quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Yom Kippur, Pink Floyd e Vinho Seco (Mestre Deco)


   Após comer como um condenado, aguardo a cafeteira velha de guerra faça seu trabalho. Enquanto o aroma do café passeia pela casa e estimula meus sentidos, deixo o noticiário destilar as crises do dia-a-dia.
   Ao ver que, finalmente, Hammas e Israel assinaram um cessar-fogo por tempo indeterminado. Ao ver à distância tanta intolerância e violência, dá vontade de juntar os líderes muçulmanos e judeus numa roda de chimarrão, baixar uma costela uruguaia bem gorda e sair Brasil à fora pra sentir a paz nas práticas religiosas em nosso país.
   Falando sobre essa região, sou obrigado a comentar sobre um outro grande "Mestre" que cruzou meu destino: Evaldo Coimbra, o "Mestre Deco". Um homem carismático, bonachão, sempre de bem com a vida, disposto a colocar um prato a mais na mesa. Descendente do zagueiro da Copa de 1934, Luiz Luz (primeiro gaúcho a disputar um mundial). Pai de quatro filhos, entre eles meu grande "irmão de banda", Rafinha. Um grande conhecedor de política, guerras e história. Uma prateleira cheia de raridades, das quais eu li sobre a Guerra do Yom Kippur (entre Israel, Síria e Egito), Abusado (livro fantástico do Caco Barcelos sobre o tráfico no RJ), um dossiê sobre o ex-presidente argentino Juan Perón, e a "bíblia" dos historiadores sobre o século XX, "A Era dos Extremos" de Eric Hobsbawm. Em época de eleições, ele me ensinou um princípio básico da política: "tu já viu um regime comunista democrático?" E que se não fossem os soviéticos em Kursk, todos estariam aprendendo alemão na escola. Rsrsrs
   Além do conhecimento literário, sempre que se chegasse à sua casa, um vinil fazia a trilha. A base era Pink Floyd, Led Zeppelin, Deep Purple, ou qualquer outro clássico do rock. Independente se ele estava pilotando as panelas ou nos desafiando em grandes embates futebolísticos no videogame. E ele sempre com a Alemanha, com sua tática "blitzkriege".
   Como a base da minha criação foi mórmon, com o Deco que aprendi a beber. Sempre havia um bom vinho seco à espreita, pra comemorar o simples fato de estarmos vivos. E também, com seu exemplo, aprendi o valor da fé e da paciência em seus objetivos.
   Hoje, Mestre Deco bronzea seu vasto abdômen e bochechas na bela Fortaleza onde constituiu uma nova família. No início do ano, quando esteve no pampa, não pude reencontrà-lo. Mas sabe que, mesmo à distância, tem um grande amigo com quem pode contar.

   Obrigado por tudo, Mestre! E hoje, beba um bom vinho por mim torcendo pelo nosso Imortal Tricolor.


2 comentários:

  1. Dom Ribas, quem disse que o tunel do tempo não existe, as palavras e atos nos fazem viajar, ter boas e mas lembranças, agora uma boa lembrança de bons momentos aparece do nada e vem a vontade da conversa, do fute de domingo, dos games, da janta com os amigos, etc....
    Valeu, Fortaleza esta aqui a sua disposição regado a um bom vinho seco.
    Apareça voce e familia (parabens)
    Abraços

    ResponderExcluir
  2. Não saberia descrever tão bem o meu velho!


    Vlw ribas!

    ResponderExcluir