quarta-feira, 21 de maio de 2014

Figurinhas da Copa - A Criança Que Está em Cada Um de Nós

Troca de Figurinhas na Av. Sete de Setembro - Praça da Alfândega/Porto Alegre 

Troca de Figurinhas na Av. Sete de Setembro - Praça da Alfândega/Porto Alegre 


Brasil Completo - A Última Figurinha foi a 33

   Me aproveitando de minhas merecidas férias neste mês de maio (queria que fosse na Copa!!!), consegui completar meu álbum da Copa 2014. Mas, a satisfação não está no álbum em si, e sim, no modo como o álbum se completa e nas pessoas que cruzam nosso caminho com o mesmo propósito. 
   Fui a um ponto de encontro diário para troca de figurinhas no centro de Porto Alegre. E minha surpresa foi que, assim como eu, haviam crianças de todas as idades no local. Crianças de 20, 30, 40, 50, e até com mais de 80 anos. Como é no centro da cidade, as pessoas fogem do trabalho pra buscar as figurinhas faltantes. Lá, ouvi muitas frases clássicas:

- Putz, está acabando meu intervalo e eu nem almocei. (de um carteiro uniformizado)

- Vou ter que inventar uma missão pra explicar meu atraso no quartel. (um soldado fardado do Exército)

- Fiscal de figurinha!!! Fiscal de figurinha!!! (de um senhor relembrando os tempos de infância, que os maiores davam tapa nas mãos de quem estavam com as figurinhas, e as mesmas voavam.)

- O meu álbum eu já completei. Estas figurinhas são para meus netos. (de uma senhora)

- Eu poderia trocar figurinhas com o senhor. (frase de um senhor de mais de 80 anos querendo trocar figurinhas comigo)

E a melhor de todas:

- Só troco brilhante por brilhante. (De um senhor que só trocava escudo de seleções cromadas por outros escudos)

Depois de muitas trocas, muita pesquisa e incomodar muita gente, ontem consegui a última figurinha: n* 33 - Time do Brasil. Após o momento de extremo contentamento, comemoração e satisfação, veio um doce amargo de lamúria de saber que, um momento como esse, só daqui a quatro anos. E ver com pesar que algumas pessoas (e governantes) não compreendem que a magnitude de uma Copa do Mundo não está nos estádios, mas sim, na paixão que desperta a criança que está adormecida em cada um de nós. Ver pessoas de todas as idades que, pelas obrigações da rotina, passam por você com a cara fechada, estressados pelas exigências da vida moderna, sorrindo entre estranhos e pedindo humildemente para ver se alguém tem o distintivo da Argélia ou o atacante do Irã. Num mundo de "redes sociais" e "aplicativos", isto parece um milagre, pois aproxima gerações e famílias num mesmo objetivo, com pureza e ludicidade.

Mas, como minha criança é teimosa, sigo na luta, de olho em quais figurinhas meu primo Marcelo, meu cunhado e amigos precisam. Afinal, a vida é simples. A gente é que complica.



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