sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A Aquarela (poema)




Ainda sou capaz
de manter a paz
em tempos de tempestade.
Não que a vaidade
tenha sumido,
ou que a saudade
esteja dormindo,
mas a necessidade
de acreditar
é maior
que qualquer
lamento.
Mesmo que o momento
seja de dúvida
e a chuva
insista
na janela.
Mesmo que perdure,
a aquarela
em sua forma pura
e singela,
pintará o horizonte
com as cores
de nosso ser.
E eu, hei de aprender.
Mantendo a coerência,
apagando a inocência,
expandindo a demência
e sorrindo.
Pois a fé
ainda me mantém
de pé.
E enquanto
a tempestade não passa,
ficarei fazendo graça,
pois nunca se sabe
quem pode
se apaixonar
pelo meu sorriso.

By Cristian Ribas

Amores Imperfeitos (poema)



Sigo o desejo
de amores imperfeitos
que completam
minha sina.
Passo o café
e você não quer.
Preparo seu pão
e você prefere mamão.
Te escolho uma canção
e você troca de estação.
Procuro sua mão
e você diz "não".
Conto uma piada
e você não vê graça.
Te dou algo de valor
e você diz que errei a cor.
Faço carinho em seu cabelo
e você diz que despenteio.
Demonstro meu cansaço
e você nega o abraço.
E na hora de dormir,
tenho que partir
mesmo querendo ficar.
Por mais que eu fique
com o coração partido
ainda acredito
que tudo dará certo.
Mesmo eu sendo intenso
e você mantendo o zelo.
Mesmo eu te contando histórias
e você perdendo a memória.
O amor é uma viagem,
onde a paisagem
é tão bela
quanto o destino.
Mas é preciso coragem
pra percorrer seu caminho.
E reconhecer
que errei
quando não decifrei
teus medos.

By Cristian Ribas

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Os Cacos (poema)





Me permita
juntar os cacos
ocasionados
pelo impacto
do seu olhar.
Recomeçar
a rota,
redescobrir
a órbita,
e voar.
Mesmo que não queira
me acompanhar.
Me deixar
desnorteado,
sem saber
aonde estou.
Mas ainda sei
aonde quero
chegar.
Mesmo que amar
seja imperfeito
e meu jeito
atordoado
ainda tenha
um sorriso
pra te dar.
E por maior
que seja o cansaço,
ainda teimo
em acreditar.
Nos abraços,
nos laços
que nos envolvem
e nos prazos
que nunca vencem.
Pois sentir
é pra sempre
e um pouco além
dos nossos sentidos.

By Cristian Ribas



domingo, 22 de fevereiro de 2015

A Febre (poema)



Sinto a febre
como uma prece
de heroísmo.
Uma tese
de antagonismos,
contornos
e suspiros
que se perdem
no abismo
e encontram
a vaidade.
Na interpretação rasa
da palavra profunda,
a velha coragem
que se usa
pra se confrontar
com a cura.
Mesmo que a ignorância
seja um legado,
ainda posso
reconhecer
meus passos.
Ser .
Estar.
Permanecer.
Continuar.
Não importa
a ligação
que nos liberta
da escuridão.
Necessitamos acreditar.
Mesmo
quando a luz
se apagar,
nossa alma
eternamente
brilhará.

By Cristian Ribas



quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A Razão (poema)





Feche os olhos
e sinta meu corpo.
No apagar das luzes,
acendo os sentidos
e fico absorto,
cego em teu brilho.
Tateio os caminhos
da tua intimidade
por instinto.
Cheiro,
gosto,
contato.
Saboreio
o simples fato
de buscar o paraíso
e encontrar
teus lábios.
Perder a sensatez
ao mergulhar
na umidez
e navegar
na tua pele.
Ser conscientemente
inconsequente
e desafiar
tuas vontades.
Beber na tua fonte,
escalar teus montes
e aquecer tuas entranhas
até não saber
onde começo eu
e termina você.
Veja nos meus olhos
e entenderá a razão.
Por mais
que o tempo passe,
não há nada
que apague
a paixão.

By Cristian Ribas

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

No Teu Colo (poema)





Chego na madrugada.
Tropeçando
nos sapatos,
descarregando
os fardos,
que eu trouxe
lá de fora.
Não vou
te presentear
com as tristezas
que me deixaram,
com as mágoas
que não apagaram
e os rancores
que esqueceram
de curar.
Quero que seja
só você e eu.
Sentir teu abraço,
fechar meus olhos
e mergulhar
no teu sonho.
Ouvir
a respiração ofegante,
ficar inebriado,
delirante,
com todos os meus sentidos
ligados aos teus.
Não sei as horas,
se é noite ou dia
ou quanto tenho no banco.
Só sinto a paz,
a alegria,
essa intensa energia
que flui
em nossos corpos.
Preciso sempre
do teu abraço,
do teu amor,
do nosso laço,
que nos prende
na saudade
e que nos dá liberdade
pra sermos sempre
nós mesmos.
É por ti
que eu cresço
e me sinto criança,
sempre que estou
no teu colo.

By Cristian Ribas

Obs.: Parte integrante do meu segundo livro, "O Amante da Lua", de 2009.

O Meu Lugar (poema)




Não pode negar.
Eu conheço
o meu lugar.
É na tua camisola transparente,
na lingerie indecente,
no teu beijo ardente,
na tua pele quente,
nos nossos atos
inconsequentes,
que se encontram
no desejo.
Meu lugar
é nas tuas entranhas.
Na marca de tuas unhas,
nas nossas façanhas,
no desarrumar da cama
que fica pequena
pra um amor
infinito.
Meu lugar
é em teu ouvido.
Te dizendo bobagens,
te provocando gemidos,
te mostrando a linguagem
que só nossos corações
entendem.
Meu lugar
é na tua loucura.
Na cama,
na sala,
na chuva.
Sem vergonha
do que somos,
adiando
nossos sonos,
pois encontramos
nossos sonhos
em plena realidade.
Abandone a frieza.
Assuma com nobreza
qual é meu lugar.
Basta ver seu olhar
que me devora.
Tua pele
que aquece,
o arrepio
que te provoca
minha simples
presença.
Aceito
tuas falsas desculpas,
teus motivos sem nexo,
dizendo ser só sexo
o que transcende
a alma.
Por isso,
mantenho a calma.
E não adianta
procurar
outros deuses,
buscar
entre ausentes
o que só eu
posso te dar.
Pode fugir,
mas terá
de voltar.
Por mais
que você tente,
nada será diferente,
pois em teu coração
é o meu lugar.

By Cristian Ribas

Obs: Parte integrante do meu primeiro livro, "O Sentido dos Ventos", de 2007.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Em Você (poema)





Sei que ainda
estou em você.
Visitando
teus pensamentos,
flutuando
em teus devaneios
e me refletindo
em tudo o que vê.
Sei que tem saudades
do jeito descontraído,
do olhar
de menino,
do elogio
ao pé do ouvido
que te arrancava
gemidos
e te deixava
vontades.
Sei que passeio
em tuas fantasias,
do início da noite
até adormecer o dia,
quando a nostalgia
recria
aquele pequeno universo,
de desejos mútuos,
corpos conexos,
sonhos lúdicos
e ar rarefeito.
E quando deitar
em teu leito,
mesmo com
o destino confuso,
sentirá em teu peito
o amor
e seus efeitos.
De quem escolheu partir
mas deixou em ti
o que havia
de melhor.

By Cristian Ribas


domingo, 15 de fevereiro de 2015

Além do Tempo (poema)




Nem sempre
serei perfeito.
Adivinhando
pensamentos,
ignorando
defeitos,
tropeçando
nos gestos
e realizando
desejos.
Nem sempre
terei
a palavra certa,
deixarei
a porta aberta,
arrumarei
as cobertas
ou cobrirei
as frestas.
Nem sempre
chegarei
com flores,
curarei
tuas dores
ou descobrirei
teus temores.
Eu só sei
que estarei aqui.
Antes de chegar
ou depois de partir.
Brincando de amor
pra te ver sorrir.
Querendo aprender
nos enganos,
levantando
a poeira dos anos
e te admirando
além do tempo.
Pois amar é eterno,
desde o agora
até se perder
a memória.
E o que restará
é ser você,
uma linda parte
da minha história.

By Cristian Ribas

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Seu Abraço (poema)





Me deixe
sentir o amor
no calor
do seu abraço.
Preencher o espaço,
amarrar o laço
enquanto a noite voa
e tudo se torna
completo.
Quero ficar
à toa,
repleto,
caminhando nas nuvens
contigo perto.
Não importa
se é certo ou errado,
seco ou molhado,
santo ou pecado.
Quero guardar
meu segredo
por inteiro
em teu corpo.
Até morrer,
adormecer
e renascer.
E enquanto
a gente brinca,
tua alegria
me cativa.
No teu toque,
cheiro,
gosto,
me prendo
à tua liberdade.
E teu prazer
se torna um ponto
entre a ilusão
e a saudade.
No que sente
a pele
e transcende
a alma.

By Cristian Ribas


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Banho de Chuva (poema)




Não reclame da chuva
e da forma pura
que ela percorre
seu corpo.
Ela abençoa teus cabelos.
Toca teu pescoço,
arrepia teu colo,
brinca em teus seios,
gela tua barriga
e aquece tua alma.
Ela fantasia
na magia
do meu olhar.
Provoca
minha inveja
no modo que passeia
em tua pele.
E me fere,
por eu querer
estar
no seu lugar.
Admiro o caminho
de tuas curvas,
as formas planas,
côncavas,
uma lua
que gira
no meu céu.
E mesmo sendo réu
desse doce pecado,
quero estar
ao seu lado,
quando a chuva parar
pra poder te secar
e admirar
por inteira.

By Cristian Ribas

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

O Jogo do Amor (poema)




Coloque
meu coração
em sua coleção.
Antes que
termine o verão
e chegue
uma nova estação.
Sei que sou
um prêmio raro,
pra ficar guardado
num bom lugar
da prateleira
do recordar.
Até porque
em seu modo de amar
pode haver
várias maneiras
de se jogar.
Entre brilhos e olhares,
fugas e lugares,
encontros e vontades.
Não tenha medo
de dar as cartas
e sentar à mesa.
A coragem
é a primeira centelha
pra se conquistar
o que se quer.
Independente
do que vier,
o amor
é um número par.
E não há
nada de azar,
nos dados
que rolam o destino.
O amor é divino
em seu jogo de sorte.
Pois mesmo que termine
antes do esperado,
mais importante
que o resultado
é como se joga
e o que permanece
em nossa alma.
Afinal,
não há perdedor,
só o sabor
do amor
em nossa história.


By Cristian Ribas

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O Deserto (poema)



Estranho
lembrar de você
e não sentir
nada.
Como uma madrugada
sem estrela
ou a areia
sem mar.
Como caminhar
sem horizonte
ou cruzar uma ponte
sem rio.
Entrar na água
sem se molhar
ou não se arrepiar
com o frio.
É estranho
mergulhar no vazio.
Seguir num caminho
sem paisagem
ou uma miragem
sem delírio.
Olhar no espelho
e não se conhecer
e partir
sem se despedir.
Pois,
se o amor
virou deserto,
não será por perto
que a semente
voltará a brotar.

By Cristian Ribas

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Vias Tortas (poema)




Deixe-me parar
por um momento.
Alinhar meu pensamento
aonde você está.
Nas ruas sem nome,
nas frases sem verbo,
na solidão imensa
ou num pequeno universo.
Onde um toque é eterno
e o resto
é desnecessário.
Vou me perder
em teu fuso horário.
Chegar atrasado
e sorrir,
porque antes de partir,
te esperei
por toda a vida.
Ignorar as subidas
e descidas,
e se você estiver
distraída,
meu coração
chamará tua atenção
em cada batida.
Pois,
mais importante
que o tempo,
é a intensidade.
Do que se tem,
do que liberta
e do que não volta.
E pelas vias tortas,
sempre chegará
o inesperado.
Que tanto se deseja,
que nunca se espera
e traz seu legado.

By Cristian Ribas




quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Uma Sombra do Tempo (poema)




Não tente se enganar.
Não sorria
quando quer chorar
ou reclame
quando diz amar.
É fácil de identificar,
no falar,
no olhar,
o que não é
verdadeiro.
O amor
é se estar por inteiro,
completo,
repleto,
sendo o côncavo
e o convexo.
E não,
um complexo
jogo de palavras
pra afastar
quem realmente
te quer bem.
Nesse disfarce
de amaldiçoar
o enlace,
você perde
a felicidade,
e quem se vai
tem a liberdade
de amar.
E você se tornará
só uma sombra do tempo
que o pensamento
em breve
apagará.

By Cristian Ribas



quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

As Arestas (poema)




Sigo no páreo.
Com meu jeito ordinário,
cara de otário,
chegando no horário
enquanto o mundo
tem pressa.
Observo do fundo
como se aparam
as arestas,
o vazio entre as frestas
e as festas
que não preenchem
o espaço.
Não carrego grifes,
marcas ou ostentação.
Sou um simples coração
querendo aprender
a ser melhor,
a ignorar a dor
e não ver o pior
em cada olhar.
Não importa
o que aparento.
Vou além da porta,
do que tenho
e estou além
do seu desejo.
Não por querer
e partir.
Mas por ficar
e construir.
Minha imagem
é temporal.
Minha obra
é eterna.
E quando a solidão chegar,
o amor ainda estará lá.
Não nos cacos da embalagem.
Mas nos alicerces
da doação.

By Cristian Ribas

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Sobre o Tempo (poema)




Ainda divago
sobre o tempo.
Vagando no esquecimento,
recriando momentos,
encontrando sonhos
e perdendo o senso.
Modifico o passado
num lapso de memória.
Palavras evasivas,
pessoas perdidas
num canto da história.
E pra não passar
despercebido,
tropeço no amor
que se acumula
pelos cantos,
nos santos
que abandonam
seus milagres
e nas frases
que vendiam
a nostalgia.
E se parece sombria
erradicar a saudade,
é porque a felicidade
está logo à frente.
Entre a gente
que conversa,
dança, sorri,
na esperança
de que nada
será em vão.
Então,
se ainda há solidão,
é porque o tempo
encontrou defeitos
que só ele
pode curar.

By Cristian Ribas