segunda-feira, 27 de março de 2017

Terra Sem Nomes (Poema)







Te encontro pela rua, 
no contorno de loucura
que mantém minha sanidade
enquanto a saudade
não tem cura.
Te vejo nas torres
que cortam o céu,
nas luzes
que rasgam o breu,
nos discos
que eram tão seus
e se tornaram
tão meus.
Vago como 
um deus mau humorado,
de trovões calados
e tempestades secas,
que desenhou o arco-íris
com tuas cores.
E nessa terra sem nomes,
colho os amores
que plantei na solidão.
E em teu coração
brotará
das lágrimas da chuva
o que só eu
pude te dar.

by Cristian Ribas

quinta-feira, 23 de março de 2017

Idiossincrasias (Poema)







Vou servir o vinho
pra abrir o caminho
que me leva
ao teu desejo.
Vamos criar teorias,
destilar filosofias,
libertar ironias,
desafiar idiossincrasias
enquanto disfarçamos
as vontades.
Jogo teu jogo
com liberdade,
deixando a verdade
exalar em teus poros.
Sinto teu cheiro inebriante
como um flagrante
de minha devoção.
Olhar, pernas, cabelo.
Quando me dou por conta,
me agiganto de joelhos
ao beijar teus pés.
E enquanto a noite brilha,
toco tua sinfonia
até o dia
não ter hora
pra acordar.

by Cristian Ribas

terça-feira, 21 de março de 2017

Teu Ser (Poema)






Adoraria
viajar no teu ser,
mesmo sem saber
qual seria o destino.
Me perder
em teu olhar
e encontrar 
teu infinito.
Acelerar 
em tuas curvas
e descansar
em teu íntimo.
Descrever 
o relevo montanhoso,
surpreender
o coração rochoso
e renascer
a cada nova manhã
em teu abrigo.
Mergulhar
no teu rio
e te provocar
calafrios
a cada anoitecer.
E antes de adormecer
te pedir
pra ficar comigo
enquanto sigo
teu prazer.
Pois, já está tarde
pra saber
onde começo eu
e termina você.

by Cristian Ribas 

segunda-feira, 20 de março de 2017

Quando Tudo Deu Errado (Poema)







Sei que é difícil
amadurecer.
Compreender
que o perto
se torna deserto
se tua vontade
anda distante.
É meu coração errante
deixando flagrantes
que segue ignorante
mas não se nega
em aprender.
Está adiante
dos olhos, 
dos fatos
e dos medos,
o brilho que soterra 
anseios
e descansa em coragem
quando a paisagem
parece eterna.
Mas sempre haverá
mudanças
quando sabedoria
e esperança
são companheiras.
Então, obrigado
quando tudo deu errado
e pelo tempo
que esteve
ao meu lado. 

by Cristian Ribas

P.S.: Inspiração veio ao som de "Where Did It All Go Wrong", do Oasis.

sexta-feira, 17 de março de 2017

Cemitério dos Sonhos Perdidos (poema)











Você chegou sem avisar
e partiu sem deixar
eu te admirar
pela última vez.
Assim, 
me vejo novamente
nesse lugar,
fazendo o tempo parar
tão de repente.
Vago pelo cemitério
dos sonhos perdidos,
onde deixo escondido
meus desejos esquecidos.
Mas sempre lembro
do teu sorriso,
do teu abrigo
e do teu sossego.
Um amor real
entre fantasias,
um presente de nostalgias
que deixa o hoje
diferente.
E entre ausentes,
sinto tua companhia,
por mais fria
que possa parecer
a realidade. 
Sigo aquecido
por tocar teu íntimo
e guardar a saudade.
Se não durou
o tempo que 
eu esperava
ou não foi como 
eu desejava,
sempre serei grato
por percorrer
um trecho
da tua estrada.

by Cristian Ribas

segunda-feira, 13 de março de 2017

Offline (poema)






Não me procure 
nas redes sociais
Somos mais 
do que postagens
em paisagens
que não admiramos
pra saber
o que os outros
estão pensando.
Nós somos a viagem,
as curvas,
as bagagens
e não as bobagens
que se insultam
por nada.
Somos a estrada
e o silêncio,
o amor
e o pensamento,
a expansão 
e o fragmento.
Não somos binários,
querendo demonstrar
aos ordinários
qual a felicidade
é a mais verdadeira.
Deixamos de viver
pra postar,
só pra agradar
quem não se importa
com a gente.
E nessa era
de cliques displicentes,
vamos ser diferentes.
Apenas me dê a mão,
apague a luz 
e sigamos em frente.
Pois a verdadeira felicidade
sempre estará
offline.

by Cristian Ribas

Te Estranho (poema)




Te estranho.
Ao acordar em teus sonhos
e adormecer em abandono.
Ao pintar tua noite sagrada
e amanhecer profano,
transformando a certeza
em sutil engano.
Te estranho
quando teu silêncio
me devora as palavras
e tua beleza rara
fala por si.
Te estranho
ao admitir 
que não quero nada
mas desejo tudo,
sob a luz acesa
ou no infinito escuro,
desbravando teu mundo
dividido.
Te estranho
por ser meu abrigo
e vagar comigo
sem rumo.
E se isso for destino,
te chamo.
Pois o amor é eternidade
mesmo que acabe
com o passar
dos anos.

by Cristian Ribas

domingo, 12 de março de 2017

Teu Desenho (poema)




É difícil descrever
o que está em mim
e ainda pertence 
a você.
Como caminhar
com seus passos
em meu rastro
inexistente.
Querer ser coerente
e ter pela frente
a sua loucura.
Assoviar tua canção
que não sai da cabeça
imaginando a sentença
da minha solidão.
Carregar teu sarcasmo
em meu riso raso
quando os fatos
me apagam
em teu desenho.
E quando tudo é partida,
eu venho,
em tom de despedida,
dizer que você
ficará 
e não sairá
de mim.

by Cristian Ribas

sábado, 11 de março de 2017

Mais Perto (poema)




Sob o efeito da febre,
acuado como uma lebre,
me enrolo nas cobertas
pra cobrir a ferida aberta
da solidão em meus devaneios.
Na realidade que me confunde,
na verdade que me ilude,
deixo meu corpo enfermo
plantando em meu ermo
um pouco de glória e valentia.
É apenas mais um dia
que eu preciso de vigília,
de olhos atentos,
de coração aberto
e mãos que me cuidem.
Hoje, não quero ser forte.
Mesmo contando com a sorte,
escondo minha coragem
pra receber alguma bondade
e um pouco de atenção.
Apenas queria teu coração.
Poder apertar tua mão,
nessa manhã que me desperta,
e na hora certa
te sentir
mais perto.

Cristian Ribas

O Continente (poema)





Me deixe apagar a luz.
Vou encostar a porta
e levar todas as respostas
que troquei pela minha cruz.
Não posso viver de lamentos,
carregar pelo tempo
uma visão egoísta
da minha própria existência.
Não sou mais coadjuvante.
Me tornei protagonista,
improvisando textos,
remendando os erros
e sorrindo.
Mesmo sem ouvir
o que desejo,
mesmo sem ganhar
o que busco
e percebendo,
que nos músculos,
não está minha verdadeira força.
Recebo o que preciso.
Sofro só quando insisto
em não aprender com o destino.
Deixo que rolem os dados,
que joguem as cartas,
que dobrem o fardo
sobre meus ombros cansados.
Nada é por acaso.
Meu destino é livre,
meu caminho é largo,
minha cores são vibrantes
e meu amor
não é mais ilha.
Sou continente
anexando tua solidão.

by Cristian Ribas

quarta-feira, 8 de março de 2017

Leniência (poema)






Tenho paciência.
Entre sonhos e reverências,
distância e penitência,
atração e coerência.
Estou naquela indecência
que provoca teu sorriso
e na leniência
que afaga teu espírito.
Estou na esperança
que quebra a resistência
e na crença
que substitui a ausência
quando tudo parecia
perdido.
Estou naquele destino
que não se traça,
que se perdeu no mapa
até encontrar 
teu peito.
E como desejo,
renasço,
no teu abraço
que aguardo
até ser teu.

by Cristian Ribas 

segunda-feira, 6 de março de 2017

Coalizão (poema)




Enquanto a luz
se apaga,
seu corpo fala
por nós dois.
Na forma 
como me conduz
sem medos,
que abre lentamente
seus segredos
e me deixa
mergulhar
em teus desejos.
Passa pelo arrepio
de cada fio
de seus pelos.
Pelo incontrolável movimento
do passeio de meus dedos
pela tua pele. 
E pela respiração ofegante
por me sentir delirante
em teu ventre.
Somos a coalizão do universo,
a fusão dos incertos
que torna tudo perfeito
na explosão dos sentidos.
E enquanto flutua,
fica comigo.
Na serenidade mais pura
que a eternidade levou 
do momento.

by Cristian Ribas

sábado, 4 de março de 2017

Florescer (poema)




É difícil admitir
que não estarei
quando você partir.
E caso você voltar,
saberá que aqui
não é mais o seu lugar.
Já retirei os quadros,
troquei os retratos,
pintei o quarto
sem tuas cores.
Ignorei as dores
ao plantar flores
e criar amores
pra te esquecer.
E no final,
encontrei a mim
sem saber
quem era você.
Nesse jogo de esconder,
só restou florescer
sem a semente
que a gente
plantou.

Cristian Ribas

sexta-feira, 3 de março de 2017

Surpresas (poema)





Admiro seu cabelo,
defronte ao espelho
onde teu sorriso
não consegue disfarçar
o desejo 
em cada olhar.
Vou ignorar a chuva
que encharca minha blusa
só pra te ver passar
e rir dos tropeços
que me levam 
a te alcançar.
Mesmo se o trem
não tiver ar
e eu suar
em cada fragrância.
Mesmo se não souber costurar
e precisar remendar
qualquer lembrança
ou cozinhar a janta
e lavar a louça
pra te agradar.
Pode me pagar
com seus beijos
e a forma desastrada
que a vida apresenta
suas surpresas.
E quando a noite chegar,
estarei lá
com minhas indecências
te fazendo sonhar 
acordada.


Cristian Ribas