terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Marginal (poema)



Desculpe se ignorei a noite quando o horizonte se apagou. Não sou  mais o mesmo, escrevendo canções das perfeições em seus defeitos e do seu jeito de iluminar as madrugadas. Não sou  aquele cara que vaga pela sala enquanto dança em seus pensamentos regendo os sentimentos  que teu corpo ainda exala. Mas ainda sou o amor pelos becos,  a paixão dos incertos,  o beijo em atropelos e a respiração ofegante do desejo marginal. Não faz mal o medo carnal do prazer de meus atos,  pois o fato é que meu retrato não se apaga na falha de teus pecados que me deixaram partir e me eternizar em ti. Cristian Ribas

domingo, 29 de janeiro de 2017

Desígnios (poema)




Não vou fazer
um discurso
que mude o curso
de nosso ser,
por mais absurdo
que possa parecer
esse meu jeito
de te querer.
Vou me calar
e te admirar,
te desejar
e abandonar,
mesmo se você
não notar.
Vou ignorar
teus princípios,
coroar teus vícios
e nos salvar
dos desígnios
que irão nos afastar.
E quando me perdoar,
será tarde demais
pra recuperar
o que não volta mais.

by Cristian Ribas

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

De Passagem (poema)




Não há vantagem
de ficar à margem
nessa viagem.
Estou de passagem,
como uma miragem
que deixa seu melhor
e leva seu amor
na bagagem.
Um ignorante maldito
que foi banido
por ter dito
insanidades,
e que com o tempo,
deixa de ser bandido
e se torna bendito,
destemido,
um louco ungido
que previu um destino
que poderia ser evitado.
Mas tudo é perdoado
a seu momento,
na compreensão do advento
e na cura
do que há por dentro.
E a vida segue,
leve e breve,
mesmo que carregue
seus remorsos.


Cristian Ribas

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Tuas Águas (poema)




Te entrego
minha nudez
como ato de lucidez
dos meus instintos.
Sinto teu toque
como a embriaguez
de meus sentidos
e a nitidez
de tua pele
no passeio dos gemidos.
Sou ungido
por me banhar
no teu íntimo,
navegar no teu mar
e saborear
tuas águas.
E enquanto 
o tempo vaga
na loucura das horas,
fico em paz
em tuas curvas
quando tudo para
e esquecemos 
o mundo lá fora.

by Cristian Ribas

A Criação (poema)



Vou te escrever
e te abandonar,
te deixar
num lugar
onde possa
te admirar
e não mais
te alcançar.
Vou te dar
a minha essência
e te colocar
na mesma freqüência
dos corações capazes 
de te interpretar.
Te libertar
da minha solidão
e te permitir vagar
pela imensidão
até se chocar
com a compreensão
de quem for
te valorizar
e te guardar
como recordação.
E desejar
que você provoque
a mesma emoção
que eu tive
ao te criar.

by Cristian Ribas

domingo, 15 de janeiro de 2017

A Brincadeira (poema)




Vamos brincar
de não deixar
o tempo passar.
Vamos esconder o relógio,
enganar o horário,
rasgar o calendário
e entupir a ampulheta.
Vamos pegar a caneta
e rasurar a agenda,
tirando as datas
de cada folha.
Vamos soprar as bolhas,
flutuar em folhas
que pairam
em nossos pensamentos.
E quando tudo for
apenas sentimentos,
será o momento,
que cada abraço
será eterno.

by Cristian Ribas

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Trem Estelar (poema)





Não tenho certeza
pra onde te levar.
Só sei
que quero te acompanhar
navegando em teu mar
ou num trem estelar,
refletindo coisas belas
em seu olhar.
Quero te tocar sem pressa,
te admirar pelas frestas
e despertar contigo.
Cochichar em teu ouvido
meu desejo proibido
e te arrancar risos
de minhas besteiras.
Quero revirar tua cama
em plena segunda-feira,
te distrair com asneiras
e ser teu porto seguro.
E quando mundo
reescrever o futuro,
serei teu presente.
Nas crenças que se perdem
e tudo que se eternizou
na gente.

by Cristian Ribas

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Tua Represa (poema)




Não duvide
dos meus planos
de arrancar teus panos
da forma mais sublime
enquanto insiste
a me ignorar
por aparência.
Não pense
que é indecência
me ajoelhar à tua beleza
e beber na tua essência.
Quero teu orvalho,
vulgarizar teu vocabulário,
ouvir teus absurdos
quando toco o mais fundo
que você já sentiu.
Quero quebrar
tua represa
e fazer correr teu rio
a cada novo arrepio
que te provoco.
E enquanto estiver esgotada,
com o melhor dos sorrisos,
serei teu abrigo,
teu paraíso
até adormecer.


by Cristian Ribas 

Outra História (poema)




Estou perdendo a memória,
dentro de uma insônia
de sonhos vivos,
que ficaram partidos
ao adormecer.
Não há
como acordar
e reviver,
apagar
e redesenhar,
o que já foi traçado.
Em atos vagos,
te vejo num passado
tão distante e sombreado
que não alcançam
meus passos.
E no caminho presente,
te encontro entre ausentes,
em medos inconseqüentes
descritas em outra história,
na ignorância
de quem não ama
a si própria.

by Cristian Ribas

domingo, 8 de janeiro de 2017

Catarse (poema)




Deixo escapar a frase,
num desenho sem alarde
da catarse
que me prende
em teus sentidos.
Abandonei o temporal
do teu abrigo
e me tornei inimigo
do meu próprio ego.
A ausência
de tuas palavras
me preenche
com o eco 
dos teus atos.
E nos fatos
que se sobrepõem
à gratidão,
reconheço o valor
do meu coração
e que nenhuma dor
pode corrompê-lo.
Enquanto você
se entrega ao medo,
deixarei o zelo
pra encarar a realidade.
E a verdade,
é que estou purificado
do que parecia amor
mas era tão somente
tua solidão.

by Cristian Ribas

sábado, 7 de janeiro de 2017

Tua Caverna (poema)




Não consigo te resgatar
da tua caverna
e das pedras
que te prendem.
Está na sua frente,
a resposta latente,
límpida e coerente,
que você insiste ignorar.
É confortável
fechar os olhos,
desenhar sonhos
pra não ver a realidade.
Mas será inevitável
confrontar a adversidade,
aprender com a humildade
e seguir adiante.
Então, se as sombras 
te cobrem 
e a luz te cega,
vou embora.
Ficarei lá fora
com o sol em meu rosto,
seguindo meu destino
desejando te encontrar 
pelo caminho.

by Cristian Ribas

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Panaceia (poema)




Ando sem ideias,
vítima da odisseia
do isolamento dos dias.
Vejo a rebeldia
se entregar
à melancolia,
observando a rotina
e seu imenso labirinto.
Deixo o que sinto
guardado em algum canto
até passarem os anos
e tudo fazer sentido.
E nessa ausência de heroísmo,
você é minha panaceia,
é a bondade em minhas veias
e o amor em minhas entranhas.
É o ânimo pra cada façanha,
a coragem da paciência
e a luz da crença.
Pois mesmo 
sem sua presença,
a tua essência
é a esperança
de que nada 
será em vão.

by Cristian Ribas

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Fendas (poema)







Me desculpe
se não lembro 
de você.
Se meu olhar,
ao te ver,
não se ilumina
ou se minha pele,
perto da sua,
não arrepia.
Me perdoa,
se a lembrança voa
e te encontra
sem brilho.
O sentimento 
saiu dos trilhos
e caiu num precipício
onde não foi resgatado.
Lamento pelo gelo
que congelou meu peito
a seu respeito.
E por mais 
que eu me defenda,
você sempre encontra fendas
e me deixa vulnerável.
É porque
te amei demais,
pra voltar atrás
e sair machucado
novamente.

by Cristian Ribas

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Aconchego (poema)



Não precisa conversar.
Apenas venha me abraçar
enquanto a noite 
não tem pressa.
Ignore meus defeitos
e me aconchegue
com teu jeito,
tirando do meu peito
qualquer mágoa.
Me abençoe
com a dádiva
do teu colo,
onde as lástimas
caem ao solo
e me enfeitiço
com teu cheiro.
Me deixe invadir
o teu segredo,
superar 
os teus anseios
e saciar 
qualquer desejo.
Não diga nada.
Apenas entre pela sala
enquanto meu corpo fala
dentro de ti.

by Cristian Ribas.

Descrição (poema)




Não posso descrever
quem é você
perante meus olhos.
Melhor senti-la,
como uma vida
que me abraça,
me absolve
e me acalma.
Ou como um sonho,
que se acorda aos poucos
e não se quer despertar.
É te admirar calado,
ficando de lado,
enquanto o caminho
desafia nossos destinos.
E sem saber
te desenhar,
vou deixar
minha imaginação livre.
Pois quando partir
sem se despedir
ela saberá
onde te encontrar.

by Cristian Ribas

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Subserviência (poema)




Não vou tentar
disfarçar
o meu olhar
ao seu cruzar
de pernas
ou ignorar
suas curvas
na forma abrupta
que derretem 
meus sentidos.
Vou desejar
tudo aquilo
que ele revela
e me entregar
sem resistência
a seus jogos 
de subserviência.
Você sabe desafiar
minha eloquência
e aflorar 
minha indecência
com um simples gesto.
Não há penitência
ao me hipnotizar
com seu mexer de cabelos,
lábios mordidos
ou seu enigmático gemido.
Não sei 
se sou herói ou bandido,
ou se serei banido
do seu paraíso.
Pois teu amor é bendito,
ao te tocar
e mergulhar
no teu prazer infinito.

by Cristian Ribas

Reconstrução (poema)





Não sei o que dizer
sobre o que restou em mim
e o que se foi em você.
Talvez, não seja necessário
mais escrever
sobre meu jeito ordinário
de te querer.
Apenas compreender
que não há mais tempo
pra termos medo
ou ficarmos com receio
do que existiu.
O que era inteiro
se partiu.
O que era irretocável
nos feriu.
E enquanto ignoramos
nossos demônios,
o mundo segue girando
e nos deixando atônitos
por ignorar a realidade
quando a necessidade
é tão somente
coragem.
Então, só nos resta 
a reconstrução
e reencontrar a velha paixão
por nós mesmos.

by Cristian Ribas