domingo, 17 de agosto de 2014

Oasis - A Trilha Sonora de uma Vida

O ingresso do lendário show em Porto Alegre


Link do show em Porto Alegre - "Don't Look Back in Anger"

   Enquanto a Nevasca pula no meu colo pedindo ração nova e o Walter me incomoda pra comer minha bolacha de limão, escuto um bom e velho rock pra elevar minha alma, iluminar as sombras e aquecer minha razão. E me transporta até o teclado, liberando meus dedos num passeio descompromissado sobre suas letras.
   Todos nós, de alguma forma, ligamos nossas personalidades a determinados objetos, formas, palavras, imagens, que, sendo vistas, ouvidas ou sentidas, somos lembrados por outras pessoas. Da minha parte, meu "marketing pessoal" sempre me ligou a quatro objetos. Três deles, positivamente (eu acho...) e outro, negativamente (não gosto de côco e seus infinitos doces). Dos "positivos", dois eu já citei aqui no blog: o fato de eu ser gremista (e apaixonado pelo futebol), e minha devoção aos textos e genialidade de Gabriel Garcia Marquez. Esporte, literatura e... falta a música. Como já fiz referência à minha antiga banda, nada melhor do que fazer referência à trilha sonora de minha vida: Oasis.
   Após conseguir um violão emprestado, aprendi a tocar sozinho e comecei a ampliar meu gosto musical. Na metade da década de 1990, ainda se tinha uma overdose de Guns'n Roses, Bob Marley, Raul Seixas e Nirvana. Eu costumava alugar cd's, fazer coletâneas, gravar em fitas e ouvir no meu "walkman" auto reverse da Sony. Queen, Live, R.E.M., Legião, Paralamas, Engenheiros, Eric Clapton, Elton John, Metallica, James Taylor, Iron Maiden, Cazuza, Stone Temple Pilots, Brian Adams, uma gama variada e ampla, mas sem encontrar uma banda ou cantor que me descrevesse por inteiro.
   Em março de 1996, comprei uma TV Mitsubishi colorida para meu quarto. Yesssss!!! E qual a minha grande surpresa: sintonizava a MTV!!! E ao presenciar aquele novo universo, percebi que, de algum modo, meu gosto musical estava obsoleto. E me permiti a conhecer melhor o que tocava. Naquele mês, no TOP 10, três bandas se revezavam nas mais pedidas: Foo Fighters, com "Big Me"; Smashing Pumpkins, com "1979"; e uns ingleses meio enjoados que pensavam ser os Beatles, tocando uma tal de "Wonderwall". Acho que você já deve ter ouvido falar dessa música... rsrsrs

Capa do Single de "Wonderwall"



   Pois bem, como é habitual quando se é jovem, não sabia que eu estava presenciando a "história" e todos os recordes que a banda formada por dois irmãos com cara de sonsos iriam bater. Onde já se viu um vocalista cantar com a mão pra trás, sem segurar o microfone??? Ouvi o álbum daquele momento, "(What's  the Story?) Morning Glory", sem saber que o álbum batia todos os recordes de venda na Europa e que, após muuuuuuuito tempo, uma banda inglesa voltava ao topo das paradas americanas (Billboard). O refrão grudento de "Wonderwall", a pegada vintage de "Roll With It", o piano despretencioso de "She's Eletric", o cartão de visitas de "Hello", o vocal surpreendente do guitarrista em "Don't Look Back in Anger", a explosão de "Morning Glory", a leveza e força de "Champagne Supernova". Fiquei impactado. Mas ainda faltava algo.

"(What's The Story) Morning Glory" - O Álbum que conquistou o mundo.

   No mês seguinte, o jornal Zero Hora publicou na capa de seu caderno de cultura dominical "Oasis - Os Beatles dos Anos 90". Para minha surpresa, na matéria, fiquei sabendo que "What's the Story" era o segundo álbum. E que o primeiro foi considerado o melhor álbum de estréia de uma banda de rock, e o de maior vendagem. Fiquei curioso.
   Num dia de semana qualquer, comprei o cd. Um nome, no mínimo, contraditório: "Definitely Maybe" (Definitivamente Talvez). Na contracapa, a banda sentada numa sala enquanto o guitarrista, no centro, segura o globo. No primeiro álbum, pretensão de conquistar o mundo???

"Definitely Maybe". 20 anos de uma obra prima.

    Na primeira canção, um rock intenso com um refrão profético: "Tonight, I'm a rock'n roll star!!!" (Nessa noite sou uma estrela do rock). A segunda faixa, "Shakermaker", passou arrastada pra mim. Porém, quando começou a terceira canção, tive um choque melodioso. Transcendi minha alma a uma nova dimensão: descobri a música que sempre sonhei um dia compor. Introdução, melodia, letra, solo de guitarra, vocal. Tudo fez sentido pra mim naquele instante. Eu me identifiquei em cada verso, em cada batida. Resumindo: a música era eu.

Capa do Single "Live Forever". Casa da infância de John Lennon.

"Maybe I will never be
All the things that I want to be
But now is not the time to cry
Now's the time to find out why
I think you're the same as me
We see things they'll never see
You and I are gonna live forever"






  Mais tarde, descobri que o guitarrista escreveu essa música em homenagem a seu ídolo, John Lennon, e a capa do single era exatamente a casa onde John viveu sua infância. A partir daquele instante, me curvei à genialidade de Noel Gallagher.
  Live Forever e Wonderwall estão entre as cem melhores músicas de rock do século passado, segundo a revista Rolling Stones.
  Ainda descobri "Whatever", "Slide Away", "Supersonic", "Columbia"... resumindo: um álbum fantástico.

  Bom, dá pra notar que me empolgo falando sobre o Oasis. E como é uma banda de muitos "cláááááááááássicos", só citarei os nomes de algumas que vieram a partir do fantástico terceiro disco "Be Here Now": Don't Go Away, Stand By Me, D'You Know What I Mean?, All Around the World, Talk Tonight, Acquiesce, Go Let It Out, Gas Panic, Stop Crying in Your Heart Out, The Hindu Times, Lyla, e uma referência especial a "The Masterplan".

"Por favor, irmão, deixe acontecer
                                           Esquivar-se da vida não vai nos deixar entender 
                                      Que somos todos parte do plano-mestre" 
                               (The Masterplan)




  Graças a meus amigos, que fizeram uma "vacona" e compraram o ingresso, fui no show do Oasis em Porto Alegre, em 12 de maio de 2009. Épico!!! Fantástico!!! Único!!! Uma noite para história.
  No final das contas, foi histórico pois, 3 meses após o show em Poa, a banda acabou. Noel Gallagher, que ano passado recebeu um prêmio como um dos gênios do rock e um dos melhores compositores dos últimos vinte anos, seguiu em carreira solo, criando o projeto "Noel Gallagher's High Flying Birds". O resto do Oasis, sob o comando do temperamental e talentoso vocalista Liam Gallagher, criaram a "Beady Eye". 


Noel Gallagher's High Flying Birds - "If I Had a Gun"



Beady Eye - "Bring the Light"


  Não alugo mais cd's, não gravo mais fitas cassete, não ouço meu walkman e nem vejo mais a MTV. Mas ainda sou movido pela energia e melodia de Noel Gallagher e o legado dos rapazes de Manchester. Afinal, como diz um trecho da genial "The Masterplan":


"Eu não estou dizendo que o certo é errado
Cabe a nós fazermos
O melhor de todas as coisas que cruzam nosso caminho
Porque tudo o que tem acontecido, passou
A resposta está no espelho
Existem 420 milhões de portas
No interminável corredor da vida"


   Que o rock viva para sempre.

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