terça-feira, 10 de junho de 2014

A Maior Tragédia da (Minha) História do Futebol de Botão

A minha infância sempre foi muito simples. Meus brinquedos eram poucos, mas envolviam duas grandes paixões, que me acompanham até hoje: futebol e fórmula 1. Logo, graças a uma dessas paixões, automaticamente, um brinquedo sempre se destacava: meus times de botão.

Na garagem de casa, sempre organizávamos grandes campeonatos. Normalmente, os torneios eram de pontos corridos e de denominavam de “Copa Fruki”, pois fazíamos vaquinha e o prêmio era 3 garrafas de Guaraná Fruki para o primeiro colocado, duas garrafas para o segundo e uma para o terceiro. Normalmente, eu dividia uma das minhas, pois fui tricampeão. Rsrsrs Os campeonatos aconteciam entre oito e dez participantes. Mas, outra hora eu descrevo mais sobre isso.

Eu tenho uma diferença de 13 anos para minha irmã, Francielle. Então, por ser mais velho, como boa caçula, era queria logo o que não lhe pertencia. Adivinha o que era: meus botões!!! Coloridos, redondos, adesivados, seus olhinhos brilhavam a ver meus craques e suas mãozinhas faziam movimentos de apertar para pegá-los. Eu, querendo preservar as principais equipes, dava alguns botões de times incompletos ou “puxadores”, botões mais resistentes. Mas, um dia, algo terrível aconteceu...

Quando eu tinha 14 anos, em muitos finais de semana, eu viajava até minha terra natal, Guaíba, para visitar minha avó e meus primos. Eu morava em Gravataí. Uma distância de 40 km entre as duas cidades. E eu sempre fui muito organizado com meus times de botão. Eu tinha três caixas: uma para times brasileiros, outra para clubes estrangeiros e, a última, para seleções. Por motivos óbvios, os guardava em cima do roupeiro. Então, no retorno de um final de semana, nujma fatídica segunda-feira, me deparei com uma cena aterradora, que ainda hoje mancha minha retina. Era a minha caixa com as seleções, com os botões espalhados pelo carpete. Diego Maradona partido ao meio. Zico em gemidos com seu adesivo rasgado. Platini quebrado em vários pedacinhos. Rummenigge desaparecido no maior “botonicídio” já visto na (minha) história do futebol de botão.

Após um momento absorto pelo ocorrido, numa investigação minuciosa, descobri que, para cessar o choro intempestivo da minha irmã, meu ex-padrasto foi ao meu quarto e pegou uma das caixas. Diz a lenda que o pranto parou na hora, e que minha irmã, de tamanha felicidade, no alto de seus dois aninhos de idade, parecia uma “pequena Godzilla” destruindo Tóquio, pisoteando os maiores craques de todos os tempos. Van Basten, Carlos Manoel, Tardelli, Gerets, Francescolli, Breitner, Butragueño, Laudrup. Não sobrou ninguém.
No final das contas, como eu sempre comprei a Revista Placar e colecionava seus escudinhos, meus times de botão se transformaram em times estrangeiros. Foi o único brinquedo que guardei da minha infância. O resto, graças ao bondoso coração de minha mãe, Dona Cleusa, doamos.

Um pouco antes da Copa de 2010, ao descobrir os sites de escudinhos, acabei retomando minha antiga paixão. E refiz minha coleção de times de botão. Hoje, tenho 48 seleções, incluindo União Soviética, Iugoslávia, Tchecoslováquia e Alemanha Oriental, pra ver como sou velhinho!!!


Hoje, minha irmã está adulta, linda, e me presentou com uma afilhada tão linda quanto ela, que sempre que recebo sua visita, jogo botão com ela. Mas, ainda cobro da Dona Francielle Ribas as vítimas da grande tragédia da “pequena Godzilla”. Espero que, após 23 anos desta hecatombe, ela se comova com a Copa e me presenteie com Ribery, Hazard, Cristiano Ronaldo, Pirlo e  Iniesta. rsrsrs

Minha afilhada Thaíza, minha irmã Francielle (a pequena Godzilla!!!) e minha mãe, Dona Cleusa.



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