Sinto
um aperto no peito. Minhas mãos suam. Olho para elas e percebo um leve tremor. Fico ansioso, agitado, desconfortável. Não
consigo permanecer quieto, focado, centrado, e pensamentos angustiantes se
repetem em looping na minha cabeça. Não há como negar: estou com medo.
Confesso
que essa sensação de descontrole é desagradável. Me tenciona, incomoda e
limita. Como se eu deixasse de ser protagonista da vida, atuando em meus
próprios atos, e me tornando um mero espectador, alguém que só pode contar com
a sorte ou o bom senso alheio pra que algo ruim não ocorra. Como alguém que
joga as fichas nas cartas que estão em outras mãos. Fico em silêncio,
mergulhado na minha ansiedade, contando grãos de areia que descem em câmera
lenta por uma velha ampulheta. Mas, afinal de contas, por que tenho medo?
Creio que, o ponto de partida, é ter-se a
humildade pra reconhecer o medo. De alguma forma, esse sentimento em nossa
sociedade é subjugado, incompreendido, diminuído. É tratado como defeito de
perfil e desvio de caráter. Mas, medo não deve ser confundido com covardia. É
um sentimento instintivo. É o nosso lado "bicho" agindo com o
ambiente ou situação que nos desafia. E o que nos causa medo?
Olhando
para o espelho, num breve momento de sobriedade e clareza, meu olhar sereno
encara minhas limitações. E percebo, de forma simplista, que só se pode temer
duas coisas: o conhecido e o desconhecido (risos). Muita "hora nessa
calma". Não devemos se afligir com tudo.
O
medo do "desconhecido", de algum modo, se denota ignorância de nossa
parte. Mostra alienação, crendice e, às vezes, soberba, por não querer se
aprofundar no fato e se prender aos seus dogmas. Então, humildade e
esclarecimento sempre serão um ótimo caminho a ser seguido.
Sobre
o temor "daquilo que conhecemos", há inúmeras razões que nos
norteiam. Mas, quando se fala de sentimentos, não há dúvidas que nossas
vivências, em algum instante, tornou-se trauma. Uma ferida aberta na alma que,
com o passar dos anos, não conseguiu cicatrizar. E nós, como "bichos"
que ainda somos, acabamos nos prendendo a situações que nos machucaram e
magoamos quem não tem nenhuma culpa pela dor que nós sentimos e não conseguimos
superar.
E
como vencer o medo? Se amando, perdoando os outros e a si mesmo, compreendendo
as lições de cada situação e evoluindo. É um processo doloroso, demorado, que
exige muita coragem em reconhecer as próprias fragilidades. Olhar no espelho e
encarar a nossa imagem mais sombria e despertar a luz nela. Desenvolver a
empatia e ampliar nosso entendimento de ações, atitudes e sentimentos. E sendo
gratos por quem nos tornamos e por quem cruzou nosso caminho.
Confesso:
tive medo em não conseguir completar esse texto. Mas, com uma palavrinha aqui, outra
ali, ele foi se encaixando. Desejo que, quem chegou até aqui, colha bons
fluídos. E não tema em seguir evoluindo.
Cristian Ribas
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