente
antes que a gente
esqueça
o que realmente
importa.
O amor é reto
enquanto andamos
em linhas tortas
e fechamos as portas
que deveríamos abrir.
Vem me abraçar
pra pôr o mundo
em seu lugar,
aparar as arestas
e cicatrizar
as feridas
que deixamos
abertas.
E quando o dia
partir,
te farei sorrir
e voar livre
no amor
que me prende
aqui.

Cristian Ribas

Ares de Milonga (Poema)









Mantenho a esperança
nessa dança
do tango
dos guarda-chuvas
pelas ruas
da capital.
Um rito natural
de passos acelerados,
pés molhados
e corações secos
que correm
pelo labirinto dos medos
pra se encontrar
no lugar
de onde partiram.
Observo pela janela
essa aquarela gris
de matiz insana
e almas coloridas,
de longos caminhos
e breves despedidas
que partem
sem me conhecer.
Fique para um café
numa tarde qualquer
enquanto os dias fogem
e fazemos história.
Fique pra uma conversa
sem promessas,
de risos leves,
biscoitos doces
sonhos recheados
e mil folhas.
Fique por ficar
sem se importar
com o que
ganhará em troca.
Apenas fique
e me abrace
sob a chuva
sem demora,
nesse tango sem hora
com ares de milonga
que o amor teima
em dançar.

Cristian Ribas

P.S.: Poema inspirado pela canção "Ramilonga", de Vitor Ramil.

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Formalidades (Poema)










Não repare
se pareço distraído
ignorando os ritos
de convivência.
Estou preso
em teus encantos
e viajando
em indecências
que te desejam
sem clemência.
Poderíamos falar
sobre o clima, o ar, 
um agradável papo de bar,
mas poderíamos pular
essas formalidades
para eu te amar
de verdade?
Pra que conversar
sobre política e educação,
teorias e religião,
se o que mais quero
são minhas mãos
te despindo,
beijos invasivos
e teu gozo infinito?
Quero tua pele nua,
passear em tuas curvas
e mergulhar
sem parar
até transbordar
o teu mar.
Quero transpirar
em teus poros,
ser tua dor
e socorro,
o paraíso trêmulo
do nosso prazer. 
E quando saciarmos,
rirmos e adormecermos,
vou te despertar
com meu olhar
enamorado,
o café servido
e o beijo 
que você havia
esperado.

Cristian Ribas