quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Chape, Para a Eternidade






   Sou um apaixonado por futebol e história. Apaixonado por futebol e suas histórias. Pra quem não acredita, tenho uma coleção de mais de 300 times de futebol de botão, muitas camisas históricas e cachecóis de clubes pendurados na sala. E no meio dessa paixão intensa por esse esporte bretão, considerado por muitos, uma das maiores invenções da humanidade, me torno nessa semana órfão das palavras.
   De vez em quando, temos tanto a dizer sobre alguma coisa, que o objetivo se perde, o sentido não encaixa, a palavra escapa, a poesia perde a rima, e você fica em silêncio, somente com esse sentimento de tristeza, um vazio absurdo que testa nossa capacidade de compreensão e resignação. E vejo o noticiário, as mensagens, as declarações, e percebo que não sou o único no mundo.
   O futebol e sua paixão, sempre tiveram a capacidade única de mexer com as nossas emoções. O grito, o choro, o delírio, a alegria. É tão intenso cada sentimento que esse esporte nos transmite, que acabamos dando a ele, muitas vezes, uma supervalorização, superdimensionamos, colocando como uma das coisas mais importantes na nossa existência. Uma filosofia. Uma religião. Talvez, porque o futebol, nas quatro linhas, seja um reflexo da vida. Na luta, na batalha, no talento, na evolução, na entrega, na injustiça, na vitória, na superação da derrota, na oportunidade perdida, no herói, no vilão, na transpiração e na crença dos milagres até o último instante. E esse negócio chamado "Pé na Bola" é tão fantástico, que ele mesmo nos ensina que seu jogo é apenas um esporte, uma brincadeira, que família, amigos, trabalho são mais importantes, mas que ele tem a capacidade de unir o mundo.
     Li muito sobre as tragédias com o Torino, Manchester United, Alianza Lima, seleção de Zâmbia. Até lembro de, quando criança, comprar minha revista Placar semanal e ter uma reportagem sobre a Tragédia de Hillsborough. E com o tempo, como a morte de 96 torcedores do Liverpool esmagados entre as grades e 766 feridos obrigaram o Reino Unido a se unir contra os hooligans e ser o ponto de partida pra, o que é hoje, os conceitos de arenas modernas. Mas nunca tinha sentido no peito uma dor tão grande como dessa tragédia da Chapecoense.
   Como falei na Inglaterra, esse esporte maluco surpreendeu e emocionou o mundo com o feito inédito do Leicester, no campeonato inglês. Eu testemunhei cada jogo, cada batalha, com meu olhar incrédulo pra tudo o que eu via. E quando me viam falar, com os olhos brilhantes, sobre os "foxes", eu dizia: "é a Chapecoense da Inglaterra. É como se a Chapecoense fosse campeão brasileiro nos pontos corridos". Pois bem, não era que, a Chapecoense, um clube com DNA gaúcho, estava prestes a fazer um feito parecido? Um clube que já tinha minha admiração (ainda mais depois do 5x0 no Inter) e pela sua história recente, corajosa e vitoriosa, estava conquistando as Américas? Incrível! Inimaginável!
   Pois bem, quiseram os deuses do futebol eternizar seus heróis antes da última grande batalha. E espero, que nessa dor que povoa todos os corações, nessa consternação que cobriu a aura de todos, nós tenhamos a razão como guia e nos unirmos em fé, força, caridade e sensatez pra apoiarmos com nossas almas os sobreviventes, as famílias, o clube e a cidade de Chapecó.
   Então, só me resta dizer, como o planeta inteiro, "Força, Chape!". Também estou de luto, mas, quando todo esse pesadelo passar, quero ver a Arena Condá vibrando com seus guerreiros esmeraldinos lutando por cada bola, cada jogada, e o canto de alegria ecoando por todos os cantos deste planeta.

Cristian Ribas

Na Outra Margem (poema)






Não tenha medo do rio
e dos desafios
que nos esperam
na outra margem.
Me dê a mão
e admire a paisagem
nessa viagem
por águas turvas.
Não se assuste com a curva
e o balanço do barco
enquanto a correnteza
ignora sua beleza.
Me abrace
e ouça uma canção,
enquanto seu coração
se abre
quando parecia
não mais acreditar.
Vamos caminhar
por ruas antigas,
cantando cantigas 
e ressoando suas lendas
em cada fenda.
Vamos conversar na praça
e passear pelos livros
achando graça
pelo simples fato
de estarmos vivos.
Vamos parar no trapiche
e contornar o horizonte
com um novo olhar.
Respirar fundo,
encontrar a paz
e ser um pouco mais
de nós mesmos.
Vamos encarar a escadaria
e descobrir que,
lá em cima,
tudo valerá a pena.
E quando voltar,
você saberá
que a noite é pequena
e a vida é mais sábia
do que nossos receios.

Cristian Ribas

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Crônica dos Corações Flutuantes (poema)





O amor é fácil.
Difícil é descrevê-lo.
Por dar o primeiro passo
e fugir do zelo,
caminhar de mãos dadas
e com a alma livre,
ou adormecer no sofá
e alguém te cobrir.
É como aprender algo
e ter com quem dividir,
correr entre as nuvens
e onde quer que se vá
não conseguir fugir,
pois o lar
é onde você está.
É amar a si próprio
e refletir no outro
o seu melhor.
É esquecer das adversidades
quando a felicidade
está no sorriso que se abre
ao te ver.
É amadurecer,
crescer
e viver
sem prender-se ao tempo,
ao pretérito imperfeito
ou adjetivos dispensáveis.
Amor é uma viagem
sem saber o destino.
Uma paisagem 
que se transforma
em dois olhares.
Uma crônica de corações flutuantes
que num instante
percebe que o antes
só serviu
pra te levar
ao exato momento
onde tudo faz sentido.
E independente dos rótulos,
apenas somos.
O hoje,
o amanhã
e o amor.

by Cristian Ribas

domingo, 27 de novembro de 2016

Ponto de Partida (poema)





Vejo com lentidão
a decepção
acertar meu peito
como um tiro de canhão,
deixando meu coração
em pedaços.
Em contradição,
abandono os laços
pra juntar os cacos
do que não tem mais jeito.
Parece imperfeito
entregar ao tempo
os restos
pra recebê-lo inteiro.
E quando tudo é zelo,
jogar-se do abismo
pra tentar voar,
mesmo que o ar
ainda falte.
É essa maldita necessidade
que faz da coragem
o mesmo ponto de partida.
Independente de tão dolorida
esteja a alma,
nessa viagem
a única saída
é seguir adiante.
E como antes,
enquanto não cicatrizar,
o amor estará lá
em cada novo passo.

by Cristian Ribas

Velho Rock'n Roll (poema)





Ouço um velho rock'n roll
com meu coração
leve.
Pois a vida,
em sua arte,
sabe ser bela
e muito mais sábia
que nossos desejos.
O que vejo
vai além das expectativas.
Na simplicidade dos gestos,
na fundição dos elos,
dos laços recentes
que parecem eternos.
O que sinto é sincero,
construído a cada engano
e perfeito sob seu olhar.
Solidificado no abraço
e perpetuado no libertar.
Adormecido no frio
e sonhado ao acordar.
O amor não tem métrica.
É um nobre jogo de réplicas
de bondade e generosidade.
E quando tudo parecer
um imenso absurdo,
é enxergar o mundo
com novas cores
pra se compreender,
o que flutua lá fora
e repousa aqui dentro.
Não podemos correr
do que ainda somos.
E o que parecia abandono
se torna completo
refletido em tua alma.
Se tudo parece agitado,
o amor é calma.
Nas mãos dadas,
no silêncio das palavras
e no transcorrer dos dias
ao seu lado.
By Cristian Ribas

Falso Legado (poema)




Estou cercado,
por cores opacas
de velhos quadros
que transformam 
a esperança
num falso legado.
Uma lembrança 
abandonada,
adotada como regalo,
disfarçada de alegria,
adornada de nostalgia
com pigmentos de tristeza.
Nessa natureza,
não me sinto adaptado,
por ver a beleza
além dos retratos,
perceber a sutileza
do dia nublado
e ser grato
nessa melancolia.
Pois, antes do apagar do dia,
ainda serei poesia,
mesmo num mundo
sem sentimentos.

by Cristian Ribas

sábado, 26 de novembro de 2016

Canção Desafinada (poema)




Gosto de sentar com as palavras
e brincar com as idéias vagas.
Escrever antes de adormecer
e respirar o amor 
que paira no ar.
Mesmo que o tempo 
seja escasso,
que repita atos falhos
ou que esqueça alguns fatos.
Apenas quero ser 
o melhor de você.
Na canção desafinada, 
nos gatos pela sala,
nas roupas bagunçadas 
ou na cama desarrumada.
Sou sua extensão desastrada, 
uma porção inusitada
que invade tua madrugada 
e multiplica teus sonhos.
Mesmo que desmaie de cansaço,
te quero em meus braços,
deixando o silêncio 
contar nossos segredos.
Quando acordar,
saberá que sou teu espelho,
a extensão do desejo
de ficar, 
continuar
e te amar.

by Cristian Ribas

Tuas Costas (poema)





Vem, deita aqui,
enquanto coço tuas costas
e te conto histórias
que te fazem sorrir.
Sinta o meu abraço perfeito
daquele jeito
onde tudo se encaixa,
a noite se apaga
e os sonhos despertam.
Sinta nossos corpos
fundirem nossa alma
com volúpia e calma,
esquecendo do tempo
e deixando qualquer movimento
fluir naturalmente.
Sinta o arrepio
com o toque sutil
de meus dedos,
enquanto gemidos e anseios
te escapam
ao bagunçar o lençol.
Ao se entregar ao desejo,
te viro do avesso
pra tocar teu céu
e ouvir tua melodia.
Em nossa sintonia,
tua sinfonia reflete
o meu prazer.
E no nosso cansaço,
não há espaço,
apenas o laço
de quem ama
por inteiro.


by Cristian Ribas

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

O Sagrado (poema)





Apago a luz
pra ascender as idéias,
ignorar as misérias
que cercam meus sentidos.
Sirva-me um vinho
pra abrir os caminhos
e fechar a porta
dos meus enganos,
onde antigos planos
se perderam.
Deixe o vento
arejar meus pensamentos
enquanto os ferimentos
não estancam
e latejam.
Permita que o eco das dores
e outros dissabores
saiam do meu paladar,
enquanto meu olhar
segue embaçado.
E quando tudo 
parecer terminado,
me traga mais uma taça,
pra acharmos graça
do que dizem
ser pecado.
Pois, se o mundo 
está atrasado,
eu não tenho pressa
pra te dar
o que tenho
de mais sagrado.

by Cristian Ribas

O Milagre (poema)






Na escuridão,
acordei com a sensação
do teu abraço.
Disfarço
na solidão,
ficando calado,
olhando ao lado,
deixando a intuição
buscar a solução
do que não foi remediado.
Te procuro
num muro de memórias,
no museu de histórias
que guardei num relicário.
Te congelo no tempo
pra não perder o horário
e alimento segredos
com teu sabor de pecado.
E por mais que negue, 
sou teu antigo retrato,
pintado em teu peito,
como um santuário
de imagens barrocas
e figuras santas.
Pois você sabe,
que quando a esperança acabar,
irei te iluminar
como um eterno milagre
que não vai te abandonar.

by Cristian Ribas

Trechos do meu livro, "Um Olhar Além do Moinho"





quinta-feira, 24 de novembro de 2016

O Velho Traço (poema)




Não sei o que faço
com o velho traço
que você riscou.
Ele segue presente,
em cores fortes,
marcas latentes,
e me queima,
incandescente,
incessante,
deixando o antes
tão presente
que te vejo
entre ausentes.
Como uma miragem
na paisagem
que você desenhou
em meus olhos,
e na bagagem,
teus sonhos
que não me deixam 
acordar.
Como não consigo apagar,
me refaço,
renasço
e disfarço
esse desejo
de pintar
seu quadro.
De existir em ti
sem jamais
desistir
do que fomos.

by Cristian Ribas

Binários (poema)



Não domino códigos binários,
me perco nos horários 
e mergulho em aquários.
Não me importo com datas,
com a ciência exata 
ou alguma nova tecnologia.
Sou passageiro da nostalgia,
viajante da poesia
e admirador da tua alegria.
Decifro a tua simetria 
em antigas melodias
de nossa sintonia.
No toque absorto 
em teu corpo
ou no amanhecer 
em teu leito.
O amor é feito 
da extensão dos sentidos,
de ser consolação e abrigo,
doação e caminho,
compreensão e destino.
Somos o resultado do inesperado
que sabíamos que chegaria.
E nesse dia, 
só me resta ser grato.
Por teu toque, 
teu gosto e teu abraço.
Pois é em ti que me encontro 
e me refaço,
que me perco e renasço.
E quando o calendário 
não tiver mais serventia,
ainda estarei em teu dia.
Pra fechar teus olhos, 
tocar teus sonhos
e ser em você 
completo.

Cristian Ribas

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Infame (poema)



No silêncio da solidão
meu coração
pulsou seu nome.
Pareceu infame
quebrar a quietude
nesse divagar rude
que você não ouve.
Foi uma prece involuntária
que ecoa no infinito,
desenhando um rito
de vontade libertária.
Minha voz ordinária
não se deu conta
da afronta
que é não te esquecer.
Sem poder te querer,
se calou
e não apagou
o que não se pode
esconder.

by Cristian Ribas

Pra Onde Ir (poema)



Você ainda vaga
como um fantasma
preso em minha alma
que não me deixa
partir.
É difícil admitir
que não há
pra onde fugir
de seus encantos.
Te sinto
por todos os cantos,
no largo sorriso
e no calado pranto,
no silêncio absoluto
ou no esperanto,
como um fragmento
de um sentimento dominante.
É viver o antes
ignorando o futuro,
sendo o presente
um ponto reticente
de meus atos.
E como não há atalhos
para o passado,
fico perdido,
tendo que seguir
sem saber
pra onde ir.

by Cristian Ribas

Poemas no Instagram - @cristianribas76





terça-feira, 22 de novembro de 2016

Finalmente, meu primeiro romance.



Depois de muito tempo de espera, nasceu a criança. Meu primeiro romance, "Um Olhar Além do Moinho", já está disponível como ebook. Disponível para download no site da Amazon.

https://www.amazon.com.br/Um-Olhar-Al%C3%A9m-Moinho-Cartas-ebook/dp/B01MYLHHF3/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1479853881&sr=8-1&keywords=cristian+ribas


Leia e dê sua opinião.

A Resistência (poema)




Você vai levantar.
Vai mergulhar
nas nuvens
e correr sobre o mar.
Por mais que as tempestades
prolonguem a viagem,
você vai navegar
até a paisagem
ganhar nova cor.
E não importa
quanto dissabor
ainda sentirá na pele,
quanta dor
latejará na carne,
pois o velho amor
te vela e te segue
mesmo enquanto negue
a sua existência.
Assim como você,
há resistência
que te admira
e te deseja
além da aparência.
Então, 
não tenha medo,
pois te encontrar
é o que a vida
me presenteou
de mais belo.

Cristian Ribas

Vestígios (poema)




Permita que te sirva
minha dose de loucura,
em forma plácida, 
suave e pura
como a cura
de nossos desígnios.
Permita que o delírio
exale pelos poros,
como um soro
que deixa vestígios
em teu sorriso,
apaga
qualquer mácula
e seus resquícios.
Pare as máquinas
e encare a realidade
como uma fábula viajante
de nossos destinos.
E quando nada fizer sentido,
vem comigo
que serei teu abrigo,
teu sonho 
e fascínio.

Cristian Ribas

Uma Nova Estação (poema)




Apague a luz
e veja aonde
meu desejo
te conduz.
Tua pele 
é meu caminho
de curvas e delírios,
toque e arrepios
que não tenho pressa
de percorrê-lo.
Abandonei o zelo
pra te entregar
em segredo
tuas fantasias,
carregadas de ironias
e cobertas de vontade.
Me sentir em ti
vai além de vaidade,
é encarar a verdade
e descobrir
que você me completa.
Além de lábios e pernas,
sonhos e frestas,
coragem e entrega.
É o final de primavera
que se despede
e pra mim você se despe
numa nova estação.

by Cristian Ribas

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O Escombro (poema)





Faltam peças
nesse quebra-cabeça.
Como uma sentença
sem conseqüência,
uma frase
sem transparência
ou um amor
sem indecência.
Uma resiliência
sem sentido,
um acordar adormecido
que não enxerga
o que está claro.
É um fato obscuro
pichado num muro
em que a porta 
está aberta.
Uma consciência deserta
de não estar
no lugar do outro.
É ignorar o escombro
e carregar sobre os ombros
o fardo da construção
e não ter a intenção
do acabamento.
É esse pensamento
que se rende ao sentimento
de desejar
o que nunca
será seu.

by Cristian Ribas

A Alternativa (poema)



Estou em branco.
Como um papel indefeso
que abandonou o zelo
pra escrever
sua própria história.
Estou ignorando o tempo
e seus lapsos de memória,
seus esquecimentos
e linhas tortas
pra compreender
minha própria ignorância,
pra reconhecer
minha petulância
e reaprender
com a distância.
Pois, quando seu destino
é morrer,
renascer
passa a ser
a única alternativa.

by Cristian Ribas