quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Um Setembro Qualquer (poema)




Ainda custo a acreditar
nas voltas que o mundo dá
e como vim parar
no mesmo lugar.
Parecia um setembro qualquer
quando um homem
reencontra uma mulher
e no desabrochar da primavera
tudo que se espera
estava lá.
Num sonho real
de sorriso angelical
e noites infinitas.
Como se a leve brisa
de sua beleza
arrebentasse a represa
de meus sentimentos.
Por um momento,
voltei a acreditar
em utopia,
na intensa magia
de um olhar
ou no pulsar
de dois corações.
As emoções foram entregues
e tudo o que se podia sentir
me fazia sorrir
por natureza.
Como um rio
que vira oceano
e jamais fica vazio,
que cresce com a tempestade
e se revigora com a idade.
Mas de repente,
chegou o frio.
O que era freqüente
perdeu-se no medo
e na intolerância,
o amor leve de criança
transformou-se em desconfiança
adulta e madura,
um retrocesso complexo
que busca nas curvas
as razões pra ficar pelo caminho.
E o que era dois
agora segue sozinho.
Não por falta de amor
mas pelo redemoinho
que criou-se no orgulho,
pela dor
vinculada à vaidade
e pela impossibilidade
de tirar da caverna
quem não consegue
ver a luz.
Se ainda resta cruz,
carregarei sem remorso,
mesmo na dormência do ódio
pela própria impotência.
Então, me ajoelho,
peço paciência
e perseverança.
Ainda há muitos meses pra chegar
e quando eu acordar
sei que o amor estará lá.
Hoje, amanhã
ou em um setembro qualquer.

By Cristian Ribas

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