sábado, 30 de agosto de 2014

A Queda da Lua (poema)





Não há como mudar o tempo.
Olhar para trás
e com um simples pensamento,
apagar as rasuras,
lustrar as lisuras
ou incendiar a brandura.
Restou somente o salvamento,
se esquecer do que se é
por dentro,
estancar os ferimentos
e sorrir sem comprometimento.
Não posso voar
e a lua não cairá.
Não posso navegar
se não houver mar.
Loucura
é querer construir a escada
sem carregar pedras,
abandonar o amor no deserto
e ele não secar.
E quando a escolha é sobreviver,
sem estar perto,
doa a quem doer,
o silêncio
pode ser o maior ato de amor
a se oferecer.

By Cristian Ribas

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O Renascer do Dragão (poema)







Ainda tenho asas.
De sonhos brandos,
na noite vasta,
que rasga o que me prende
e liberta o presente
da iníqua madrugada.
Ainda tenho a chama.
Que arde o peito,
apaga o tempo
e acende a alma.
Teimo em renascer.
Entre escombros e desastres,
mentiras e vaidades,
medos e verdades,
da solidão e da maldade,
no eclipse da lua
e na explosão do sol.
Eu me levanto.
Na morte do passado
e no amanhecer do futuro.
Ainda sou dragão.
De coração gigante,
espírito flamejante
e com a fé
que nunca apagará.

Cristian Ribas




Stand by Me - Oasis (Contos)




   Após uma longa madrugada, vagando pelas ruas, tabelando pelos becos, apoiado numa garrafa de uísque, o mundo parecia girar mais veloz naquela manhã de domingo, trazendo à tona tudo o que ele ainda têm a aprender. E o estômago, fragilizado pela úlcera e o abuso do destilado, faz com que o desjejum salte de suas tripas. Entre a angústia da náusea e e as contrações intestinais, o que mais doía, era a eterna repetição em forma de looping, de que ela o deixaria antes que seu coração começasse a queimar.
   Mesmo com a mão trêmula e a cabeça zonza, tentava entender este medo dela se apaixonar, de dar um passo além do que seria habitual, de querer dormir com alguém e acordar ao seu lado no primeiro olhar. Sem pressa de fugir. Só vontade de ficar, ouvir, tocar, mesmo enquanto o vento, o frio e a chuva cheguem, fiquem ou passem. Mesmo nos momentos mais difíceis onde nada pareça fazer sentido e ninguém acredite no que estiver atrás da porta do destino. Ele só queria estar ao seu lado. Sem planos ou objetivos.
   Tentando controlar o corpo absorto, consegue chegar ao telefone. Em toques lentos, seus dedos discam o número do celular dela e seguram o aparelho com toda força, como se ela quisesse escapar. Os toques de espera se eternizam, até que sua voz doce diz alô. Sem saber o que dizer, ele balbucia a letra de uma canção. Ela só pede para abrir a porta. Surpreso, ele a encontra na entrada de casa. Com os olhos marejados, ela diz "vou com você pra onde for, mas meu coração nunca será sua casa". Ele a abraçou forte e quando a primeira lágrima tocou o ombro dela, sussurrou em seu ouvido:
   - Nem Deus sabe como será o futuro. Só quero que fique ao meu lado.


By Cristian Ribas
   

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Ode ao Filho Inexistente


   Ultimamente, até mesmo os prazeres de uma boa noite de sono me abandonaram. Durmo duas horas seguidas, acordo, mais um pouquinho, acordo de novo. Creio que estou criando um novo jeito de dormir: o "sono homeopático". Ou, poderia chamar-se também de "sono Casas Bahia", crediário fácil e em longas prestações. Mas, o sono, para quem escreve, de alguma forma, auxilia. Diz-se que, por estarmos quase no "estado alfa", as resistências "educacionais" do cérebro vão diminuindo e, com isso, a mente fica liberta, mais propensa à criação. Alguns preferem drogas para causarem este efeito. Eu prefiro uma esfuziante xícara de café, com um doce acompanhando.
   Falando em processo de criação (me perdoe algum psicólogo se falei alguma besteira), sinto que a vida nos dá sinais instintivos sobre nosso "processo de existência animal". Por exemplo, Darwin defendia na "Origem das Espécies" que nós, seres humanos, temos atração por sexo e violência. O primeiro seria o instinto de "perpetuação da existência" através dos genes de seus descendentes. E o segundo, pelo instinto de sobrevivência (only the strongest will survive...).  Em mim, nesse momento, sinto que um instinto fale mais forte: o primeiro.
   Acalmem-se, não quero transar com todo mundo. rs Mas, me refiro à "perpetuação da existência". Ao processo paterno. Já tive a honra de ser padrasto. E como na minha adolescência minha relação com o marido de minha mãe ficou longe de ser das melhores, me esforcei pra fazer bem meu papel. Mostrar que o sangue é secundário quando as almas têm afinidade e amor. E apesar dos pesares, passei folgado no teste. Logo, refiro-me a ser pai. Mas, pra ser um bom pai, é necessário de algo "quase" imperceptível: uma boa mãe. rs Aliás, minha mãe, Dona Cleusa, me cobrava um neto. E eu respondia com um princípio básico da genética: "falta a mulher". rs
   Mulheres... o problema das belas mulheres é que sempre paira um "princípio" de loucura. Primeiro, nos enlouquecem com seu encanto. Depois, nos enlouquecem na TPM. rs Mas, não posso reclamar. O "Cara" lá de cima sempre colocou pessoas especiais no meu caminho. Mas, quis o destino, que simplesmente resgatássemos nossos carmas, e de um modo ou outro, seguíssemos outra estrada. Cada um para seu lado. Coisas que só a maturidade e o tempo poderão explicar.
   Estou eu aqui, com quase 40 anos, contando nos dedos que, muitas realizações, como jogar futebol com meu filho, não terei como fazê-lo. E me dou conta que, de alguma forma, estas histórias lúdicas que conto aqui, eu gostaria de contar pra ele. Transmitir a ele as coisas que aprendi com seu Augusto, com o Deco, da banda de rock, ensiná-lo a tocar, de construir um carrinho de lomba, colecionar figurinhas da Copa, montarmos juntos os times de futebol de botão, construir a mesa, cortar a grama, pintar bandeiras dos países e ensinar suas capitais como meu avô Chico, como se faz a barba, como se faz pipoca, como se corta a cortina da avó pra fazer goleira de futebol de botão com redinha, jogar bola na sala, fazer pista de tampicross na praia, criar brincadeiras até o sol se pôr e sentir aqueles pequenos bracinhos se enrolando em meu pescoço. Ou adormecendo em meu peito, de tanto que ferveu. E acordar todo remelento, com toda a pilha, pulando em cima do colchão querendo mais. rs
   Tenho minha linda afilhada Thaíza, a qual, sempre que a encontro, tento passar isso a ela. Quando canso, tento brincar com ela de "imaginação". Sento ela do meu lado, digo pra ela que é legal "imaginar que se está correndo", em vez de correr de verdade. Às vezes, dá certo. Mas logo ela já quer aprontar de novo. rs
   Com o tempo, a filosofia e a religiosidade, aprendi a confiar na "justiça divina". No modo como o universo trabalha e que, muitas vezes, não termos o que desejamos é o maior presente que poderíamos receber. Tentar interpretar as entrelinhas dos acontecimentos e encontrar a lógica no que ocorre. Como já visitei orfanatos, talvez um anjinho daqueles esteja aguardando alguém como eu. Que lhe possa transmitir amor e confiança pra crescer física e espiritualmente. E possamos ser plenos. Tanto ele. Como eu.
   Sobre os amores, já os vivi intensamente, tocando as nuvens e queimando no inferno. E caso uma mulher que tivesse algum interesse de aproximação, sem me conhecer, agora mesmo que sai correndo. rs
   Esta é minha "ode ao filho inexistente". Um modo de transmitir amor ao ser que ainda nem foi gerado. E pode vir a não existir. Mas já é admirado e amado por meu instinto paterno.

  

Yom Kippur, Pink Floyd e Vinho Seco (Mestre Deco)


   Após comer como um condenado, aguardo a cafeteira velha de guerra faça seu trabalho. Enquanto o aroma do café passeia pela casa e estimula meus sentidos, deixo o noticiário destilar as crises do dia-a-dia.
   Ao ver que, finalmente, Hammas e Israel assinaram um cessar-fogo por tempo indeterminado. Ao ver à distância tanta intolerância e violência, dá vontade de juntar os líderes muçulmanos e judeus numa roda de chimarrão, baixar uma costela uruguaia bem gorda e sair Brasil à fora pra sentir a paz nas práticas religiosas em nosso país.
   Falando sobre essa região, sou obrigado a comentar sobre um outro grande "Mestre" que cruzou meu destino: Evaldo Coimbra, o "Mestre Deco". Um homem carismático, bonachão, sempre de bem com a vida, disposto a colocar um prato a mais na mesa. Descendente do zagueiro da Copa de 1934, Luiz Luz (primeiro gaúcho a disputar um mundial). Pai de quatro filhos, entre eles meu grande "irmão de banda", Rafinha. Um grande conhecedor de política, guerras e história. Uma prateleira cheia de raridades, das quais eu li sobre a Guerra do Yom Kippur (entre Israel, Síria e Egito), Abusado (livro fantástico do Caco Barcelos sobre o tráfico no RJ), um dossiê sobre o ex-presidente argentino Juan Perón, e a "bíblia" dos historiadores sobre o século XX, "A Era dos Extremos" de Eric Hobsbawm. Em época de eleições, ele me ensinou um princípio básico da política: "tu já viu um regime comunista democrático?" E que se não fossem os soviéticos em Kursk, todos estariam aprendendo alemão na escola. Rsrsrs
   Além do conhecimento literário, sempre que se chegasse à sua casa, um vinil fazia a trilha. A base era Pink Floyd, Led Zeppelin, Deep Purple, ou qualquer outro clássico do rock. Independente se ele estava pilotando as panelas ou nos desafiando em grandes embates futebolísticos no videogame. E ele sempre com a Alemanha, com sua tática "blitzkriege".
   Como a base da minha criação foi mórmon, com o Deco que aprendi a beber. Sempre havia um bom vinho seco à espreita, pra comemorar o simples fato de estarmos vivos. E também, com seu exemplo, aprendi o valor da fé e da paciência em seus objetivos.
   Hoje, Mestre Deco bronzea seu vasto abdômen e bochechas na bela Fortaleza onde constituiu uma nova família. No início do ano, quando esteve no pampa, não pude reencontrà-lo. Mas sabe que, mesmo à distância, tem um grande amigo com quem pode contar.

   Obrigado por tudo, Mestre! E hoje, beba um bom vinho por mim torcendo pelo nosso Imortal Tricolor.


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Live Forever - Oasis (Contos)





 2) LIVE FOREVER (Conto)

   Ela se sentia perdida. Naquele instante, não importava como os jardins crescem ou se ela poderia voar. Pois, tardiamente, ela ficou sabendo de tudo. Sendo pega de surpresa, não se importou em enfrentar a manhã chuvosa, que enxarcou até seus ossos.
   Apreensiva, seus passos voavam pelo infinito corredor do hospital. Ela só queria respirar, não conseguia acreditar na situação. Nunca imaginou que ele estava doente. Não suspeitava de sua distância, os sumiços repentinos, as grosserias bruscas e as palavras frias. Ele só queria poupá-la de tudo aquilo.
   Ao entrar no quarto, ignorou os vultos brancos que habitavam o ambiente e os rostos conhecidos. Respirou fundo e tentou ser forte, mesmo que uma lágrima teimasse em rolar por seu rosto. Não estava preparada para vê-lo daquele jeito. Deitado, pálido, com seu coração gigantesco pulsando enfraquecido.
   Ao vê-la, seus olhos brilharam. Mesmo que as palavras fossem incapazes de sair, ela sabia o que ele diria: "não é hora de chorar, somente encontrar os porquês". Em sua boca, desenhou-se um sorriso quando ela segurou sua mão. E enquanto um filme passava em sua mente por todos os belos momentos que viveram juntos, uma enfermeira toca em seu ombro e lhe passa um envelope, dizendo que ele pedira para entregá-la.
  "Você e eu, vamos viver pra sempre".
   E os poucos minutos que se passaram se tornaram eternidade.

By Cristian Ribas

terça-feira, 26 de agosto de 2014

20 Anos de "Definitely Maybe" - O Desafio dos Contos


   No fundo da xícara onde o café gélido reflete âmbar, vejo um retrato distorcido do ambiente. Paredes tortas, luzes intermitentes, talheres foscos, rabiscos desconexos. Um caos que não me assusta. Nada me desfoca. Ando em paz comigo mesmo.
    Como o tempo tem sido generoso comigo e os acontecimentos seguem dando idéias, resolvi criar um desafio a mim mesmo, pra ver se eu recuperei à velha forma. Como no próximo dia 30 de agosto completa-se 20 anos do lançamento do primeiro disco do Oasis (Definitely Maybe), pretendo escrever dez contos inspirados em títulos de músicas dos Gallagher's Bros. São tantos títulos inspiradores, que pretendo começar pela ordem da discografia. E nada melhor do que a primeira música do primeiro álbum.
   Em contrapartida, pretendo compor 10 canções inspirados em títulos de obras de Gabriel Garcia Márquez, mas isso vai demorar um pouco mais. Ainda preciso arrumar um bom programa de gravação e aprender a fuçar direito. rsrsrs
  Bom, vamos ver se minha imaginação se deixa levar pelo som de Manchester.

                                            Boa leitura e vê se curte aí!!!

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  1)  ROCK'N ROLL STAR

   Depois de muitos ensaios, resolveram marcar um show em cima da hora. Putz!!! Agora, tive que inventar uma desculpa ao chefe e sair correndo atrás de uma guitarra emprestada pois arrebentei meu captador. Nem amplificador eu tenho. Tive que usar minhas economias pra pagar o aluguel. A mãe e seus sonhos delirantes de que ia ganhar na Tele Sena. Só ela, pô! Gastou todo o dinheiro! Depois vem dizer que é difícil viver nessa cidade e que nada é fácil por aqui. O sol nem sempre brilha para mim.
   Em meio dessa correria, passa tanta coisa na cabeça. Acho que minha mãe nunca quis que eu tocasse. Diz que isso é pra quem gosta da noite, se alimenta das estrelas, que é desperdício de tempo. Tudo o que mais quero, quando essa ladainha começa, é estar o mais longe. Tocando minha melodia. Sentindo-a. Me transportando pra um canto que só eu conheça. E me sinta em paz.
     O baixista conseguiu a guitarra. Plugo no amplificador e faço um breve solo de aquecimento pra me acostumar com o instrumento. A luz se apaga. E nesse palco improvisado, todos os sonhos da minha mente se tornam reais. Os poucos bêbados que me vaiam se transformam numa multidão que me apupam. As prostitutas que tentam ganhar seus trocados se tornam fãs histéricas na ribalta. A distorção passeia por minha pele e transcende minha alma. E não importa se a cerveja seque, que a voz se acabe ou que o cansaço do trabalho pese ou a lua se perca no horizonte. Nada mais importa.
     Nessa noite, sou um rock'n roll star.

by Cristian Ribas

Ao Mestre, Com Carinho



   A vida tem o dom de colocar pessoas especiais em nosso caminho. E com um dia de atraso, pois ontem foi meu dia de hibernação após trabalho e reuniões, quero homenagear um dos grandes homens com quem tive a honra de conviver. Mestre Anatólio Augusto Ferreira.
   Seu Augusto é pai de meus irmãos de vida Vinícius e Rafael, com os quais convivo por mais de 20 anos, e viúvo da inesquecível Dona Suzara. Um homem de jeito simples, observador, fala mansa, tranquilo, bem humorado, sempre com um sorriso reservado pra quem se aproxima, mas firme e convicto quando necessário. De uma sabedoria imensurável, sempre tem a palavra certa guardada no momento necessário. Uma conversa fácil, agradável, uma forma sutil de nos fazer perceber nossos medos e superar nossas fragilidades, e com sua presença, iluminar qualquer ambiente.
   A este Mestre, mesmo na distância da correria e obrigações da vida moderna, a minha gratidão e meu eterno "obrigado". Não é exagero dizer que, num momento de provações passadas, lhe devo minha vida. Me ensinou a fortalecer minha fé e perseverança. E seu legado de amor e sabedoria jamais serão esquecidos.
 
   Feliz 67 anos! E obrigado, Seu Augusto, por existir em nossas vidas.

O Amor nos Tempos do Consumismo




   Enquanto a madrugada se despede e a insônia se afasta, deixo os pensamentos brincarem sem paradeiro fixo. Entre as rotinas do trabalho e a corrida na praça. Nos objetivos a curto prazo e as cicatrizes da alma. Uma viagem leve, "sem olhar para trás com rancor", como escreveu genialmente Noel Gallagher em "Don't Look Back in Anger". E nessa tola sabedoria que me acompanha, recordo que eu tinha a certeza absoluta que o mundo seria meu. Hoje, o que mais desejo é dividir o pouco que sou e me tornar inteiro com outra
metade. Mas vejo que os tempos são outros.
   Vamos lá: você chega na balada e faz a observação básica do que está em oferta. Sorrisos perfeitos, corpos esculturais, cabelos milimetricamente penteados, roupas de grife, perfumes importados, uma conversa rasa pré-fabricada para abordagem. Num segundo estágio, pela dificuldade do diálogo ocasionado pela música alta, se descobre se o celular é penúltimo modelo, se o carro é zero e se mora numa cobertura. É "o amor nos tempos do consumismo". Todos nós estamos numa imensa prateleira onde, na primeira oportunidade, o produto não atender plenamente nossas necessidades, será descartado. E como a grande maioria tem seus objetivos engessados, o "amor" acaba se algo foge do parâmetro, se der algum defeito. E voltamos à prateleira.
   Novamente, estou parafraseando Gabo no genial "O Amor nos Tempos do Cólera" pra descrever o momento atual das relações humanas. Pelo pensamento capitalista que norteia nossa sociedade, não é preciso mais "ser". Basta "ter". Tanto que hoje, dificilmente consegue-se conversar com uma pessoa sem que essa use a "bengala digital" pra mostrar algo, que normalmente, não foi ela que fez ou produziu. Ou pra mostrar o que sente, mesmo que as palavras não sejam dela. E de algum modo, o imediatismo já deixa pra trás, trocando por um novo vídeo, foto ou fuga.
   Pelas experiências vividas, descobre-se que o amor em sua essência é dedicar o que temos de mais valioso ao outro. E não falo de carros, apartamento ou viagens. Falo de nosso "tempo". Se você tiver dinheiro, você dá um carro de presente, mas é capaz de dedicar seu tempo a alguém? De deixar de ir na academia pra fazer a janta todas as noites, ou de ir na cabeleireira pra passar as roupas do "seu amor"? Somos fruto de uma geração que "terceiriza" o amor materno em creches e depois se espanta quando vê que não se conhece os filhos. Ficamos tão presos à nós mesmos que não vemos o quanto as pessoas precisam de nós. E o quanto precisamos delas.
   Resumo da ópera: todos querem ser amados. Poucos são capazes de amar, se doar. E como o tempo é implacável, haverá um instante que o "ter" não bastará e teu "ser" estará exposto. Sem tempo de recuperação. Pois, se não encontrarmos as respostas em nós mesmos, jamais responderemos as perguntas de quem amamos. E deixaremos de ser a "série limitada" ou o "sonho de consumo" da prateleira. Daquelas que não se reconhece com os olhos.
   Somente com o coração.
 

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O Presidente em Seu Labirinto

 
   Lá vou eu de novo parafrasear o mestre Gabriel Garcia Márquez. O livro "O General em Seu Labirinto" narra a saga dos últimos dias do General libertador Simon Bolivar, sua doença, seu cansaço e seu sonho de unificação da América, que o acompanhou até o leito de morte.
   O filme "Getúlio" é um surpreendente thriller político, digno de Hollywood, contando os últimos dias de Vargas, do atentado ao opositor Carlos Lacerda, até seu suicídio. Todas as verdades escondidas, os interesses obscuros, a má interpretação do que é correto, a traição daqueles que estão sob o mesmo teto, os passos que levaram à medida extrema:  o suicídio de Vargas.
   Como já contei, meu avô participou do "Trem da Esperança" de 1930, que empossou Vargas, e tinha a "carta-testamento" pendurada na parede. Sabia de seu orgulho e idolatria. Hoje, a entendo e a respeito um pouco mais.
   Agora, já que meu romantismo está desativado, vou ler o livro "Getúlio". Devo isso a Seu Chico Alfaiate e a tudo aquilo que ele me ensinou.

sábado, 23 de agosto de 2014

O Galo Julio e a Natureza Humana





   Pra fugir da rotina, aproveitei pra fazer um bolo de laranja. O problema é que meus gatos Walter e o Grafite abusaram. Agora, terei de fazer um chá de boldo pra eles. Rsrsrs
  Das tantas pessoas que conheci, tem uma família a qual tenho grande carinho e admiração: o clã dos Stuart. Nestes mais de vinte anos de convívio, muita alegria, lições, superações, viagens, canastra, bicharada e bom humor divididos com Seu Nelson, Dona Nilza, Matheus, Melissa e Michele. Sou e serei sempre grato por tê-los em meu destino.
   Falando em bicharada, fui apresentado pela Melissa o mais novo membro da família: o galo Júlio Stuart. Rsrsrs O galo até que é bem educado, cacarejou pra mim via web, mas confesso que não entendi nada. Galonês nunca foi meu forte. Rsrsrs
   O Matheus me contou que o Júlio veio na troca por um coelho que, por ser tão inútil (segundo ele), não tinha nome. Porém, já rolou um stress. Às cinco da manhã, pra mostrar serviço e impressionar a vizinhança, o galo abriu os pulmões em cantoria. E é óbvio, acordou o Matheus, que teve que levantar e dar uns "para-te quietos" pro Júlio se calar e permitir o sono do resto da manhã. Nota-se que o Matheus também não fala galonês. Rsrsrs
   Nesta breve história, me veio a cabeça que, a natureza do Júlio é cantar alto antes do amanhecer. E qual é a natureza humana? Segundo Darwin, "só o mais forte sobreviverá". A violência para se impor. Então, para que um homem não saia destruindo tudo, é obrigatório uma boa educação. Para ser civilizado, ter empatia, reconhecer a extensão e consequência de seus atos, seu posicionamento para o funcionamento de uma sociedade harmoniosa.
   A educação é a base de tudo. Independente de quem somos ou de onde viemos. Tanto para os homens, como para o galo. E, em época de eleições, a educação é o fator que deve nortear nosso voto.
   Aprendi isso com os Stuart. E para o Júlio não virar ensopado, melhor só cantar em karaokê. E o Matheus aprender galonês.

Isadora e o galo Júlio Stuart 


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

O Mergulho no Reverso


   Bom, como a escrita anda fluindo entre meus dedos e as idéias passeando entre a lucidez e a fantasia, vou reativando o hábito diário de escrever. Reencontro no espaço vazio um velho amigo que andava displicente, evasivo, descansando em meus atos, e devido ao meu cansaço, ficava quietinho, moribundo, assistindo a tudo, mas sempre com aquele sorriso confiante que, no momento que eu precisasse, eu contaria com ele. Observava com um orgulho contido o que me tornei, o que estava construindo e como me desenvolvi. Por mais que essa insanidade coletiva me rondasse, esse amigo me encontrava em pensamentos, teorias, ficções, melodias estridentes e desafinos adocicados. Choques calorosos e o frio lancinante. E no desenho mais colorido, sigo encontrando o melhor de mim no branco do papel.
   Ultimamente, tenho gostado do mergulho no reverso. De relembrar histórias, pessoas, cenas, sentir instantes, ouvir histórias que eu mesmo vivi e exagero. De ser grato por todos aqueles que cruzaram meu caminho e por tudo o que já me aconteceu. E perceber nesta ironia, que sou um homem de muita sorte e o quanto a vida já me proporcionou de bom. Mesmo naquela surra que levei na rua aos sete anos de idade e compreendi que com a raiva e a agressão eu não ganharia nada e teria que mudar minha postura. Mesmo tendo que conviver com meu ex-padrasto, entendi que não precisava ter o mesmo sangue pra amar ou respeitar uma criança. Ou tantas filas de emprego que enfrentei na minha adolescência na fatídica década de 90 sem nunca ser "escolhido", sem ter oportunidade de trabalhar, mas entender que não adianta lamentar ou se esconder da vida. Que entrei mais tarde na escola graças à minha avó, que inventou um jogo de cartas pra me ensinar a escrever e me fez dar mais valor à palavra. E que foi dela que herdei o dom pela escrita. E foi de meu pai que herdei o gosto pela música. E que foi de meu avô que herdei o eterno bom humor, quando ele cantava pra mim "Kiko pinico, galinha sem bico" ou perguntava se eu iria ser ginecologista quando crescesse. E que foi de minha mãe que herdei o dom de que não custa ajudar as pessoas. E que foi com minha tia Helaine que aprendi a compreender como a "Justiça Divina" trabalha e como ela é sábia. E aprendi tanto com meus primos, meus amigos, os mestres que encontrei pelo caminho, e com as pessoas que me magoaram (pela minha ignorância de não saber compreendê-las).
   Eu ia escrever sobre algo bem diferente, mas deixei meu pensamento em alfa e as palavras brotarem intensas, mas sem pretensão. Talvez essa fosse a intensão. Tão somente agradecer. Tudo o que passou. O que ainda virá. E o que ainda terei de melhorar pra ser merecedor do que desejo. Mas, mesmo que nada venha, terei sempre esse meu velho amigo. Corrigindo os meus passos. Medindo meus delírios. E refletindo simplesmente o que sou. O meu amigo, a imaginação.  

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O Inverno do Patriarca


   Confesso que o título desta postagem é inspirada numa obra consagrada do mestre Gabriel Garcia Márquez: "O Outono do Patriarca". Mas,  como a personagem é Luiz Felipe Scolari, tive que mudar a estação do ano.
   Neste inverno, o que era um treinador pentacampeão mundial, consagrado na Europa pelo seu trabalho em Portugal, percebeu que se deixou levar pela vaidade ao imaginar que poderia voltar à Seleção Brasileira e conquistar o tão sonhado título em casa. Como o ditador de Gabo, ficou preso à sua vaidade, e foi "surpreendido" por uma Alemanha que se preparou nos últimos doze anos para aquele momento. Voltou a entrar para a história. Com a maior derrota do Brasil em todos os tempos.
   O Deus transformou-se em demônio.
   Para exorcizar esse fantasma, voltou ás origens. Ao clube que o consagrou e que a admiração e respeito seguem ilibados.  Um Grêmio que vive um inverno ainda mais tenebroso: treze anos sem títulos nacionais e internacionais.
   Nos primeiros choques com a realidade, o pensamento mágico quebrou-se. E tornou-se claro que esteve inverno pode ser mais longo do que esperavam. É onde entra a sabedoria do tempo e o fervor do trabalho. E a arte de reconstruir os mitos.  Ou quebrá-los.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Filosofia Oasis



   Enquanto a fome não bate e o tempo se perde nele mesmo, confesso que a postagem sobre o Oasis me deixou empolgado. Tanto que, sendo conhecedor de suas letras, resolvi montar a sua "filosofia". Isto é, trechos de letras marcantes, que de algum modo tocam nosso íntimo e demonstram a genialidade de Noel Gallagher. Então, vamos a algumas delas:




Supersonic

I need to be myself
I can't be no one else
I'm feeling supersonic
Give me gin and tonic
You can have it all but how much do you want it?


Eu preciso ser eu mesmo
Eu não posso ser ninguém mais
Eu estou me sentindo supersônico
Dê-me gim e tônica
Você pode ter tudo isso, mas o quanto você quer isso?




Wonderwall


And all the roads we have to walk are winding
And all the lights that lead us there are blinding
There are many things that I'd like to say to you
But I don't know how

Because maybe
You're gonna be the one that saves me
And after all
You're my wonderwall


E todas as estradas pelas quais temos de caminhar são sinuosas,
E todas as luzes que nos conduzem até lá estão nos cegando.
Existem muitas coisas que eu gostaria de dizer para você,
Mas eu não sei como...

Porque talvez
Você vai ser aquela que me salva...
E no final das contas,
Você é minha protetora




Stop Crying Your Heart Out

Hold on
Hold on
Don't be scared
You'll never change what's been and gone

May your smile (may your smile)
Shine on (shine on)
Don't be scared (don't be scared)
Your destiny may keep you warm

'Cause all of the stars
Are fading away
Just try not to worry
You'll see them some day
Take what you need
And be on your way
And stop crying your heart out

Get up (get up)
Come on (come on)
Why you scared? (I'm not scared)
You'll never change
What's been and gone




Segure-se
Segure-se
Não tenha medo
Você nunca mudará o que aconteceu e o que já foi

Deixe seu sorriso (deixe seu sorriso)
Brilhar (brilhar)
Não tenha medo (não tenha medo)
Seu destino pode manter você aquecida

Porque todas as estrelas
Estão desaparecendo
Apenas tente não se preocupar
Você as verá algum dia
Pegue o que você precisa
E siga seu caminho
E pare de chorar tanto

Levante (levante)
Venha (venha)
Por que você está assustada? (Não estou assustada)
Você nunca mudará
O que aconteceu e o que já foi




Go Let It Out


Is it any wonder why Princes & Kings
Are clowns that caper in their sawdust rings
And ordinary people that are like you and me
We're the keepers of their destiny


Não é de se estranhar por que princesas e reis
São palhaços que dão cambalhotas em seus picadeiros de serragem
E pessoas comuns feito eu e você
Somos os responsáveis pelo destino deles






Stand By Me


If you're leaving will you take me with you?
I'm tired of talking on my phone
There is one thing I can never give you
My heart will never be your home.


Stand by me-nobody knows the way it's gonna be




Se estiver indo embora, me levará com você?
Estou cansado de falar ao telefone
Mas existe uma coisa que jamais poderei dar a você
Meu coração nunca será sua casa


Fique ao meu lado - ninguém sabe como será


Don't Go Away

Damn my situation
And the games i have to play
With all the things caught in my mind
Damn my education
I can't find the words to say
About the things caught in my mind

I don't wanna be there when you're coming down
I don't wanna be there when you hit the ground

So don't go away
Say what you say
But say that you'll stay
Forever and a day
In the time of my life
'Cause i need more time
Yes, i need more time just to make things right

Me and you what's going on?
All we seem to know is how to show
The feelings that are wrong





maldita a minha situação
E os jogos que tenho que jogar
Com todas as coisas presas em minha mente
maldita a minha educação
Eu não consigo achar palavras para dizer
as coisas presas em minha mente

Eu não quero estar lá quando você estiver descendo
Eu não quero estar lá quando você tocar o chão

Então não vá embora
Diga o que disser
Mas diga que você ficará
Para sempre e mais um dia
na minha vida
Porque eu preciso de mais tempo
Sim, eu preciso de mais tempo apenas pra fazer as coisas certas

O que está acontecendo comigo e com você?
Tudo que nós parecemos saber é como mostrar que os sentimentos
estão errados




Champagne Supernova

How many special people change
How many lives are living strange
Where were you when we were getting high?
Slowly walking down the hall
Faster than a cannon ball
Where were you while we were getting high?



Quantas pessoas especiais mudam
Quantas vidas estão vivendo estranhamente
Onde você esteve enquanto nós estávamos ganhando altura?
Andando vagarosamente pelo corredor
Mais rápido que uma bola de canhão
Onde você esteve enquanto nós estávamos ganhando altura?


Don't Look Back In Anger


Take me to the place where you go
Where nobody knows if it's night or day
But please don't put your life in the hands
Of a Rock n Roll band
Who'll throw it all away

Me leve ao lugar que você vai
Onde ninguém sabe se é noite ou dia
Mas por favor não ponha a sua vida nas mãos
De uma banda de rock n'roll
Que jogará tudo fora


Whatever

I'm free to be whatever I
Whatever I choose
And I'll sing the blues if I want
I'm free to say whatever I

Whatever I like
If it's wrong or right it's alright
Always seems to me
You only see what people want you to see
How long's it gonna be



Eu sou livre para ser tudo que eu
Tudo que eu escolho
E eu cantarei o Blues se eu quiser

Eu sou livre para dizer tudo que eu
Tudo que eu gosto
Se está errado ou certo está tudo bem

Pra mim sempre parece
Você só vê o que pessoas querem que você veja
Por quanto tempo vai ser assim


Slide Away


Now that you're mine WE'LL find a way
Of chasing the sun
Let me be the one WHO shines with you
In the morning when WE don't know what to do
Two of a kind
We'll find a way
To do what we've done

Let me be the one WHO shines with you
And we can slide away

Agora que você é minha vamos encontrar um jeito
De perseguir o sol
Deixe me ser o único que brilha com você
pela manhã
Quando NÓS NÃO SABEMOS o que fazer
Duas pessoas iguais
nós encontraremos um jeito
De fazer o que fizemos

Deixe me ser o único que brilha com você
E nós poderemos deslizar


Talk Tonight


I'll never say that I
Won't ever make you cry
And this I'll say
I don't know why
I know I'm leavin'
But I'll be back another day


I wanna talk tonight
Until the mornin' light
'Bout how you saved my life
You and me see how we are
You and me see how we are


Eu nunca vou dizer que eu
Nunca vou te fazer chorar
E isso eu vou dizer
Eu não sei porque
Eu sei que estou indo embora
Mas eu voltarei outro dia

Eu quero conversar hoje à noite
Até a luz do amanhecer
Sobre como você salvou minha vida
Você e eu veja como nós somos
Você e eu veja como nós somos

The Shock Of The Lightning

I'm all over my heart's desire
I feel cold but I'm packing fire
Out of control but I'm tied up tight
Come in, come out tonight

Coming up in the early mornin'
I feel love in the shock of the lightnin'
I fall into the blinding light
Come in, come out, come in, come out tonight

Love is a time machine
Up on the silver screen
I saw it in my mind

Love is a litany
A magical mystery
It's all in good time
It's all in good time
It's all in good time




Estou em todos os lugares que meu coração deseja
Me sinto frio mas estou voltando às chamas
Fora de controle, mas estou bem amarrado
Entre, saia, esta noite

Estou chegando ao amanhecer
Sinto o amor no choque do relâmpago
Caio sob a luz que cega
Entre, saia, entre, saia, esta noite

Amor é uma máquina do tempo
Em uma tela prateada
Está tudo na minha cabeça
Amor é uma ladainha
Um mistério mágico
E tudo em boa hora, e tudo em boa hora
E tudo em boa hora.


Acquiesce

I don't know what it is
That makes me feel alive
I don't know how to wake
The things that sleep inside
I only wanna see the light
That shines behind your eyes

I hope that I can say
The things I wish I'd said
To sing my soul to sleep
And take me back to bed
You want to be alone
When we could be alive instead

Because we need each other
We believe in one another
And I know we're going to uncover
What's sleepin' in our soul

There are many things
That I would like to know
And there are many places
That I wish to go
But everything's depending
On the way the wind may blow


Eu não sei o que é
Que me faz sentir vivo
Eu não sei como despertar
As coisas que dormem dentro de mim
Eu apenas quero enxergar a luz
Que brilha atrás de seus olhos

Eu espero que eu possa dizer
As coisas que eu desejo
Para cantar para minha alma dormir
E me levar de volta para a cama
Você quer estar só
Quando, em vez disso, nós poderíamos estar vivos

Porque nós precisamos um do outro
Nós acreditamos um no outro
E eu sei que nós vamos descobrir
O que está dormente em nossas almas

Há muitas coisas
Que eu gostaria de saber
E há muitos lugares
Que eu desejo ir
Mas tudo está dependendo
Do lado que o vento está soprando

Cast No Shadow

Here's a thought for everyman
who tries to understand what is in his hand
he walks along the open road of love and life
surviving if he can

Bound with all the weight of all the words he tried to say
chained to all the places that he never wished to stay
bound with all the weight of all the words he tried to say
as he faced the sun he cast no shadow
Aqui vai um pensamento para todo homem
que tenta entender o que tem nas mãos
Ele caminha pela estrada aberta do amor e da vida
Sobrevivendo, se puder

Aprisionado pelo peso de todas as palavras que ele tentou dizer
Acorrentado a todos os lugares onde ele nunca desejou estar
Aprisionado pelo peso de todas as palavras que ele tentou dizer
E quando ele encarou o sol, ele não projetou nenhuma sombra

Little By Little


You know I didn't mean
What I just said
But my god woke up on the wrong side of his bed
And it just don't matter now

'Cause little by little
We gave you everything you ever dreamed of
Little by little
The wheels of your life have slowly fallen off
Little by little
You have to give it all in all your life
And all the time I just ask myself why you really here?


Saiba que eu não quis dizer
O que eu acabei de dizer
Mas o meu Deus acordou de mau humor
E isso não importa mais agora

Pois pouco a pouco
Nós lhe demos tudo que você sempre sonhou
Pouco a pouco
As rodas da sua vida estão caindo lentamente
Pouco a pouco
Você tem que abrir mão de tudo na sua vida
E todo o tempo eu só me pergunto por que, realmente você está aqui?




E pra finalizar, uma letra que é um hino pra mim. Que me faz levantar e ter fé sempre no melhor da vida...


The Hindu Times

I get up when i'm down
I can't swim but my soul won't drown
I do believe i've got flare
I got speed and i walk on air

Cos God gimme soul and all rock'n'roll (babe)
Cos God gimme soul and all rock'n'roll (babe)

I can get so high i just can't feel it
I can get so high i just can't feel it

In and out my brain
running through my veins
cos you're my sunshine
you're my rain

There's a light - that shines on
Shines - on - me - and it keeps me warm
It gimme peace - I must say
I can't sleep - cos the world won't wait

Cos God gimme soul and all rock'n'roll (babe)
Cos God gimme soul and all rock'n'roll (babe)

I can get so high i just can't feel it
I can get so high i just can't feel it




Eu levanto- quando eu estou para baixo
Não posso nadar - mas minha alma não se afogará
Eu acredito - eu tenho brilho
Eu ganhei velocidade e eu ando no ar

Porque Deus me deu alma e rock 'n' roll (baby)
Porque Deus me deu alma e rock 'n' roll (baby)

E eu fico tão grande que não posso nem sentir
E eu fico tão grande que não posso nem sentir

Dentro e fora do meu cérebro, correndo através de minhas veias
Porque você é a minha luz do sol, você é a minha chuva...

Há uma luz - que brilha
Brilha - sobre - mim - e me mantém quente
Isso me dá paz - eu devo dizer
Eu não posso dormir - porque o mundo não esperará


Porque Deus me deu alma e rock 'n' roll (baby)
Porque Deus me deu alma e rock 'n' roll (baby)

E eu fico tão grande que não posso nem sentir
E eu fico tão grande que não posso nem sentir

terça-feira, 19 de agosto de 2014

O Livro de Recordações de Minha Avó

O Livro de Recordações

Meus Boletins da 1a é 2a Séries

Meus Desenhos do jogo Paraguai 0 - 2 Brasil - Eliminatórias Copa 1986. Acima,  desenho do segundo gol,  Zico.

Fotos com os primos.

Meus Carros de Fórmula 1.

Foto da Banda de Rock de meu pai na Adolescência. Camisa e guitarra brancas.

Minha Avó - Dona Soely

Meu Avô - Chico "Alfaiate".

Enquanto a madrugada se desenha, vou desenvolvendo a técnica de escrever pelo celular. Como tive um problema no notebook, vou reinventando meus sentidos. O que pode parecer um obstáculo no primeiro momento, se transforma no alicerce de nossa evolução.
Falando em alicerce,  base da pessoa que me tornei foi moldada quando morei com minha avó paterna, Dona Soely, e com meu avô paterno que faleceu em seguida, Seu Chico. Vivi com minha avó dos sete ao início dos onze anos. 
Nesse tempo de convivência, ela pegou um antigo livro contábil da época da alfaiataria e transformou num livro de Recordações de minha infância. Algo que só alguém com amor e sabedoria poderia criar. 
Nesse livro estão fotos,  boletins, desenhos, textos, provas,  convites de aniversário, qualquer coisa que fosse considerada importante. Que de algum modo marcasse aquele período, como um copinho descartável de café de um jogo que fui no Olímpico.
Creio que o maior legado que Dona Soely me deixou com este livro é que, por mais que coisas ruins aconteçam, devemos seguir adiante e levar as boas lembranças dos momentos e das pessoas. E como cantou Noel Gallagher, "don't look back in anger".
  
Valeu, vó! Espero passar adiante sua sabedoria. Viu, Thaísa!!!

domingo, 17 de agosto de 2014

Oasis - A Trilha Sonora de uma Vida

O ingresso do lendário show em Porto Alegre


Link do show em Porto Alegre - "Don't Look Back in Anger"

   Enquanto a Nevasca pula no meu colo pedindo ração nova e o Walter me incomoda pra comer minha bolacha de limão, escuto um bom e velho rock pra elevar minha alma, iluminar as sombras e aquecer minha razão. E me transporta até o teclado, liberando meus dedos num passeio descompromissado sobre suas letras.
   Todos nós, de alguma forma, ligamos nossas personalidades a determinados objetos, formas, palavras, imagens, que, sendo vistas, ouvidas ou sentidas, somos lembrados por outras pessoas. Da minha parte, meu "marketing pessoal" sempre me ligou a quatro objetos. Três deles, positivamente (eu acho...) e outro, negativamente (não gosto de côco e seus infinitos doces). Dos "positivos", dois eu já citei aqui no blog: o fato de eu ser gremista (e apaixonado pelo futebol), e minha devoção aos textos e genialidade de Gabriel Garcia Marquez. Esporte, literatura e... falta a música. Como já fiz referência à minha antiga banda, nada melhor do que fazer referência à trilha sonora de minha vida: Oasis.
   Após conseguir um violão emprestado, aprendi a tocar sozinho e comecei a ampliar meu gosto musical. Na metade da década de 1990, ainda se tinha uma overdose de Guns'n Roses, Bob Marley, Raul Seixas e Nirvana. Eu costumava alugar cd's, fazer coletâneas, gravar em fitas e ouvir no meu "walkman" auto reverse da Sony. Queen, Live, R.E.M., Legião, Paralamas, Engenheiros, Eric Clapton, Elton John, Metallica, James Taylor, Iron Maiden, Cazuza, Stone Temple Pilots, Brian Adams, uma gama variada e ampla, mas sem encontrar uma banda ou cantor que me descrevesse por inteiro.
   Em março de 1996, comprei uma TV Mitsubishi colorida para meu quarto. Yesssss!!! E qual a minha grande surpresa: sintonizava a MTV!!! E ao presenciar aquele novo universo, percebi que, de algum modo, meu gosto musical estava obsoleto. E me permiti a conhecer melhor o que tocava. Naquele mês, no TOP 10, três bandas se revezavam nas mais pedidas: Foo Fighters, com "Big Me"; Smashing Pumpkins, com "1979"; e uns ingleses meio enjoados que pensavam ser os Beatles, tocando uma tal de "Wonderwall". Acho que você já deve ter ouvido falar dessa música... rsrsrs

Capa do Single de "Wonderwall"



   Pois bem, como é habitual quando se é jovem, não sabia que eu estava presenciando a "história" e todos os recordes que a banda formada por dois irmãos com cara de sonsos iriam bater. Onde já se viu um vocalista cantar com a mão pra trás, sem segurar o microfone??? Ouvi o álbum daquele momento, "(What's  the Story?) Morning Glory", sem saber que o álbum batia todos os recordes de venda na Europa e que, após muuuuuuuito tempo, uma banda inglesa voltava ao topo das paradas americanas (Billboard). O refrão grudento de "Wonderwall", a pegada vintage de "Roll With It", o piano despretencioso de "She's Eletric", o cartão de visitas de "Hello", o vocal surpreendente do guitarrista em "Don't Look Back in Anger", a explosão de "Morning Glory", a leveza e força de "Champagne Supernova". Fiquei impactado. Mas ainda faltava algo.

"(What's The Story) Morning Glory" - O Álbum que conquistou o mundo.

   No mês seguinte, o jornal Zero Hora publicou na capa de seu caderno de cultura dominical "Oasis - Os Beatles dos Anos 90". Para minha surpresa, na matéria, fiquei sabendo que "What's the Story" era o segundo álbum. E que o primeiro foi considerado o melhor álbum de estréia de uma banda de rock, e o de maior vendagem. Fiquei curioso.
   Num dia de semana qualquer, comprei o cd. Um nome, no mínimo, contraditório: "Definitely Maybe" (Definitivamente Talvez). Na contracapa, a banda sentada numa sala enquanto o guitarrista, no centro, segura o globo. No primeiro álbum, pretensão de conquistar o mundo???

"Definitely Maybe". 20 anos de uma obra prima.

    Na primeira canção, um rock intenso com um refrão profético: "Tonight, I'm a rock'n roll star!!!" (Nessa noite sou uma estrela do rock). A segunda faixa, "Shakermaker", passou arrastada pra mim. Porém, quando começou a terceira canção, tive um choque melodioso. Transcendi minha alma a uma nova dimensão: descobri a música que sempre sonhei um dia compor. Introdução, melodia, letra, solo de guitarra, vocal. Tudo fez sentido pra mim naquele instante. Eu me identifiquei em cada verso, em cada batida. Resumindo: a música era eu.

Capa do Single "Live Forever". Casa da infância de John Lennon.

"Maybe I will never be
All the things that I want to be
But now is not the time to cry
Now's the time to find out why
I think you're the same as me
We see things they'll never see
You and I are gonna live forever"






  Mais tarde, descobri que o guitarrista escreveu essa música em homenagem a seu ídolo, John Lennon, e a capa do single era exatamente a casa onde John viveu sua infância. A partir daquele instante, me curvei à genialidade de Noel Gallagher.
  Live Forever e Wonderwall estão entre as cem melhores músicas de rock do século passado, segundo a revista Rolling Stones.
  Ainda descobri "Whatever", "Slide Away", "Supersonic", "Columbia"... resumindo: um álbum fantástico.

  Bom, dá pra notar que me empolgo falando sobre o Oasis. E como é uma banda de muitos "cláááááááááássicos", só citarei os nomes de algumas que vieram a partir do fantástico terceiro disco "Be Here Now": Don't Go Away, Stand By Me, D'You Know What I Mean?, All Around the World, Talk Tonight, Acquiesce, Go Let It Out, Gas Panic, Stop Crying in Your Heart Out, The Hindu Times, Lyla, e uma referência especial a "The Masterplan".

"Por favor, irmão, deixe acontecer
                                           Esquivar-se da vida não vai nos deixar entender 
                                      Que somos todos parte do plano-mestre" 
                               (The Masterplan)




  Graças a meus amigos, que fizeram uma "vacona" e compraram o ingresso, fui no show do Oasis em Porto Alegre, em 12 de maio de 2009. Épico!!! Fantástico!!! Único!!! Uma noite para história.
  No final das contas, foi histórico pois, 3 meses após o show em Poa, a banda acabou. Noel Gallagher, que ano passado recebeu um prêmio como um dos gênios do rock e um dos melhores compositores dos últimos vinte anos, seguiu em carreira solo, criando o projeto "Noel Gallagher's High Flying Birds". O resto do Oasis, sob o comando do temperamental e talentoso vocalista Liam Gallagher, criaram a "Beady Eye". 


Noel Gallagher's High Flying Birds - "If I Had a Gun"



Beady Eye - "Bring the Light"


  Não alugo mais cd's, não gravo mais fitas cassete, não ouço meu walkman e nem vejo mais a MTV. Mas ainda sou movido pela energia e melodia de Noel Gallagher e o legado dos rapazes de Manchester. Afinal, como diz um trecho da genial "The Masterplan":


"Eu não estou dizendo que o certo é errado
Cabe a nós fazermos
O melhor de todas as coisas que cruzam nosso caminho
Porque tudo o que tem acontecido, passou
A resposta está no espelho
Existem 420 milhões de portas
No interminável corredor da vida"


   Que o rock viva para sempre.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Os Escudinhos da Revista Placar e seu legado

 
   Como a insônia está sendo minha companheira inseparável no stress do dia-a-dia, acabei de dividir um cachorro quente com meu gato, o popular Walter, e deixo minha mente mergulhar em boas lembranças, em coisas positivas, singelas, que sempre acalentam nossa alma e nos equilibram em meio de qualquer tempestade.
   Ao correr os olhos pela casa, observo no topo da prateleira algumas revistas antigas, com páginas amareladas, que traziam notícias inéditas do mundo, e hoje, se transformaram em documentos que descrevem a história. São algumas das minhas revistas Placar.


   No verão de 1987, entre meus dez e onze anos (faço aniversário em janeiro), minha mãe começou a comprar revistas em quadrinhos para mim. Eu preferia as do Mickey, em vez da Mônica. E ainda não estava preparado para os HQ's da Marvel ou DC Comics. Porém, meus olhos brilhavam num outro canto das tabacarias e bancas: nas revistas sobre futebol. E logo que fui morar com minha mãe e meu ex-padrasto pouco tempo depois (na época, eu morava com minha avó), consegui convencê-la a me dar o direito de livre escolha do que eu queria ler: a Revista Placar. Ainda mais que, eu tinha uma segunda opção, que seria o álbum de figurinhas da Copa União de 1987. Ela colocou no papel, pensou, e viu que a revista semanal seria mais em conta. rsrsrs



  A partir do segundo semestre de 1987, me tornei um leitor assíduo da revista. Lia todas as reportagens, a coluna do Juca Kfouri, o tabelão (onde eu recortava as escalações pra colar em meus times de botão), a última página de humor, nada escapava de meu olhar sedento infantil. E num cantinho especial da revista, dedicado às cartas dos leitores, estava a jóia preciosa de minha imaginação: os escudinhos de Placar. Times e seleções do mundo inteiro, que a Gulliver, Canindé ou outros fabricantes de futebol de botão não fabricavam, estavam ali. E na primeira revista que comprei estava o escudinho do Torino, da Itália, e um time brasileiro que não lembro. A tesoura parecia parte integrante de minha mão pelo cuidado. A cola era apenas uma gota. E aquele time de botão velho ganhava vida, transformando a mesa de casa no Stadio Comunale de Turim (eu ainda não tinha o campo de botão). Desde então, eu não perdoava troco de pão, não comprava merenda na escola e "chantageava" minha mãe toda vez que ela mandava eu buscar cigarro (sempre fui antitabagista rsrsrs). A revista da próxima semana sempre era o objetivo.


   Na Copa de 1982, eu ficava encantado com as bandeirinhas das tabelas dos jogos. E meu avô, seu Chico Alfaiate, naquela época, me ensinava as capitais do mundo e suas respectivas bandeiras. Apartir dali, sempre tive fascínio pelo futebol internacional. Adorava as partidas de campeonato italiano transmitidos pela Globo e Band, os clássicos Real Madrid e Barcelona que a Rede Manchete transmitia, as finais de Copa dos Campeões, Recopa e Copa da UEFA. a Placar intensificou em mim esse gosto e curiosidade. E os escudinhos saciavam esta paixão.


   No final de 1988, a Editora Abril, pra tornar a revista mais popular (barata), mudou seu formato. Páginas maiores, mais colorida, só 1 Cruzado Novo, e deixou de publicar dois meios times por revista (tinha sempre que comprar a revista subseqüente pra completar os times) para publicar 2 times por revista. Foi incrível! Com o sucesso, passaram a publicar 4 times completos por revista. Até o ápice: 5 times por revista!!! Loucura e delírio geral!!! Nunca recortei e colei tanto em minha vida!!! Faltavam botões!!! Foram publicados times do mundo inteiro, incluindo todas as seleções européias que disputavam as eliminatórias e todos os times que disputavam o campeonato italiano. Épico! rsrsrsrs


   Infelizmente, no final daquele ano, teve eleição pra presidente e um "caçador de marajás" acabou sendo eleito. No dia seguinte à posse, reteve o dinheiro na conta bancária de todos pra reter a inflação. Foi um caos. E a revista ficou um tempo sem ser publicada, pra não acabar de vez, passou a ser mensal, com temas especiais. Perdeu seu brilho. Chegou a lançar uma edição com escudinhos de 60 times da Europa, que me roubaram. Mas, infelizmente, a Placar nunca mais foi a mesma.


   A Revista Placar existe desde 1970. Nessa época, já publicava os escudinhos. Em 1989, chegou à edição 1000. Hoje em dia, segue mensal, mas fez edições especiais por jogo do Brasil na última copa. Algo que era comum nas copas anteriores ao Collor.
   Numa época de internet, onde qualquer informação está ao alcance de seus dedos, existem muitos blogs que fazem escudinhos inspirados no legado da revista. O que demonstra o quanto a revista marcou uma geração que não tinha PES ou Fifa pra fantasiar seu amor pelo futebol.


   Se hoje consigo escrever um texto desse tamanho corretamente, devo muito à Revista Placar. Infelizmente, alimentado por ela, não realizei o sonho de ser jornalista esportivo. Mas, pelo menos, nunca perdi uma discussão sobre o "esporte bretão". No máximo, um empate com cinco volantes. rsrsrs
 
   Obrigado, Placar. Por ajudar a formar o homem que sou hoje.