sábado, 31 de dezembro de 2016

A Evolução (poema)




Não vou lhe contar
sobre o lugar
onde guardei
os sonhos.
Só venha me abraçar
pra apagar
o que ficou estranho
e deixar que a vida
role os dados,
enquanto o universo
muda os planos.
Melhor deixar a fé
interpretar os desígnios
e transformar o destino
naquilo que esperamos.
Pois ainda está aqui dentro,
cheio de amor,
lapidado com sofrimento,
moldado no fogo
e se transformando.
Não importa a hora,
o dia ou ano.
Somos a evolução do tempo
e de cada sentimento
de todos que cruzaram
nosso caminho.

by Cristian Ribas

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Estático (poema)



Não posso ser
quem não sou
ou ir além
de onde estou.
Sou esse retrato,
de moldura antiga
e cores vívidas
num mundo monocromático.
Sigo no meu passo
enquanto tudo parece estático,
sentimentos plásticos
e desejos descartáveis.
No vazio da tristeza,
mantenho a beleza
da minha natureza.
Enquanto tudo tem
o mesmo padrão 
e formato,
desafio a métrica
perdendo a razão
e pagando o pato.
E ao ignorar
meus atos,
deixo os fatos
ao sabor do vento
para o tempo
me transformar
em saudade.

Cristian Ribas 

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Lacunas (poema)





Toque em meu peito
e corrija os defeitos
que o tempo
fez questão
de ignorar.
Entre dúvidas e crenças,
feridas e fendas,
sei que amar
sempre será
a única cura.
Mesmo que haja
alguma fissura,
pequenas lacunas
que teimam
em permanecer.
E nesse querer
de seguir adiante,
só o amor
tem o dom de preencher
o que permanece
isolado.


Cristian Ribas

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Nossos Dias (poema)




É estranho
te ver
e não reconhecer.
Ignorar teu cheiro,
a maciez da tua pele,
o arrepio de teus pelos,
o formato dos seios
perfeitos
em minhas mãos.
Não há mais brilho
em teu olhar
e o caminhar
não é mais vívido
como outrora.
Não há mais céu
em tua boca
e nem tua roupa
cai em minha presença.
Não há sequência
no carinho
ou melodia
em teu gemido.
Não provoco teu sorriso
e não te encanto
com minhas teorias.
Minha mão
passeia vazia.
Ficou com a solidão
na tarde fria
até anoitecer
no coração
nossos dias.

by Cristian Ribas

sábado, 24 de dezembro de 2016

A Comemoração (poema)





Não sinto vontade
de lavar a louça,
trocar de roupa
ou qualquer necessidade
que me remeta à vaidade
de te esperar.
Você não vai chegar
para jantar
ou pedir 
pra te buscar.
Não preciso
varrer a casa,
ajeitar a sala
ou arrumar a cama.
Melhor sentar
no sofá,
ignorar os festejos
e ficar em silêncio,
desejando o desencanto
se apagar.
Pois, não há motivos
pra abrir o vinho.
Afinal,
o que comemorar?
Fiquei sozinho
pelo caminho
escrevendo com espinhos
nossos pecados.

by Cristian Ribas

Uma Noite Qualquer (poema)




Não há
o que comemorar
no vazio 
da mesa de jantar,
na ausência
do seu olhar
ou no abraço
que não vai 
me abrigar.
É uma noite qualquer,
na solidão de meus atos,
onde os fogos
não fazem sentido.
Não há significado
nesse simbolismo importado,
no comércio forçado
a nos explorar
com hipocrisia
e ironia,
tentando disfarçar
o que está dentro,
e não se consegue enxergar.
E quando tudo acabar,
nada mudará.
É natal?
Desculpe,
mas tudo segue
normal.

by Cristian Ribas 

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Estrangeiro (poema)



Ignoro a origem
dessa vertigem
em meus olhos.
Como uma fuligem
que cobre os sonhos,
anula os planos
e deixa a bagagem
mais pesada.
Faz caminhar pela estrada
de cabeça baixa
pra poeira
não provocar lágrimas.
Em cada passo,
o cansaço nos joga à beira
de nossa própria fronteira.
E no passar do tempo,
me torno estrangeiro
em teu pensamento
e no amor
que existiu
em teu peito.

by Cristian Ribas

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

A Sentença (poema)




Sentado em meu canto
ignoro os santos
que cultivaram
meu caminho
com seus espinhos.
Fico sozinho,
escondendo o sorriso
por não ver motivo
em suas festas.
Pelas frestas,
ignoro a esperança
como sentença
do que me resta.
Uma herança deserta
que pela porta aberta
te deixou partir.
E agora,
que te vejo lá fora,
também devo ir.
Reconstruir a alma,
cicatrizar as chagas
e acreditar
que o melhor
ainda está por vir.

by Cristian Ribas

Preto e Branco (poema)




Quem é você
que teima 
em se esconder
em seu passado?
Como um filme 
em preto e branco
em que o pranto
ficou guardado
ou um futuro
com os olhos vendados
num muro pintado
com os seus pecados.
Sua alma brilha
além da decepção
e a escuridão
vai se dissipar.
Basta acreditar
no que já foi traçado
e no legado
que vai ficar.
Amar
é encontrar
o melhor de si
no outro
e refletir
tudo de bom
que ainda
está por vir.

by Cristian Ribas

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Em Branco (poema)




Vou deixar 
a folha em branco
em algum canto
onde me esqueça 
de escrever
o que ninguém lê.
Vou fazer 
o que você não vê
e desaparecer
porque sei
que és incapaz 
de compreender
com o olhar de hoje.
Vou deixar o tempo
lapidar teus sentimentos
enquanto os segredos
dormem em seus desejos.
Não é questão de paciência
ou simples aquiescência
com o presente que nos cerca.
É a sobrevivência
do amor que ainda resta
e permanece
como uma prece
que você não sabe
ouvir.

Cristian Ribas

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Céu Caído (poema)




Esqueça meu nome
e todas as dores 
que tocaram sua alma.
Sou apenas um homem 
com a fome 
do teu desejo,
e você,
é só uma mulher
que me quer
em tuas curvas.
Abandone seus medos
e deixe os segredos
se revelarem
com meu sussurro
em teu ouvido, 
minha loucura 
em teu gemido
e o delírio
no teu íntimo.
Venha brincar
em meu corpo
enquanto arranco
teus suspiros,
tua roupa
e engano tua boca
com meu jeito lascivo.
E sobre o céu caído,
te entrego o paraíso
no amanhecer
dos meus braços.

by Cristian Ribas 

Sem Recompensa (poema)




Sinto sua solidão
me fazer companhia,
enquanto a nostalgia
perde o sentido.
Ouço em meu ouvido
vozes vazias
que abandonam o dia
pra se perder 
no infinito.
Como um mito
que ninguém acredita
ou a beleza
que ninguém admira.
Não há herança
na sua lembrança
ou crença 
na sua presença.
Tudo é um cenário
num mundo ordinário
que se disfarça
sem achar graça.
E quando a realidade
se apresenta 
com a verdade,
o frágil sorriso se apaga
como uma farsa
sem recompensa.

by Cristian Ribas

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Tua Defesa (poema)




Você não pode negar
que me deseja.
Seja na água com gás
ou no gole de cerveja,
no vinho seco
com aroma de cereja.
Entre tantas incertezas,
você me quer.
Seja no quarto escuro
ou sobre a mesa,
escorada no muro
ouvindo safadezas,
nas roupas que te cobrem
e caem com delicadeza.
Pode fantasiar
com poses no jantar
mas teu olhar
me quer de sobremesa.
Não pode evitar
que te faço arrepiar
num simples toque
ou que derrubo tua defesa.
Pois quando a noite chegar
você vai desejar
que eu rasgue teu véu
e pinte teu céu
com minhas estrelas.

by Cristian Ribas

domingo, 18 de dezembro de 2016

Teu Território (poema)




Me perdoe a ousadia
de usar a ironia
pra invadir 
teu território.
Estava em teus olhos
o desejo
do momento,
passeando
em pensamentos,
como um segredo
guardado em teu corpo.
Fiquei absorto,
mergulhei no absurdo
e não encontrei o caminho.
Deixei o trem
sair dos trilhos
sem que seu brilho
se apagasse.
E nesse disfarce
dessa noite inexistente,
deixei a semente
que realizará
teus sonhos.

by Cristian Ribas

sábado, 17 de dezembro de 2016

Outro Lugar (poema)




Não quero confessar
que parei
enquanto o mundo
segue a girar.
Te esperei
no mesmo lugar,
indo devagar
pra te encontrar.
Entre fontes e fatos,
lembranças e fardos,
quedas e traços,
você não estava lá.
Havia partido
enquanto a vaidade
havia me entretido
e encontrou abrigo
em outro lugar.
Enquanto o destino
não cruzar novamente
nosso caminho,
seguirei sozinho.
procurando um sentido
no que encontrarei
pela frente.

by Cristian Ribas

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Onde Tudo Termina (poema)




Devo começar
onde tudo termina,
quando a velha sina
bate à nossa porta
e nos ensina
que não há volta.
Não importa
se rasgamos a doutrina,
e a vida nos empilha
todas as respostas.
Quando o sentimento
não cabe no peito,
é do seu jeito
que sinto 
mais falta.
Nas minhas disfarças,
não há força,
quando sua voz rouca
passeia em meus desatinos.
E se te perder for destino,
eu recrio o caminho
até teus braços.

by Cristian Ribas

Menino Perdido (poema)





Preciso da paz
que você me traz.
Na queda dos mitos,
do amor extinto,
do silêncio dos gritos,
eu ressuscito.
Do esquecimento dos ritos
e suas nuances,
vivencio romances
fora de ritmo.
Vago na cidade
pela necessidade
da distância,
pra controlar a ânsia
dos meus sonhos
e apagar o brilho 
do espírito.
E nesse esquecer repentino,
me torno menino perdido
sem ter a quem
dar a mão,
vendo a solidão
em teus olhos.

by Cristian Ribas

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Meus Novos Livros





   Hoje, em minha cidade natal, após sete anos, lançarei duas novas obras. Meu terceiro livro de poesia, "Quando Paris Chegar", e meu primeiro romance, "Um Olhar Além do Moinho".  :)



quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

A Colheita (poema)







Deixo as palavras escondidas,
procurando vida
onde as lembranças
moram adormecidas.
Desisto das crenças
enquanto as fendas
não fecham,
as lágrimas
não secam
e as dádivas
não chegam.
Preparo a colheita
sobre a terra arrasada,
a herança do nada
que ficou guardada
em teus lamentos.
E quanto tudo
estiver florido,
te darei o vento,
que com o passar do tempo,
semeará tua estrada
com as respostas
que você não consegue
compreender.

by Cristian Ribas


terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Rarefeito (poema)




Não sei o que pensar.
Melhor sentar
em algum canto
e rezar
pra algum santo
que tenha respostas
que não quero aceitar.
Apenas respirar
e deixar o ar
purificar
minha mente,
que anda dormente
por petrificar
meu peito.
É um ar rarefeito,
que falta aos pulmões
e separou os corações
sem que as razões
fizessem sentido.
Sinto os efeitos
sem antídotos,
meus defeitos
ecoando em uníssono
sem que os sentimentos 
te alcancem.
E o que me resta,
é observar pela fresta
a festa
de quem me deixou
sozinho.

by Cristian Ribas

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

O Último Trem (poema)




Não vi
o trem partir
e você sair
sem se despedir.
Estava distraído,
no crescer do trigo,
no debulhar do milho,
deixando o brilho
cegar meus olhos
e não ver o abismo
entre nós e o egoísmo.
Perdi teu abrigo.
Teu sorriso cintilante,
tuas nuances
escritas no antes
e impressas no agora,
deixando minha alma
de fora
dessa ânfora esquecida.
Não consigo te imaginar
sem esse último olhar
da paixão adormecida.
Pois, se é pra ficar,
te deixo levar
o amor que sempre 
estará
no melhor 
de mim.

by Cristian Ribas

O Estrangeiro (poema)




Não vou invadir
tua privacidade.
Vou apenas sorrir
por ser aquela saudade
que te visita sem cerimônia,
que acalma a insônia
com minha bondade.
Que elimina a ansiedade,
te abraça nas sombras
e te dá tranqüilidade.
Sou só um passageiro
da tua viagem,
que te ajudou com a bagagem
quando tudo parecia
sem paradeiro.
Sei que hoje sou estrangeiro,
em teu corpo,
em teu gosto,
em teu rosto.
Mas você me sente absorto,
descansando em tua alma,
resgatando os karmas
e te deixando boas lembranças.
Pois, quando tudo parecer
 frio e distante,
você vai lembrar do antes,
do amor habitante
de tuas fronteiras.
E se sentirá inteira,
ignorando as besteiras
que teus medos criaram.


Cristian Ribas

A Sinfonia (poema)




Não tenho
o dom da premonição.
Apenas permito
que meu coração
abra caminhos
e seja mais sábio
que minha razão. 
O mundo está aberto,
em teorias difusas
e princípios incertos.
Ideologias confusas
que tornam nossa evolução
em retrocesso.
Tudo é conflito
e nada é aceitação.
Tudo parece raso
pela falta de compreensão.
Nesses momentos,
quando tudo se torna ego,
procuro teu abraço
e te sinto perto.
Pois somos além da aparência.
Somos o amor
e a consequência 
de nossos gestos.
Somos a sintonia,
a empatia,
a simetria,
além da tecnologia.
Somos a sinfonia
que se toca,
que se sente
e que é inerente
às nossas vontades.
Você é a verdade
e seus encantos,
quando a luz se apaga
e a noite divaga
com o que sonhamos.

Cristian Ribas

sábado, 10 de dezembro de 2016

Um Novo Horizonte (poema)





Deixo a folha em branco
acreditando
que as palavras surgirão
e as cores virão
pintando um novo horizonte.
Não sei 
se já te falei 
sobre os dissabores
dos amores
que não voltarão.
Ou da solidão
resultante da ingratidão
que o medo de alguém
te provocou.
Esquece e vem
clarear minha noite
em homenagem
a sorte dos desencontros.
Se não entendeu,
te explico de novo,
mas calado,
segurando sua mão,
com um beijo roubado
enquanto o destino
ignora o passado
e nos deixa 
de lado.

by Cristian Ribas

O Antídoto (poema)




Estou trancado
em meu peito,
refém dos defeitos
que você me deixou.
Vago pela sala,
de mãos amarradas,
voz amordaçada,
ignorando a estrada
que ficou abandonada
por teus passos. 
Busco no nada
a palavra que liberta,
a porta aberta,
a medida certa,
pra descobrir 
as respostas.
E nessa incoerência
do consolo da ausência
não encontro sentindo.
Então, fica comigo,
enquanto fingimos
que o amor é o antídoto
de todas as dores.

by Cristian Ribas

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Estrelas Perdidas (poema)




Melhor ir dormir
e admitir
que não sei
o que fazer.
Melhor adormecer
e esquecer
dos meus sentidos,
fechar os olhos,
tapar os ouvidos
enquanto os pensamentos
viajam no infinito.
Fico sem jeito
com essa dor no peito
que não me abandona
nessa noite 
de estrelas perdidas,
raros cometas
e suas despedidas.
E quando amanhecer,
o tempo vai trazer
a cura dessas feridas.

by Cristian Ribas

Reticências (poema)







É estranho caminhar
sem segurar
sua mão
e refletir nas vidraças
a solidão.
E não importa o que eu faça,
minhas piadas sem graça
sentem falta
do teu riso.
O silêncio necessita
da filosofia infinita
de nossas conversas.
Meu olhar dispersa
se tua beleza
me deixou a tristeza
entre as frestas.
Meu abraço
encontra o vácuo
pra se aquecer
ao adormecer
na ausência.
E com reticências,
recomeço pelo fim,
sabendo que em mim
não há mais crenças.
Apenas a indiferença
da esperança
que termina.

by Cristian Ribas

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

O Universo (poema)




Desligo a TV,
silencio o ambiente
e vejo à minha frente
um rosto envelhecido
com coração adolescente.
Esquecendo do tempo,
transformando em fragmento
o que parecia intransponível.
Dando formas aos sonhos,
rasgando a noite,
construindo pontes
e descansando no abraço.
Percorrendo o amor
e seus caminhos,
abandonando rótulos
e sendo essência.
E não é questão de generosidade,
mas de sobrevivência.
Pois, se ainda respiro,
ainda temos motivos
pra seguir,
algo a se construir,
evoluir
e deixar aos que virão.
Por isso, meu coração
não tem idade.
Apenas me dê a mão
e fique ao meu lado
enquanto o mundo se move
e você colore
o meu universo.

By Cristian Ribas