quinta-feira, 4 de setembro de 2014

O Racismo em Cada Um de Nós

                     Minha Babá e Eu


   Em março deste ano, no jogo entre Esportivo, de Bento Gonçalves, e Novo Hamburgo, o árbitro Márcio Chagas da Silva foi vitimado por atitudes racistas, como ofensas e bananas em seu carro. Ao ver aquela situação, fiquei chocado. E minha primeira atitude foi pegar o telefone e ligar para meu "irmão" de mais de 20 anos Vinicius Machado Ferreira, e lhe pedir perdão pois, no seu aniversário, em 1994, dentro da caixa do tênis que ele queria, eu coloquei um cacho de banana. Ele disse que, na época, não viu maldade e que não tinha do que me desculpar. E realmente, não a tive. Mas pude compreender, de fato, como o racismo funciona.
   O filósofo holandês Espinoza escreveu que "somos o resultado do ambiente em que vivemos". Logo, nosso modo de pensar, agir e sentir é decorrência do que nossos antepassados vivenciaram e construiram. E aprenderam. E o preconceito é um contexto inserido nesse conceito. Então, chega-se a conclusão de que ninguém nasce racista, mas aprende a sê-lo.
   Minha avó materna era negra. Minha babá era negra. Uma das famílias de amigos que mais amo são de negros. É óbvio que eu não sou racista. Mas, por que eu dei um cacho de bananas? Simples. Porque, desde que nasci, certas atitudes racistas, como também homofóbicas, nos são passadas como naturais ou normais. Mas, com o passar do tempo, trabalhando a empatia se descobre que isso é irracional e inaceitável.
   Chego nesta conclusão pra dizer que a menina torcedora do Grêmio que está sendo execrada pela mídia por ter chamado o goleiro do Santos, Aranha, de macaco, não é racista. Ela só é incapaz de reconhecer que, aquilo que lhe foi passada como 'normal' na sua formação, fere os sentimentos de outras pessoas pelas chagas sociais de um povo.
   Conclusão: são poucos os racistas neste país miscigenado. Porém, a grande maioria da população não se dá conta que o preconceito está incutido em suas ações.
   Solução? Educação e humildade. Olhar dentro de si e reconhecer até onde estamos infectados com este mal.

   Eu estou trabalhando isso em mim. E você? É capaz?
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário