domingo, 26 de outubro de 2014

Cem Amores num Soneto (poema)



Ao te encontrar, eu me encontro.
Ao te perder, eu me perco.
Não que seja uma mera dependência.
Talvez, uma mera conseqüência
de um amor de traços e versos.
As sílabas não se encaixam,
as cores perdem sua intensidade,
a luz perde o seu calor,
as estrelas deixam o brilho.
Não que eu me ame de menos.
É que te amo demais.
Mas, no concerto das horas,
conserto minha lua
pra refletir o teu sol.
E só, recrio um novo universo.
Sonhos delirantes,
pequenos segredos,
caminhos misteriosos
que me levam até você.
Escrevo cem amores num soneto.
Sem rimas,
apenas desejos.
Sem métricas,
apenas vontades.
E fico assim,
pairando nuvens claras,
pintando num céu de veludo,
a viagem abandonada pelos deuses
que provocou nosso desencontro.
Mas te encontro sempre.
Nos meus olhos,
no meu sorriso,
no meu peito...
Pois sou tua metade.
Nada mais que a verdade.
Pois, por mais que eu vague
pelas esquinas,
ou cruze as encruzilhadas
dos corações partidos,
é em mim que está tua paz
e nada me fará tão feliz.
Pois me completa.
Te deixo repleta.
E por mais que negue,
o tempo, nobre imortal,
nos doará um pouco de sua sabedoria
e roubará nossa ignorância.
E seguiremos inconscientes
percorrendo os caminhos já traçados,
que se cruzarão logo adiante.
Pois é do amor que nascemos.
Por ele procuramos, vagamos e sofremos.
E encontraremos o que já nos foi reservado.
Só o amor.
O amor tão só.

By Cristian Ribas

Obs: Parte integrante do livro "O Sentido dos Ventos", de minha autoria, em 2007.

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