terça-feira, 12 de agosto de 2014

Grenal 402 - A Derrota da Civilidade

   Tivemos Grenal no último domingo em Porto Alegre. No primeiro clássico do novo Beira Rio, vitória colorada por 2x0. Natural pelos últimos anos. Mas, como alguém que presenciou alguns destes embates in loco, fiquei entristecido por ver algo além das quatro linhas.
   Minha esposa é colorada e, como se diz na fronteira do Rio Grande do Sul, sou gremista de quatro costados. Nem por isso, brigamos. Aliás, na final do campeonato gaúcho, eu e meu primo Marcelo (também gremista) fomos pra cozinha fazer cueca virada, enquanto minha esposa e a dele, Fabi (coloradas!!!), vibravam com a vitória alvirrubra. Após o jogo, tomamos um maravilhoso café. Onde quero chegar?
   Após uma Copa do Mundo fantástica, de torcedores caminhando juntos pelas ruas e vibrando nas arquibancadas, voltamos a trágica realidade do futebol brasileiro. O Grêmio teve direito a apenas 1.300 ingressos para o clássico. Bem diferente das décadas anteriores, quando os estádios eram divididos entre 60% e 40%. E bem abaixo dos 10% do Estatuto do Torcedor. Esses poucos torcedores, como não bastasse, saem de um ponto de encontro e vão até o estádio escoltados pela Brigada Militar. Passam por um brete pra não cruzaram com os torcedores do mandante. Mas, mesmo com todos esses cuidados, houve briga. Batalha campal. Feridos. E, por esse motivo, o que se vislumbra no próximo ano, é que os confrontos que se realizarão em Porto Alegre, segundo as intenções da Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul, é termos jogos com "torcida única".
   Onde quero chegar? É que chegamos na involução. Nossos conceitos de sociedade, de convivência, de respeito ao próximo, de percepção dos sentidos e sentimentos alheios, se perderam. E o pior de tudo, é que achamos normal. Quando o maior representante da Segurança Pública desiste, dizendo que colorados e gremistas não podem ocupar o mesmo espaço na simples prática esportiva, o que dizer do resto? Temos que refletir sobre o que está acontecendo. Pois o problema não são os gremistas, os colorados, os corintianos, os santistas, os cruzeirenses ou atleticanos. O problema são os marginais que se infiltram num grupo e se consideram "anônimos" perante as leis e suas prerrogativas, sempre saindo impunes de seus atos. E, em vez de reconhecer e punir os transgressores, lava-se as mãos e curva-se à barbárie, dizendo que não há mais nada a ser feito.
   Inaceitável. Inconcebível. Porém, se as autoridades não se impõem, se as leis favorecem mais aos infratores do que as vítimas, se nós, como sociedade, desprezamos os professores e permitimos que as crianças façam tudo numa sala de aula. O que esperar de uma sociedade permissiva?
   Aliás, como me considero um bom gremista, mas como meus posts anteriores já demonstraram, sou um amante do futebol. Por isso, condeno com veemência os cânticos que algumas pessoas de má índole vestidas com a camisa do Grêmio fazendo referência à morte recente de Fernandão, um dos principais ídolos colorados. Foi deplorável.
   A grandiosidade da Copa do Mundo, de alguma forma, demonstrou a mediocridade do nosso futebol. E de nossa sociedade. Está faltando rigor e coragem. Ainda estou na ressaca do mundial. E pelo que presencio, vai demorar a passar.  
   

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