quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Onde os Sonhos Dormem (poema)



Eu sei que sentes saudade.
Por mais que a vaidade
faça a vontade ser pequena
e o orgulho
procure furos
no intangível,
sei que sentes minha falta.
No despertar do dia
e na forma fria
que a alma encara
os desafios.
Ou no desaparecer da noite
quando a dor se esconde
onde os sonhos dormem.
E fogem,
por achar que ser adulto
é desenhar no escuro
sem as cores do perdão.
Mas é mera ilusão
achar que meu coração
te ignora.
Ao contrário,
está impregnado
com tuas cores,
fragrância e sabores.
Mesmo com teu silêncio,
não estou sozinho.
Não há vento sem moinho.
Apenas pego o vazio
e sigo arredio
por não ignorar
a benção
que o destino nos dá.
Mas, saberei esperar.
Quando tua mágoa passar
saberá
que o amor é teu
e nunca te abandonará.

By Cristian Ribas

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A Ponta do Laço (poema)




Apenas ouço a canção.
Procuro dentro de mim,
a ponta do laço,
o mais fino traço,
capaz de desatar todos os nós.
E nós...
Que somos eu e você,
na distância dos enganos,
no vazio da falta de planos,
que não vimos o belo,
esquecemos de cuidá-lo
antes do amor partir.
E agora,
o que faço pra você sorrir?
Tentei ficar,
quando devia partir.
Tive de ir,
quando quis permanecer,
sempre tendo de escolher
entre dois caminhos
onde nenhum é o correto.
Pensei que tudo fosse concreto
até despedaçar em nossas mãos,
até perder meu coração
e encontrar o teu.
E agora,
quem sou eu?
Sigo o mistério de sempre,
me chocando com a parede,
por só olhar para meu umbigo.
Nunca quis falar sobre isso,
pois temi meu próprio medo.
Quis deixar em segredo
o que todos sabiam
e só agora eu sei.
Que eu pequei...
Não por te amar demais,
mas por me entender de menos.

By Cristian Ribas

Obs: Parte integrante do livro de minha autoria, "O Sentido dos Ventos", de 2007.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Cores Misturadas (poema)




Ouço muitas vozes...
Que falam alto,
mas não dizem nada.
Vejo muitos rostos,
de traços belos
ou assimétricos,
mas não me prendem a atenção.
Pois não é qualquer palavra,
que se torna poesia.
Não é qualquer melodia,
que se torna canção.
Não é qualquer mulher,
que toca meu coração.
Sou feito de emoção.
De fragmentos de inocência,
de grandes faixas de indecência
mesclados com minha bondade.
Carrego medos herdados,
sombras nítidas
quando falta o sol.
Mas, sou tempestade,
que o vento leva
e deixa o arco-íris.
E conheço tuas cores,
pois elas se misturam às minhas.
E de tão belas,
o resto parece
determinantemente cinza.
Então, vamos pintar o mundo,
com nossas mãos vazias,
jogando tinta aonde estiver
a falta de nosso amor
e alegria.

By Cristian Ribas

Obs: Parte integrante de meu livro "O Amante da Lua".

domingo, 26 de outubro de 2014

Cem Amores num Soneto (poema)



Ao te encontrar, eu me encontro.
Ao te perder, eu me perco.
Não que seja uma mera dependência.
Talvez, uma mera conseqüência
de um amor de traços e versos.
As sílabas não se encaixam,
as cores perdem sua intensidade,
a luz perde o seu calor,
as estrelas deixam o brilho.
Não que eu me ame de menos.
É que te amo demais.
Mas, no concerto das horas,
conserto minha lua
pra refletir o teu sol.
E só, recrio um novo universo.
Sonhos delirantes,
pequenos segredos,
caminhos misteriosos
que me levam até você.
Escrevo cem amores num soneto.
Sem rimas,
apenas desejos.
Sem métricas,
apenas vontades.
E fico assim,
pairando nuvens claras,
pintando num céu de veludo,
a viagem abandonada pelos deuses
que provocou nosso desencontro.
Mas te encontro sempre.
Nos meus olhos,
no meu sorriso,
no meu peito...
Pois sou tua metade.
Nada mais que a verdade.
Pois, por mais que eu vague
pelas esquinas,
ou cruze as encruzilhadas
dos corações partidos,
é em mim que está tua paz
e nada me fará tão feliz.
Pois me completa.
Te deixo repleta.
E por mais que negue,
o tempo, nobre imortal,
nos doará um pouco de sua sabedoria
e roubará nossa ignorância.
E seguiremos inconscientes
percorrendo os caminhos já traçados,
que se cruzarão logo adiante.
Pois é do amor que nascemos.
Por ele procuramos, vagamos e sofremos.
E encontraremos o que já nos foi reservado.
Só o amor.
O amor tão só.

By Cristian Ribas

Obs: Parte integrante do livro "O Sentido dos Ventos", de minha autoria, em 2007.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Esperanto (poema)



Escrevo pra te alcançar.
Simplesmente,
porque meus olhos não te vêem
mas minha alma te espera
lá na frente.
Sei que é incoerente
traçar nossos planos,
herdar o abandono
e te dar,
de presente,
minha singela companhia.
Mas meu coração
é meu guia.
E mesmo na excassez desses dias,
na razão desequilibrada
que te faz sofrer
por viver na fantasia
o que não te pertence.
Como gostaria
que você entendesse
que não há como desistir,
pra onde correr,
tentar fugir
de quem você é.
Se ainda estamos de pé
é porque temos um valor
que a moeda não paga
e que o amor
não é uma estrada
cercada
só por dor e sofrimento.
E no lapso do tempo,
leio teus pensamentos
em esperanto,
como um canto
que você conhece
mas ainda não sabe
a tradução.

Cristian Ribas

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A MetAMORfose (poema)


Abandonei Kafka na cama
e ao adormecer,
despertei meus sentidos.
Criei asas,
voei entre fadas
e me transformei
naquilo que todos sabiam
e só eu temia conhecer.
Não sou mais minha pele,
a cor dos meus olhos
ou os acordes da minha voz.
Hoje, eu sou nós.
Nos pesadelos que tiram nossa paz
ou na alegria que ilumina os dias.
Na dança sem ritmo
ou na canção melodiosa
que só ouço em teu coração.
Por isso que,
sozinho
perco o brilho,
esqueço as virtudes
e caio no solo.
Só contigo,
volto a ser eu.
E não é mera dependência,
apenas exigência
de meu amor egoísta
que reflete em qualquer palavra
o valor da tua existência.
Pois, não te amo só por quem tu és,
mas por quem sou
quando estou contigo.

By Cristian Ribas

Retirado de meu livro "O Amante da Lua", de 2009.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Um Setembro Qualquer (poema)




Ainda custo a acreditar
nas voltas que o mundo dá
e como vim parar
no mesmo lugar.
Parecia um setembro qualquer
quando um homem
reencontra uma mulher
e no desabrochar da primavera
tudo que se espera
estava lá.
Num sonho real
de sorriso angelical
e noites infinitas.
Como se a leve brisa
de sua beleza
arrebentasse a represa
de meus sentimentos.
Por um momento,
voltei a acreditar
em utopia,
na intensa magia
de um olhar
ou no pulsar
de dois corações.
As emoções foram entregues
e tudo o que se podia sentir
me fazia sorrir
por natureza.
Como um rio
que vira oceano
e jamais fica vazio,
que cresce com a tempestade
e se revigora com a idade.
Mas de repente,
chegou o frio.
O que era freqüente
perdeu-se no medo
e na intolerância,
o amor leve de criança
transformou-se em desconfiança
adulta e madura,
um retrocesso complexo
que busca nas curvas
as razões pra ficar pelo caminho.
E o que era dois
agora segue sozinho.
Não por falta de amor
mas pelo redemoinho
que criou-se no orgulho,
pela dor
vinculada à vaidade
e pela impossibilidade
de tirar da caverna
quem não consegue
ver a luz.
Se ainda resta cruz,
carregarei sem remorso,
mesmo na dormência do ódio
pela própria impotência.
Então, me ajoelho,
peço paciência
e perseverança.
Ainda há muitos meses pra chegar
e quando eu acordar
sei que o amor estará lá.
Hoje, amanhã
ou em um setembro qualquer.

By Cristian Ribas

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Passatempo (poema)



Por mais que o dia
mantenha sua ironia,
sigo com a mesma mania
de prosseguir.
Mesmo quando os enganos
mudam os planos
e os medos
expõem segredos
que o silêncio
guarda,
ou quando se retarda
o ansiado encontro
ferido sob escombro
que o velho monstro
não fala,
mantenho minha rotina
de sorrir.
É uma densa teimosia
abandonar as sentenças
jogadas sobre a cabeça
e não perder a destreza
de acreditar.
E mesmo quando
eu não acordar
quero deixar
como legado
que meu fardo
é mais leve
do que se possa imaginar.
Pois se plantei amor,
a dor
é mero passatempo
até que o sofrimento
faça sentido.

By Cristian Ribas


sábado, 18 de outubro de 2014

Duas Mãos (conto)



   Minhas mãos ainda tremem e o coração teima em sair pela boca. Meu nervosismo é tanto que, instintivamente, passo a mão em meus cabelos tentando disfarçar o branco que se espalha em minha cabeça. Automaticamente, meu sorriso bobo não condiz com minha idade e o suor de minhas mãos me faz mergulhar na lembrança de quando a vi pela primeira vez naquela tarde de inverno. E mesmo que os anos tenham passado e as rugas tenham desenhado o mapa de minhas experiências em meu rosto, a minha alma é adolescente. Me sinto completamente sem chão. Talvez, porque aquele sorriso de outrora, no mergulho mais profundo de meus sentidos, ainda me faça voar.
   Ao senti-la em minha presença, um redemoinho de emoções me levita e me choca às nuvens. Jamais imaginei que, mesmo com o passar dos dias, ela estaria mais bela. Um brilho de menina meiga no corpo de mulher madura me transporta ao nirvana. Não consigo reconhecer onde estou, os sons que me circundam ou as cores que pintam o horizonte. Um magnetismo translúcido direciona todos os meus sentidos para ela. O mesmo cheiro, o mesmo olhar, a mesma sensação que me faz perder todas as respostas de homem maduro. Que joga todas as inseguranças sobre a minha cabeça mas que, ela, simplesmente ela, me liberta.
   Ao me aproximar e sentir um terremoto em minhas pernas, consigo pegar em sua mão e dizer um "oi" sem desviar o olhar. Vejo que seu sorriso tímido segue intacto e seu olhar foge para o chão, mas volta, mais intenso e inebriante. Ao estender minha mão ao seu rosto e mexer em seu cabelo, é como se cada ano perdido fosse recuperado. E aquele sentimento esquecido num canto entre a ilusão e a saudade viesse soterrando qualquer indagação. Tudo o que me importava era ela. E quando pude sentir seu abraço, sua cabeça reclinada em meu peito com meus braços envoltos em seu corpo, eu voltei a sentir a fusão de nossas emoções. Senti como se nossas almas nunca tivessem separadas. E percebi que o tempo não passa de números quando se reencontra o melhor de nós mesmos em alguém.
   Não sei se é dia ou noite. Se chove lágrimas ou se os pássaros cantam em revoadas. Só sei que, nos braços dela, é onde quero permanecer, renascer e morrer. Por mais que a vida nos desafie com suas batalhas, o destino sempre se encarrega de ser irônico e justo. E mesmo que a rotina da distância tenha tornado tudo cinza, vejo com clareza que, todas as cores, só podem ser pintadas, em duas mãos.

By Cristian Ribas

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O Melhor Caminho (poema)



Não precisa
tirar o óculos
para que eu
reconheça
o brilho
dos teus olhos.
Ainda vejo
teus sonhos,
mesmo
que os monstros
persigam teus medos,
que os receios
circundem tua sina
e a rotina
limite as vontades.
Ainda é possível
reconhecer a verdade
mesmo que
a realidade
não seja
o melhor caminho,
e a saudade
sempre nos encontre
quando estamos
sozinhos.
E na distância dos sentidos,
cubro meus ouvidos
para ouvir
teu coração.
E a emoção
ainda sobrevive,
mesmo no passar das horas
e bem antes
que o amor termine.

By Cristian Ribas

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

A Sombra da Lua (poema)



Talvez não tenha sido
um dia bom.
De nuvens densas
e palavras confusas,
notícias tristes
ou desejos perdidos.
Talvez o medo escondido
ainda tenha formas
e a sombra da lua
se transforma
em escuridão.
Talvez a febre
ainda nos cegue
enquanto a lucidez
for tão pequena.
Mas mesmo na distância,
sei da tua grandeza,
intensidade e beleza,
e que esse brilho
jamais se apagará.
Na distância dos polos,
tua alma deseja colo,
teus olhos
um sorriso
e teu corpo
um repouso.
E mesmo que pareça
tudo morno,
reconheça
que o fogo
não se apagará.
E quando
um novo dia chegar,
em alguma curva
irei te encontrar,
te dar meu abraço
e todo cansaço
deixará de existir.
O amor é o que somos,
o que levamos,
o que deixamos
e o que encontraremos
até o céu cair.

By Cristian Ribas

Cabelos Brancos (poema)







Ainda vejo
nos seus olhos
o brilho
que me encanta,
a esperança
que me inspira
e a lembrança
que me move.
Ainda vejo
muito mais
que a sorte.
Mais do que enganos
e medos,
mais do que tropeços
ou pesadelo.
Sinto o amor
intenso,
o sentimento,
o abraço
e o afeto.
Sinto a vida
arrepiar a pele,
o beijo
que se transforma
em febre
e o desejo
que sacia
a sede.
Sinto o tempo
parar
e a areia
escorrer
por entre os dedos.
E mesmo
em meus cabelos brancos,
sou menino
que o destino
transforma
ao teu lado.

By Cristian Ribas

terça-feira, 14 de outubro de 2014

O Sentido do Medo (poema)





Tenho medos.
De formas distintas,
cores variadas
e destemperos.
Da ignorância que nos cala
ou do ressentimento
que seca
o que há por dentro
em detrimento
do discernimento.
Temo a escuridão,
e ficar no exílio
do brilho
de sua beleza.
Temo o silêncio
e a tristeza
de não escutar
você me chamar
e dizer o que sente.
Temo a perda do tato
e o simples fato
de não sentir mais
o arrepio da tua pele.
Mas, meu maior medo
é me considerar superior
a qualquer sentimento,
sem vigiar meus tormentos
e deixá-los cair em esquecimento.
Pois, o medo
é meu instinto de preservação
e a evolução
de todos os meus
sentidos.

By Cristian Ribas


Odisseia (poema)




Minha alma resiste,
mesmo quando
o corpo insiste
em se entregar.
Mesmo se o divagar
das ideias
transforme em odisseia
qualquer situação
ou encha de ironia
a inquietante rotina
que nos amarra
à solidão.
A mais bela canção
é aquela
que cantamos na sala
e ecoa pela janela
transformando em aquarela
a tarde cinza.
É pegar o reto
e traçar curvas
ou reciclar o concreto
com todo o afeto
que habita nosso peito.
Por mais que desista,
não tem mais jeito:
sigo na luta
sob efeito do destino.
Pois desistir de você
é me ver
sem ter
o melhor de mim.

By Cristian Ribas

domingo, 12 de outubro de 2014

O Legado (poema)



É melhor parar.
Repousar os sentimentos
no lapso do tempo
que permeia
os sentidos.
Reconhecer os inimigos
que habitam
minha alma
e escondem
meus medos.
E em segredo,
enfrentá-los,
elevando os pensamentos
e resgatando,
aqui dentro,
o que há de bom.
E quando o peito implode,
identificar os males
e restaurar o equilíbrio.
A vida está
além do nosso domínio,
e o ciclo
estará sempre renovado.
Pois enquanto houver ar
haverá
alguma lição
em nosso legado.

By Cristian Ribas


As Sentenças (poema)



Me perdoe
se você não sente,
se de repente,
tudo ficou dormente
e o claro
ficou incoerente.
Nunca tive
um bom faro,
um preparo raro
pra mergulhar de cabeça
em todas as sentenças
que o amor aplica.
Se a noite foi,
o amanhã fica
entre tons de despedida
que a melodia
não alcança.
Mesmo assim
te toco sem expectativa,
sendo meu jeito tolo
o tom da fantasia,
que horas te apaixona
e outras,
você abomina.
E seguirei
fora da rotina,
pairando no vento,
destilando nostalgia
e transformando
teu dia,
na poesia,
que as palavras
não contam.

By Cristian Ribas

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Dentro de Ti (poema)




Antes de dormir
preciso me sentir
dentro de ti.
Seja na saudade
que sutilmente
te invade,
ou naquele olhar
que sem tempo
ou lugar
me procura.
Me sinto a cura
pra tua solidão,
mesmo se minha mão
não te toca.
Isso porque
a minha lembrança
te provoca,
e a minha falta,
entre cantos e encantos,
te sufoca.
Então,
recorde do meu sorriso,
de nossos passeios,
segredos
e antídotos,
que se escondem na lua
e se libertam
como abrigo
daquilo que éramos.
E nesse instante,
voltamos a ser,
o melhor de nós,
nesse lapso de querer
o que sempre
foi nosso
destino.

By Cristian Ribas



Pelos Trilhos (poema)



Não vou deixar
transparecer
que viver
é uma arte inacabada.
Entre noites escondidas
e novas alvoradas,
o trem que me leva
escorrega pelos trilhos
e me joga na estrada,
pra te achar
na velha palavra
e no novo conceito.
Mesmo quando
o tempo me carregava,
você não mudou
seu jeito.
E eu, surpreso
me encantava,
admirava
cada traço do seu rosto,
cada melodia do teu canto,
cada toque em minha alma.
Agora,
troco a pressa
pela calma.
No encanto do tempo,
no encontro dos sonhos
e na vontade que parte.
E o que fica
é esse olhar que hipnotiza
e tua forma de menina
que se eterniza
em meus olhos.

By Cristian Ribas


quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Quem Somos (poema)




Me deixe admirar
a paisagem
que se reflete
no fundo dos teus olhos.
Como um sonho
que se desenha
em meus atos falhos
pra te fazer sorrir
com esse jeito
de palhaço.
Segurar tua mão
e te puxar para um abraço
enquanto a multidão
segue em sua solidão.
Brincar entre os corredores
do supermercado,
fazer manha
com um produto errado
e acertar
ao te querer
do meu lado.
É tirar a camiseta
no escuro do cinema
pra te proteger do frio,
esconder a pipoca
e esquecer da tela
pra te roubar um beijo.
E quando a noite adormecer
estarei em você
e nas coisas simples
que nos fazem ser
quem somos.

By Cristian Ribas

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Teu Sono (poema)



Enquanto você dorme,
meu sonho te cobre
pra te encantar
com a realidade.
Na verdade,
você sempre me esperava,
na partida do trem
ou na nova chegada,
com resquícios de noite
e na manhã ensolarada.
Tudo se desenhava
com cores neutras
e matizes manchadas.
Até que descobri
que eu te levava
entre ondas e naufrágios,
curvas e atalhos,
perdas e atrapalhos.
Guardada e protegida,
te escondi numa ferida
que o tempo,
com sua sabedoria,
fez questão de cuidar.
E quando
tudo parecia esquecido,
a vida desafiou o destino
e jogou o laço
em nosso abraço.
E agora
não há como soltar.

vou brincar
na tua madrugada,
pra quando
estiver acordada,
possa sentir,
que nessa estrada,
você não está mais
só.

By Cristian Ribas



segunda-feira, 6 de outubro de 2014

O Amor Pelo Futebol e as Mulheres





       Enquanto a cafeteira brinca de ampulheta e o Walter (meu gato) fica esperando a sua vez de usar o notebook só pra pegar o mouse, observo a tarde perder a luz pela janela e minha alma e pensamentos se tornarem a cada dia mais claros. Isso é um fato positivo quando estamos cercados de bons sentimentos e das belas surpresas da vida.
        Falando em surpresas e bons sentimentos, meu time lotou seu lindo novo estádio no final de semana e acabou perdendo o jogo. Apesar deste tropeço, fico contente por ver aquela linda arena carregada de emoção e intensidade. E isso vai ao encontro de uma das minhas teorias malucas de mesa de bar.
        Nos últimos anos, como um "pseudo" observador-filósofo-apaixonado-intelectual-sarcástico-humilde das situações do cotidiano, alio duas paixões que devoram minha alma e encantam meus sentidos: futebol e mulheres. Não há dúvidas, que entendo bem mais do primeiro assunto (risos). E juntando esses fascinantes temas, faço uma declaração para todas as damas do universo: queira ter um homem que te ame com a mesma forma e intensidade que sua paixão por um time de futebol (risos). Por favor, feministas de plantão, não me excomunguem ou me açoitem com verbetes. Apenas, vamos brincar com as analogias que virão.
        Primeiro, um torcedor pode xingar, brigar, chorar, se debater, encher a cara que, por pior que seja a derrota de seu time do coração, ele o seguirá amando incondicionalmente e, nos momentos de crise, de forma mais intensa. Mesmo que não concorde com o treinador, que considere o goleiro frangueiro e o centroavante um perna-de-pau. Sempre vai defender a história e cores de seu amor. Pode até admirar o "tiki-taka" do Barcelona, o "blitzkriege" do Bayern de Munique e até achar "simpático" o Cristiano Ronaldo. Na primeira oportunidade, vai esquecer de tudo isso e mostrar ao mundo todo o seu orgulho. Vai usar aquela camisa velha e encardida só porque acha que dá sorte. Terá fotos masculinas antigas de jogadores que se tornaram "semi-deuses". E quando vencer com um gol no último minuto no final do campeonato, seus olhos brilharão tão intensamente que a criança dentro de seu peito se libertará.
       Pense bem, você que está lendo esse texto. Seu namorado ou marido, alguma vez, já vestiu uma camisa com seu nome ou cantou em público te jurando amor eterno? É... tem coisas que só o futebol pode proporcionar. E que bom que o "esporte bretão" está se universalizando, deixando de ser uma coisa masculina e ganhando a beleza feminina em seus cânticos.
      Então, não tenha ciúmes desse amor incondicional. Apenas admire e, melhor ainda, participe e cultive isso de algum modo. Pois são as paixões que dão cores à vida e pintam em nossa alma doces lembranças e histórias. Como aquele time de 1995...  Bons tempos...(risos)

By Cristian Ribas

domingo, 5 de outubro de 2014

Uma Nova Lição (poema)




Estou velho demais
para ter medo,
me prender ao zelo
e deixar a vida passar.
Procuro ver a oportunidade
e reconhecer na realidade
onde me encaixo.
Como um pequeno facho
que rompe a escuridão
ou um jovem aprendiz
rabiscando uma nova lição
com as mãos
de seu mestre.
Se vier a febre,
tomarei o remédio.
Se cair na rotina,
dominarei o tédio,
e quando meu corpo
se entregar,
farei minha alma
se elevar
e brincar
entre nuvens.
E mesmo parecendo absurdo,
sigo coerente,
curando as feridas,
rindo entre a gente
com meu jeito adolescente
em vez de lamentar
as dores do mundo.

By Cristian Ribas



quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Tiririca e Minha Saudade de OSPB

   Estou apavorado vendo o debate à presidência. Como me considero conhecedor mediano de política, vejo que, em vez de termos um debate de idéias, o que testemunhamos é um descarrego de intrigas e fofocas baixas que não agregam nenhum valor moral ou ideológico pra quem almeja escolher um candidato. Tempo desperdiçado.
  Então, com minha inseparável xícara de café, deixo os poemas um pouco de lado pra tentar escrever sobre um assunto que povoa minha cabeça, nessa noite de debate, que comprova que, nem sempre, a modernidade acaba trazendo "melhorias".
   No meu livro de recordações, visualizo as matérias que eu tinha na escola: Língua Portuguesa, Educação Física, Língua Inglesa, História, Geografia, Matemática, Ensino Religioso, PPT (Preparação Para o Trabalho), e uma sigla interessante: O.S.P.B.. Mas, será que alguém, da nova geração, sabe o que é isso??? rsrsrs
   O.S.P.B. nada mais era a matéria que nos conscientizava sobre o funcionamento e estrutura da máquina pública: Organização Social e Política Brasileira. Ela nos ensinava sobre os três poderes, sobre suas funções, sobre suas designações e obrigações, explicava o que era o Estado, o que representa um senador, deputado federal, deputado estadual, vereadores, prefeitos, governadores e presidente. Explicava o processo eleitoral, a quantidade de deputados federais por estado e como funciona a escolha de senadores. Resumindo: uma matéria fundamental para o entendimento e o poder do voto.
   O.S.P.B. e Educação Moral e Cívica foram criadas pelo Decreto Lei 869/68, e obrigatório a partir de 1969. Substituíram Filosofia e Sociologia e foram vinculadas ao regime militar. Em 1996, as duas matérias foram extintas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), estabelecidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), consideradas impregnadas de um "caráter negativo de doutrinação".
   No domingo, 5 de outubro, teremos as eleições. E como o horário político invade nossa casa sem pedir licença, tento me concentrar naquilo que é realmente importante. E o que mais me "apavora" é ver como o "fenômeno Tiririca", tenta ser aplicado nessas eleições pra ludibriar os votantes e angariar vagas para suas legendas. Pois, graças ao desconhecimento geral, raros os que conhecem o que é o sistema proporcional, onde a quantidade de vagas é dividida pelas legendas, e não só pelos candidatos mais votados.  E voto distrital, então, ninguém conhece. Por isso, não sabem que seria o ideal para diminuir custos e a corrupção, equilibrando a eleição.
   Então, seguirei vendo esse debate. De cabelo em pé. Numa celebração institucional à ignorância e desconhecimento. E depois, quando votarmos errado, não adiantará de nada sair às ruas.



A Porta (poema)




Não diga nada,
apenas me abrace
na madrugada
enquanto a realidade
se apaga
e se transforma
em sonho.
O tempo
que vaga sereno,
nos roubou as lembranças
mas nos devolveu
as crenças,
absolveu a sentença
e nos deu
uma nova chance.
Na pele que habito,
na boca que beijo,
nos olhos que vejo
e se tornam espelho
da minha alma
ao me sentir
dentro de ti.
E ao te fazer sorrir,
compreendo
minha existência
transformando
minha dependência
em nossa cumplicidade.
Pois se o amor retorna
foi porque a porta
nunca se fechou.