quarta-feira, 15 de julho de 2015

O Jogo do Amor




   É bom entrar em campo. Em passos lentos, sentir a relva em seus pés e a atmosfera que toma conta de seu peito. Cânticos, gritos, expectativas. A apreensão de estar ali e de querer superar as adversidades. 
   Gosto de ter a bola nos pés. Deixar que as pernas flutuem e que seu coração corra incessante. Acertar os lançamentos longos, as tabelas rápidas, os dribles desconcertantes, conseguir atravessar a linha divisória e estar próximo da grande área. Muitas vezes, por afobação ou destempero, perder a bola e procurar seu espaço no território. 
    É difícil dar-se conta que não basta talento. Tem que se encharcar de suor, não temer divididas, contribuir na marcação, espichar a perna num carrinho salvador, e mesmo quando levar um gol, jamais baixar a cabeça. Ignorar o relógio, confiar na nossa alma e em quem está ao nosso lado. Não ser derrotado pelos próprios medos antes do apito final. Dedicar-se em dobro, compreender a tática e assumir o jogo. Mesmo que as vaias nos dominem e que a descrença ecoe no silêncio e em lamúrias. É encontrar o espaço, onde os outros vêem um muro. É correr quando o pulmão falha, mas o coração ainda bate. É achar o equilíbrio entre força e jeito para estufar as redes, deixando a emoção transbordar e receber o abraço como prêmio.
   E o amor é esse jogo. Nos faz rir, chorar, cair, levantar, temer, acreditar. E, independente do resultado, o melhor de tudo, é a emoção de estar no campo. Mesmo errando alguns passes, pecando na marcação. Mas deixando sempre nosso melhor e fazendo cada instante, valer a pena.

  By Cristian Ribas