Alan
Alexander Milne já era um reconhecido escritor e dramaturgo na década de 1920. Havia
trocado a movimentada capital Londres por uma casa de campo em Sussex, 50
quilômetros ao sul de Londres, juntamente com sua esposa, filho e babá. Procurava
inspiração, tranqüilidade, paz. O retorno das palavras, tão abundantes, que, de
algum modo, o haviam abandonado.
Milne
tinha um objetivo em mente. Atormentado por todos os fantasmas da Primeira
Guerra Mundial, queria escrever uma grande obra pacifista. Mostrar aos britânicos
o quão nociva são as batalhas e seus traumas. Pensava que tinha essa obrigação.
Carregava esse peso em seus ombros e se considerava capaz de conscientizar a
sua nação para evitar novos confrontos. E nessa busca incessante, se tornara um
vulto vagando pela casa, distante de sentimentos e sem encontrar suas respostas.
Certo
dia, sua esposa, Daphne, cansada do mau humor e isolamento do marido, resolveu
passar uns dias em Londres e disse que só voltaria quando ele escrevesse algo.
Logo em seguida, a mãe da babá ficou doente. Milne ficou, pela primeira vez, só
com seu filho de seis anos, Christopher Robin. O escritor teve que abandonar
sua solidão e, sem o menor jeito, cuidar do menino. Nos passeios pela floresta
de Ashdown, percebeu o pequeno universo de brincadeiras que seu filho
vivenciava com seus bichos de pelúcia: um urso, um burro, um leitão, um tigre,
e mais tarde, um canguru e seu filhote. A cada nova aventura que seu filho
imaginava, aumentava seu encanto. Convidou seu amigo ilustrador Ernest H. Shepard para presenciar
seu filho brincando no bosque com seus bichos de pelúcia. E assim nascia, despretensiosamente,
a considerada melhor história infantil de todos os tempos.
A.A.
Milne, preso a seus traumas de guerra, demorou a entender que, assim como ele,
todo o Reino Unido sofreu atônita com as batalhas e suas mortes. De modo
simples, havia esquecido a felicidade das pequenas coisas. E o menino Christopher
Robin com toda a turma do Ursinho Pooh (Winnie the Pooh) e seus amigos, trouxe
essa pureza e alegria de volta a todos os seus leitores.
Confesso
que nunca fui fã do Ursinho Pooh. Sempre achei o Tigrão muito louco e o
burrinho muito depressivo. Mas, ao conhecer a história de sua criação, fiquei
encantado pela sua singeleza e significado. Eu sei que a fama e o sucesso
subiram à cabeça de A.A. Milne, que houve uma exposição excessiva de seu filho
Christopher Robin que lhe trouxeram muitos traumas, afastando pai e filho, e
que a Segunda Guerra Mundial veio uma década após. Mas, me apego aos momentos
de felicidade no "Bosque dos Cem Acres". Ao instante em que o menino
trouxe seu pai para seu universo e lhe ensinou a brincar. E, principalmente,
que a paz, só tocou sua alma, quando encontrou, no sorriso de seu filho, a
grandiosidade das pequenas coisas.
Cristian Ribas
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